quinta-feira, fevereiro 13, 2003

Discórdia entre economistas

Muita gente já riu a beça da piada de que se Keynes estivesse numa sala com mais dois economistas, você teria, pelo menos, quatro opiniões distintas.

Embora o leigo tenha essa opinião sobre os economistas, é bom lembrar as sábias palavras de Hirshleifer em seu livro-texto - que já citei esta semana: "...é fácil sobreestimar a extensão na qual as opiniões dos economistas diferem. Controvérsia dá notícia, consenso, usualmente não. A grande maioria dos economistas concorda, por exemplo, que controles de preços geram escassez de oferta de produtos, que o comércio livre promove a divisão internacional do trabalho, e que um uso excessivo na impressão de dinheiro traz inflação. Mais importante, o desacordo é essencial se a ciência é algo que avança. Em astronomia, o modelo geocêntrico de Ptolomeu foi contraposto ao modelo heliocêntrico de Copérnico (...). Não é o acordo universal que caracteriza uma ciência, mas pelo contrário, o desejo de examinar a evidência. Tópicos importantes de economia (e.g., a hipótese monetarista versus fiscalista em macreconomia e a eficácia do planejamento central para o crescimento econômico) estão sob contínua reavaliação à luz das evidências. Economistas podem continuar a discordar, talvez porque os problemas sejam mais complexos ou porque os pesquisadores não possuem conhecimento suficiente, mas sempre existirão itens não resolvidos em qualquer ciência viva".

Trecho grande, né leitor? Mas eu acho que Hirshleifer tem razão. Para os alunos de economia que por acaso caíram nesta página, eis aí um motivo para pensarem melhor antes de criticarem a Ciência Econômica.

Por outro lado, ciência também não é vale-tudo, embora exista, sim, um mercado de idéias com teorias concorrentes, barreiras à entrada, concorrência imperfeita...xiiiiii..complicou de novo...