quinta-feira, abril 29, 2004

Como é que o governo cresce?

Já é uma pergunta difícil. Mas fica mais complicada quando a gente lê que:

Está ainda sem acordo para votação a MP 163/04 que cria 2.793 cargos comissionados no Executivo. O senador Arthur Virgílio, líder do PSDB, anunciou a apresentação de um requerimento convocando o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, para que explique as razões da MP e informe quais órgãos receberão os novos contratados sem concurso público. A MP está trancando a pauta de votação de projetos no Senado e terá que ser votada até o dia 24 de maio, sem o que as pessoas contratadas (já o foram), com base no seu texto, poderão ser demitidas.

Há algumas coisas a aprender do episódio em curso, a saber:

* O Governo alega que não tem recursos para investimentos em áreas vitais como a malha rodo-ferroviária, além de hospitais e escolas.
* O Governo já contratou as 2.793 pessoas com critério exclusivamente partidário: são associados ao PT, sindicalistas ou uma simbiose. Como não se sabe em que áreas serão lotados, não se conhece outro critério. A democracia não deveria permitir isto.
* Há milhares de concursados, já aprovados, esperando sua vez. Não é justo preteri-los.
* Um governo sério não pode fazer da máquina pública uma extensão do seu partido. É imoral e antiético.


O texto acima é do Arthur Chagas Dinize, do IL-RJ. Pois bem, suponha que você não seja liberal. Ainda assim, o que está dito aí em cima necessita ser explicado.

É uma lógica diferente de crescimento do setor público. E tem uma questão que eu nunca pensei: se você tem caras concursados esperando numa fila, em detrimento de colegas de partido (o famoso "se fosse o Maluf seria empreguismo (I)"), para que serve um concurso público?

Outra pergunta que eu gostaria de ver respondida: qual o tempo médio que o brasileiro espera numa fila, após passar em um concurso? É assim no resto do mundo?