Preferências mudam?
Outro dia discutimos aqui a questão do Mirabel. O Leo, eu e mais um monte de internautas (um monte? Bem, nem tanto...;-)) ficamos tentando entender belas questões teológicas sobre o Mirabel e nossa infância.
Claro que um dos pontos da discussão foi um baseado numa opinião incorreta que muito leigo costuma usar para explicar tudo em Economia. Trata-se de uma explicação que chamarei de falácia da mudança de preferências.
Esta falácia pode ser resumida na seguinte frase: se o consumidor escolheu o bem X ao bem Y, isto se deveu à mudança de preferências.
Esta versão, simplificada, é facilmente rebatida por qualquer livro-texto de microeconomia. Afinal, preferências não mudam, o que muda é a cesta de equilíbrio demandada. E por que ela muda? Porque mudam os preços e/ou a renda do consumidor.
Mas isto, caro leitor, não significa que as preferências de todos sejam iguais e nem que elas não possam mudar. O problema é que medir isso não é uma tarefa trivial. O pessoal defensor da falácia raramente te mostra como medir, numa mudança de cesta de consumo, a mudança de preferência, isolando-a de efeitos como os efeito-preço ou renda.
Se você quer saber mais sobre como poderíamos destrinchar mais ainda as preferências das pessoas, então talvez você goste deste texto:
Stigler-Becker versus Myers-Briggs: Why Preference-Based Explanations Are Scientifically Meaningful and Empirically Important -
Forthcoming in the Journal of Economic Behavior and Organization.
Abstract:
Economists typically object to preference-based explanations of human behavior; differences in preferences "explain everything, and therefore nothing." But this argument is only correct assuming that no empirical evidence exists to discipline preference-based explanations. In fact, over the past decade, personality psychologists have produced a robust collection of stylized facts about human preferences. While preferences are, empirically, quite stable, they are far from identical, and have proven predictive power for economically interesting variables. The empirical challenge for future research is to jointly estimate the impact of preferences and constraints to obtain unbiased measures of their relative importance.
Aliás, só para não fechar este "post" sem uma piadinha, é sempre legal pensar nas nossas preferências relativamente às dos outros. Num antigo texto "Liberdade" (em "A Natureza do Processo"), o falecido José Guilherme Merquior faz um (sarcástico, maldoso, inteligente) comentário: "O vinho ordinário é diferente do bom vinho, mas não demais (as pessoas sempre se irritam quando ouvem esta afirmação; elas preferem pensar que são exigentes, não pretenciosas)".
Este trecho me faz pensar: será que a gente conhece mesmo vinho que toma? Ihhhhhhhh.....;-)
Outro dia discutimos aqui a questão do Mirabel. O Leo, eu e mais um monte de internautas (um monte? Bem, nem tanto...;-)) ficamos tentando entender belas questões teológicas sobre o Mirabel e nossa infância.
Claro que um dos pontos da discussão foi um baseado numa opinião incorreta que muito leigo costuma usar para explicar tudo em Economia. Trata-se de uma explicação que chamarei de falácia da mudança de preferências.
Esta falácia pode ser resumida na seguinte frase: se o consumidor escolheu o bem X ao bem Y, isto se deveu à mudança de preferências.
Esta versão, simplificada, é facilmente rebatida por qualquer livro-texto de microeconomia. Afinal, preferências não mudam, o que muda é a cesta de equilíbrio demandada. E por que ela muda? Porque mudam os preços e/ou a renda do consumidor.
Mas isto, caro leitor, não significa que as preferências de todos sejam iguais e nem que elas não possam mudar. O problema é que medir isso não é uma tarefa trivial. O pessoal defensor da falácia raramente te mostra como medir, numa mudança de cesta de consumo, a mudança de preferência, isolando-a de efeitos como os efeito-preço ou renda.
Se você quer saber mais sobre como poderíamos destrinchar mais ainda as preferências das pessoas, então talvez você goste deste texto:
Stigler-Becker versus Myers-Briggs: Why Preference-Based Explanations Are Scientifically Meaningful and Empirically Important -
Forthcoming in the Journal of Economic Behavior and Organization.
Abstract:
Economists typically object to preference-based explanations of human behavior; differences in preferences "explain everything, and therefore nothing." But this argument is only correct assuming that no empirical evidence exists to discipline preference-based explanations. In fact, over the past decade, personality psychologists have produced a robust collection of stylized facts about human preferences. While preferences are, empirically, quite stable, they are far from identical, and have proven predictive power for economically interesting variables. The empirical challenge for future research is to jointly estimate the impact of preferences and constraints to obtain unbiased measures of their relative importance.
Aliás, só para não fechar este "post" sem uma piadinha, é sempre legal pensar nas nossas preferências relativamente às dos outros. Num antigo texto "Liberdade" (em "A Natureza do Processo"), o falecido José Guilherme Merquior faz um (sarcástico, maldoso, inteligente) comentário: "O vinho ordinário é diferente do bom vinho, mas não demais (as pessoas sempre se irritam quando ouvem esta afirmação; elas preferem pensar que são exigentes, não pretenciosas)".
Este trecho me faz pensar: será que a gente conhece mesmo vinho que toma? Ihhhhhhhh.....;-)
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