domingo, junho 08, 2003

G - T =... (versão Brasil)

Direto do "Estadão", alguns dados sobre a realidade tributária do Brasil...

'Imposto invisível' come 18% da renda familiar Tributos sobre a renda e o consumo podem comprometer até 30% dos ganhos da classe média MARCELO REHDER

O brasileiro não percebe, mas desde o momento em que sai da cama, toda manhã, já começa a pagar impostos. O simples ato de lavar o rosto e escovar os dentes significa transferência de parte da sua renda para o governo, na forma dos mais variados tributos. Mais precisamente 28% do preço no caso do creme dental, 32% no sabonete, 8% na água e 25% na energia elétrica. E a sangria segue em frente.

No café da manhã, lá se vão mais 15% em média sobre os preços dos itens favoritos da mesa do brasileiro, como café, leite, queijos, pão e manteiga.

Para chegar ao trabalho, vai deixando pelo caminho mais dinheiro para o governo. Do custo de cada litro de gasolina que gasta, 57% são impostos, contribuições e taxas. Se vai de ônibus ou táxi, o imposto é de 5%. Na hora do almoço fora de casa, 25% da conta vão para o governo. Como ninguém é de ferro, na "happy hour", se optar por uma bebida destilada, 65% do que desembolsar pelo drinque serão do governo. Se resolver tomar uma cerveja, vão mais 30%. Se em vez do drinque optar por um cinema ou teatro um pouco mais tarde, 10% do que pagar na bilheteria serão impostos. Caso tenha errado na dose durante a "happy hour" e precise tomar um comprimido de analgésico ou antiácido para curar a ressaca, 28% do preço dos medicamentos também irão para os cofres públicos.

Os dados fazem parte de um estudo realizado pela PriceWaterhouseCoopers, com base em pesquisa de orçamento familiar da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que leva em conta os bens e serviços que uma família de classe média, composta por casal e dois filhos, consome ao longo do mês. Com renda mensal de R$ 3.748,80 (15,62 salários mínimos), essa família gasta 30% do que ganha em tributos, o equivalente a R$ 1.124,64. Desse total, 58%, ou R$ 652,30, correspondem aos chamados impostos "invisíveis", aqueles embutidos nos preços dos produtos e serviços (IPI, ICMS, ISS, Cofins, PIS e CPMF) . A "mordida" é maior do que a do Leão: só 4%, com deduções, vão para o Imposto de Renda. O restante é distribuído entre impostos sobre o patrimônio (5%), como IPTU e IPVA, e a contribuição previdenciária (33%). Só os impostos "invisíveis" roubam 18% da renda bruta da família em questão.