quinta-feira, janeiro 22, 2004

Ainda o grande Og

Clique no link para ler o resto do artigo.
O BRASIL E OS BRASILEIROS
por Alberto Oliva, filósofo
em 21/01/2004

(Parte 1)
Para Og Leme (in memoriam)

Até as conversas informais mostram que nós brasileiros temos o costume – ou o vício – de falar do Brasil como se não fôssemos os principais responsáveis por seus defeitos. Falamos do País como se fosse o produto de misteriosas forças cósmicas, instáveis correntes marítimas ou dos humores aleatórios dos ventos. Quando mais politizados, culpamos a globalização e o neoliberalismo pela inviabilização do Paraíso Tropical. O que não varia é a forma sorrateira com que nos colocamos fora dos problemas. Fazemos, por exemplo, sérias restrições ao déficit de ética na coletividade sem assumirmos o quanto cada um – individualmente – contribui para isso. No fundo, damos vida própria ao Todo, consideramos seus deméritos como a ele intrínsecos, como se a sociedade se reproduzisse sem o concurso das ações de cada um de nós. Por meio de um claro mecanismo de alienação promovemos a separação de nossas ações do Todo ao qual pertencemos. Isso explica por que no Brasil a carência geral de ética convive com o discurso moralista; por que a indignação individual com a assustadora freqüência com que os deslizes morais ocorrem nas esquinas ensolaradas e nos porões escuros da vida nacional não se traduz em melhoria dos níveis éticos gerais. O fato de as partes se apartarem de modo artificial do Todo ajuda a compreender por que, a despeito de ser geral o desconforto com a difundida falta de ética, o mau comportamento está disseminado.