Ainda a greve de ônibus
Outro dia eu falei da greve dos motoristas de ônibus em BH. Bem, cá estou de volta com o mesmo tema. Para refrescar a memória, resumo meu argumento:
1. A propaganda dos sindicatos é de que lutam contra os patrões por melhores salários.
2. Se isso é verdade, deveríamos observar táticas grevistas que prejudicassem os patrões. Contudo, o que se observa não é uma política de liberação de catraca, mas sim de lentidão de serviços.
3. O órgão regulador, a BHTRANS, é, na verdade, quem resolve isso, dado que o transporte público em Belo Horizonte é regulado por ela.
Pois bem. Eu achava que a greve havia acabado. Contudo, acabo de ver a notícia na TV. Aparentemente, de forma planejada ou não (but I bet it is), as greves estão sendo "divididas" ou "regionalizadas" por áreas da cidade.
Explico. Um dia você dificulta a vida de quem mora na região A, depois de alguns dias, na região B, etc.
Existe racionalidade nisso? Bem, a má notícia é que pode haver uma sim. Basta pensarmos no que é o transporte coletivo. Em termos econômicos, é um bem com características de bem público. Assim, a tendência que seja ofertado por mecanismos outros que não o mercado é alta. Tanto é assim que existe uma BHTRANS e não apenas empresas e empregados.
Mas há mais. Bens públicos são complicados quando se pensa em análise de custo-benefício (a única coisa que nos distingue - economistas - do resto do povo da universidade...). Custos e benefícios em economia adquirem novo formato quando se trata de bens públicos. Existem determinados bens cujos custos são dispersos e os benefícios concentrados e, claro, temos o caso contrário.
E como isso tudo entra na greve dos motoristas? Bem, ocorre que uma greve global, de uma só vez, em toda a cidade, gera muito mais reclamação dos cidadãos do que se o motorista grevista a fizer em sua área de atuação. Vale dizer: os grevistas são agentes racionais. Eles estão minimizando o tamanho absoluto da oposição a sua greve (a população) procurando não dispersar os custos (da greve) para todos de uma só vez o que geraria muito mais reclamação.
Note que é mais difícil para a população perceber o que ocorre. Por que? Pense em cada bairro como uma ilha. Dispersar a população por ilhas é o mesmo que dizer que adquirir informação custa tempo e, portanto, nem todos se informam com a mesma rapidez sobre o que se passa. Assim, a informação assimétrica é usada em benefício dos grevistas. (ok, a TV minimiza este efeito, mas assistir TV tem um custo...por isso você não a vê integralmente no dia anterior à prova...)
Claro, uma forma de corrigir isto seria a imprensa divulgar estes fatos. Como o cidadão comum também é racional, logo ele perceberia a estratégia. O sujeito pode não ter o segundo grau, mas não é burro. E é por isso que eu digo: pobre ou rico, ninguém dá tiro no próprio pé sem que o queira (tirando, claro, a hipótese de acidentes...)
Outro dia eu falei da greve dos motoristas de ônibus em BH. Bem, cá estou de volta com o mesmo tema. Para refrescar a memória, resumo meu argumento:
1. A propaganda dos sindicatos é de que lutam contra os patrões por melhores salários.
2. Se isso é verdade, deveríamos observar táticas grevistas que prejudicassem os patrões. Contudo, o que se observa não é uma política de liberação de catraca, mas sim de lentidão de serviços.
3. O órgão regulador, a BHTRANS, é, na verdade, quem resolve isso, dado que o transporte público em Belo Horizonte é regulado por ela.
Pois bem. Eu achava que a greve havia acabado. Contudo, acabo de ver a notícia na TV. Aparentemente, de forma planejada ou não (but I bet it is), as greves estão sendo "divididas" ou "regionalizadas" por áreas da cidade.
Explico. Um dia você dificulta a vida de quem mora na região A, depois de alguns dias, na região B, etc.
Existe racionalidade nisso? Bem, a má notícia é que pode haver uma sim. Basta pensarmos no que é o transporte coletivo. Em termos econômicos, é um bem com características de bem público. Assim, a tendência que seja ofertado por mecanismos outros que não o mercado é alta. Tanto é assim que existe uma BHTRANS e não apenas empresas e empregados.
Mas há mais. Bens públicos são complicados quando se pensa em análise de custo-benefício (a única coisa que nos distingue - economistas - do resto do povo da universidade...). Custos e benefícios em economia adquirem novo formato quando se trata de bens públicos. Existem determinados bens cujos custos são dispersos e os benefícios concentrados e, claro, temos o caso contrário.
E como isso tudo entra na greve dos motoristas? Bem, ocorre que uma greve global, de uma só vez, em toda a cidade, gera muito mais reclamação dos cidadãos do que se o motorista grevista a fizer em sua área de atuação. Vale dizer: os grevistas são agentes racionais. Eles estão minimizando o tamanho absoluto da oposição a sua greve (a população) procurando não dispersar os custos (da greve) para todos de uma só vez o que geraria muito mais reclamação.
Note que é mais difícil para a população perceber o que ocorre. Por que? Pense em cada bairro como uma ilha. Dispersar a população por ilhas é o mesmo que dizer que adquirir informação custa tempo e, portanto, nem todos se informam com a mesma rapidez sobre o que se passa. Assim, a informação assimétrica é usada em benefício dos grevistas. (ok, a TV minimiza este efeito, mas assistir TV tem um custo...por isso você não a vê integralmente no dia anterior à prova...)
Claro, uma forma de corrigir isto seria a imprensa divulgar estes fatos. Como o cidadão comum também é racional, logo ele perceberia a estratégia. O sujeito pode não ter o segundo grau, mas não é burro. E é por isso que eu digo: pobre ou rico, ninguém dá tiro no próprio pé sem que o queira (tirando, claro, a hipótese de acidentes...)
<< Home