domingo, abril 13, 2003

O Triângulo das Calças Curtas ou Como a vergonha me levou ao sucesso

Prelúdio

Em um domingo como este, sem o infernal sol de BH, eu fico inspirado. Aí já viu, né? Começo a me lembrar da minha época de aluno de graduação.

Havia aquele professor, o falecido Chiquinho (irmão de um colega do IBMEC-MG) que era um matemático incrível! A aula do sujeito era de se aplaudir. As provas, claro, também (se é que você me entende...).

Ato I

Lembro-me que ele marcava umas aulas de dúvidas que alguns frequentavam. Numa destas ele resolveu um exercício do tipo ache a área máxima de um triângulo, etc, etc.

Como ocorria, ele adorava usar os exercícios das aulas de dúvidas na prova. Eu, como era mais ou menos esperto, tentava aprender todos. Mas este exercício, especificamente, eu me lembro de não ter entendido. Tinha uma vaga noção de como resolvê-lo.

Intervalo

Ato II

Dia da prova do Chiquinho. Como sempre, ele passeava pela sala, olhando nossas provas e, ocasionalmente, fazendo comentários. Eu, como de hábito, estava sentado, debatendo-me exatamente com o problema do triângulo. Por algum motivo, Chiquinho se lembrou de mim. Veio até minha carteira e, com um sorriso de satisfação sincera, viu que o exercício que eu estava tentando fazer era o mesmo que ele havia resolvido com a gente na aula de dúvidas. Aproximou-se de mim:

- Ahá, vai se dar bem, não? Está fazendo o mesmo exercício que a gente fez na aula de dúvidas. Muito bem!

Eu, suando de vergonha, respondi ao bom professor com um sorriso daqueles bem amarelos. Afinal, agora eu tinha a obrigação moral (alguns alunos ainda sabem o que isso significa hoje em dia...) de fazer o exercício.

E não é que eu o acertei? De onde veio a inspiração? Do aperto que fiquei em não conseguir fazer algo que um professor excelente e dedicado havia feito, à minha frente, alguns dias antes, numa aula de dúvidas onde poucos (e, portanto, espertos) haviam frequentado.

Moral(is) da História

1. Às vezes é bom você ser apertado na hora H.
2. É bom estudar mais antes da prova. Jamais ir para a mesma com um exercício "mais ou menos" resolvido.
3. Papais e mamães, educação "de berço" é algo muito útil. Afinal, envergonhar-se dos seus próprios erros é um bom início para um futuro melhor.
4. Professores de matemática podem ser divertidos.