A Economia Política das Consequências Não-Intencionais da Regulação dos Mangás
Em Osamu Tezuka - o surgimento do mestre o leitor pode apreciar os famosos "efeitos não-intencionais das ações intencionais" (no caso, dos burocratas nipônicos).
Quando eu era criança, íamos a São Paulo para comemorar a passagem do ano. Lembro-me da primeira vez que comprei um "mangá". Fiquei impressionado, então, com o tamanho do livrão, com vários pequenos mangás incluídos, num pacote que mais parecia um catálogo telefônico com pequenos livros incluídos, firmemente seguros com duas tiras elásticas.
Todo mundo que conheço - e que conhece mangás - pergunta-se sobre o tamanho do mangá. A análise econômica disto sempre vai na direção dos custos (páginas de jornal, poucas páginas coloridas, etc). Mas nunca me ocorreu perguntar o porquê dos pequenos mangás incluídos na revista. Afinal, por que os caras não faziam, simplesmente, mangás com mais páginas ao invés de incluir diversos encartes de mangás (às vezes eles tinham umas 50 páginas!)?
Os anos se passaram, o mundo se globalizou, e a editora Conrad vive de vender produtos relacionados a mangás. Um deles é o livro que citei acima (a segunda parte da biografia romanceada do maior autor de mangás, Osamu Tezuka). E, no meio deste livro, encontrei uma boa pista para responder minha pergunta.
O ponto é o seguinte: no pós-guerra, as editoras davam, como brindes, brinquedos de montar junto com os mangás. Você comprava um mangá e levava junto um avião de madeira ou plástico para montar. Ocorre que o governo, em 1954, resolveu que madeira, metal, etc não poderiam ser considerados "materiais impressos". Em outras palavras, os custos para as editoras - de fornecer estes brindes - tornaram-se proibitivos. A solução? Passaram a oferecer mangás pequenos junto aos mangás (a prática já existia, mas a mudança aumentou a quantidade destes pequenos encartes e/ou o seu número de páginas). Vale dizer: para não perder consumidores com a regulação governamental, o mercado se adaptou.
Ok, isto não explica o porquê do(s) encarte(s) original(is), mas explica a variação na sua quantidade e/ou tamanho. A variação é uma resposta à mudança na regulação governamental: uma consequência inesperada que burocratas não poderiam prever. E, com esta medida, desenhistas como Tezuka saíram ganhando.
Em Osamu Tezuka - o surgimento do mestre o leitor pode apreciar os famosos "efeitos não-intencionais das ações intencionais" (no caso, dos burocratas nipônicos).
Quando eu era criança, íamos a São Paulo para comemorar a passagem do ano. Lembro-me da primeira vez que comprei um "mangá". Fiquei impressionado, então, com o tamanho do livrão, com vários pequenos mangás incluídos, num pacote que mais parecia um catálogo telefônico com pequenos livros incluídos, firmemente seguros com duas tiras elásticas.
Todo mundo que conheço - e que conhece mangás - pergunta-se sobre o tamanho do mangá. A análise econômica disto sempre vai na direção dos custos (páginas de jornal, poucas páginas coloridas, etc). Mas nunca me ocorreu perguntar o porquê dos pequenos mangás incluídos na revista. Afinal, por que os caras não faziam, simplesmente, mangás com mais páginas ao invés de incluir diversos encartes de mangás (às vezes eles tinham umas 50 páginas!)?
Os anos se passaram, o mundo se globalizou, e a editora Conrad vive de vender produtos relacionados a mangás. Um deles é o livro que citei acima (a segunda parte da biografia romanceada do maior autor de mangás, Osamu Tezuka). E, no meio deste livro, encontrei uma boa pista para responder minha pergunta.
O ponto é o seguinte: no pós-guerra, as editoras davam, como brindes, brinquedos de montar junto com os mangás. Você comprava um mangá e levava junto um avião de madeira ou plástico para montar. Ocorre que o governo, em 1954, resolveu que madeira, metal, etc não poderiam ser considerados "materiais impressos". Em outras palavras, os custos para as editoras - de fornecer estes brindes - tornaram-se proibitivos. A solução? Passaram a oferecer mangás pequenos junto aos mangás (a prática já existia, mas a mudança aumentou a quantidade destes pequenos encartes e/ou o seu número de páginas). Vale dizer: para não perder consumidores com a regulação governamental, o mercado se adaptou.
Ok, isto não explica o porquê do(s) encarte(s) original(is), mas explica a variação na sua quantidade e/ou tamanho. A variação é uma resposta à mudança na regulação governamental: uma consequência inesperada que burocratas não poderiam prever. E, com esta medida, desenhistas como Tezuka saíram ganhando.
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