segunda-feira, outubro 27, 2003

A dificuldade da segurança num mundo de tecnologia flexível

Eis aí um exemplo de como os mercados funcionam e de como este funcionamento é neutro quanto aos fins (objetivos).

Segundo a notícia do Haaretz, um soldado israelense que servia de "counselor" (literalmente seria "conselheiro", mas vai que tem tradução mais precisa, em termos técnico-militares) para os prisioneiros palestinos foi preso porque estava vendendo linhas de telefones celulares para os prisioneiros (500 shekels cada).

Agora, ele não foi preso por vender os celulares. Ele foi preso porque vender os celulares para suspeitos é uma forma de facilitar ataques terroristas. Não sei quantos leitores assistiam a série de vida curta "The Agency". A série falava da CIA (com a bela Paige Turco, do antigo "American Gothic", terror de primeira do Sam Raimi, o mesmo que fez a divertida "Xena" e outros filmes malucos) e, em um episódio, o diretor da agência sofre um atentado em Israel.

Obviamente que todo mundo fica suspeitando de terroristas palestinos mas a verdade é que havia um complô de radicais israelenses para não permitir o avanço das negociações (uau! uma prova de que a mídia americana não é vendida! Posso ver milhares de brasileiros confusos, procurando ajuda médica...he he he). Como eles descobrem a trama? Por causa do celular que a assistente do chefe de segurança do Mossad usava.

Agora, esquecendo a televisão e meus conhecimentos de filmes trash, a situação é bem interessante porque o celular veio para ficar. Não há como impedir que as pessoas o usem para vender armas ou falar com parentes. Logo, a questão é como usar o mercado para diminuir o incentivo ao uso dos mesmos para o terror.....sem diminuir a liberdade individual. Senão, claro, o terror venceu.

Belo dilema.

Ainda bem que minha conta de celular é relativamente pequena...