domingo, março 16, 2003

O que é que importa, afinal? ou "A preguiça como herança cultural"

O Leo colocou, outro dia, um post sobre uma ilhota. Pouca gente comentou, mas a questão dele aparece sempre na literatura de desenvolvimento econômico com tempero novo-institucionalista.

Aliás, antes do sucesso do Plano Real, muita gente dizia que o Brasil jamais escaparia do problema inflacionário por causa da nossa cultura. Ok, cultura é importante como Bin Laden nos ensina. Mas existe um certo exagero em muito do que se fala por aí. Para que a cultura seja algo cientificamente relevante, então temos de saber seus limites, ou então ele explicará qualquer coisa.

O que você diria se lesse este trecho: "My impression as to your cheap labour was soon disillusioned when I saw your people at work. No doubt they are lowly paid, but the return is equally so; to see your men at work made me feel that you are a very satisfied easy-going race who reckon time is no object. When I spoke to some managers they informed me that it was impossible to change the habits of national heritage".

Bonito, né? A cultura é tão forte que, para os entrevistados pelo autor do trecho acima, nada pode ser feito para mudar sua influência.

É como ouvir o pessoal dizendo: "não adianta baixar a oferta de moeda, a inflação não cairá"....

Bem, o trecho acima diz respeito ao Japão no início do século XX. Ele está citado em vários textos (eu peguei um deles, claro) e a lição mais importante que ele pode ensinar é que há limites para este papo conformista de que é tudo culpa da cultura.