sexta-feira, fevereiro 28, 2003

Academia e incentivos ou "Faça sua mãe feliz com a Teoria Econômica" (sim, isso é possível!)

Minha mãe faz hidroginástica numa academia. Bem, ela passará por uma operação nos próximos dias e resolveu ligar para lá e pedir para pagar menos pois só poderia ir a algumas sessões.

Ok, todo (ou quase todo) aluno de Economia já deve ter ouvido falar da prática de empresas de aviação: deixar sempre uns assentos vagos para serem negociados com passageiros de última hora.

Acho que já vi este mesmo exemplo, inclusive, no livro do Mankiw.

Mas, voltando ao caso da minha mãe: a funcionária foi taxativa com ela. Não, não era possível isso.

Ela veio a mim se queixar. Dizia que era antiga cliente e tal e eu lhe disse que o que mais me espantava era o fato de que um empresário poderia estar realmente querendo ganhar zero reais num mês ao invés de algum real. Isso é racional?

Decididamente não, né?

Então, onde está o problema? Bem, antes que algum aluno de economia resolva fundar uma seita - tamanha a decepção com as teorias que estuda - deixa eu dizer uma coisinha. Existe um conceito, na teoria microeconômica moderna, chamado agente-principal. Basicamente, estamos preocupados com a estrutura de incentivos vigente. Um exemplo: se sou dono de academia e não incentivo (financeiramente) minha secretária a barganhar com os clientes (e.g.: "você pode ganhar 5%" ou "você pode ganhar um bônus de X reais", etc), não há motivos para que ela barganhe.

E foi o que aconteceu com minha mãe. Bem, eu a convenci de que não fazia sentido o que ocorria. Moral da história: ela ligou de novo e fará suas cinco aulinhas antes da operação.

Taí um bom uso da Teoria Econômica: ajudar a mãe a ser mais feliz.