domingo, abril 18, 2004

Considerando seriamente os insights da Economia Austríaca

Daniel Klein talvez seja mais conhecido do mundo acadêmico por um de seus artigos em Teoria dos Jogos (não me lembro a referência agora). Quando fui ao seminário da FEE sobre Austrian Economics, em 2002, encontrei, no trem, uma moça muito bonita. Vi a mala imensa dela e vi que desceu na mesma estação que eu. Com meu inglês horroroso, estabeleci comunicação. Falamos um pouco de Economia e ela me disse: "Um dos meus melhores professores é o Dan Klein. Você o conhece?"

Para minha sorte, sim, eu já o conhecia. Quando me interessei pelo problema do transporte coletivo ilegal (os famosos "perueiros"), acabei comprando um livro dele sobre o tema. Na verdade, ele tem uma proposta interessante para um sistema privado de transporte coletivo.

Ocorre que o prof. Klein também é um cara que leva a sério a teoria econômica austríaca. Hayek e Kirzner são nomes que economistas brasileiros não-heterodoxos (com honrosas exceções) não curtem muito pelo estúpido motivo de que não há uma equação em seus textos. O outro grupo, o dos heterodoxos (idem), também não curte porque eles "não são socialistas". Vale dizer: ninguém olha o ponto relevante do argumento científico que é o de ter uma idéia interessante que possa ser pesquisada.

Por isto é que li com alegria este artigo dele. Ok, pode-se dizer que falta econometria (e falta mesmo). Mas ele levanta um ponto simples: insights de gente como Hayek e Kirzner são importantes.

Falando em austríacos, claro, há uma tendência importante na área, vinda de gente boa como Peter Boettke e Dan Klein. Sinto isto desde o debate, em 1997 ou 1999 no Journal of Economic Literature entre o falecido Sherwin Rosen e Leland Yeager sobre a relação de amor e ódio entre a economia austríaca e o nosso mainstream.

Nestas horas, vários nomes me ocorrem: Ronald Coase, James Buchanan, Milton Friedman, Hayek.....é, tem muita gente que mudou nossa maneira de pensar, embora usasse pouca matemática. Qual é o ponto, Shikida?

O ponto é que a ciência deve ser construída a partir de idéias ou hipóteses interessantes (embora seja difícil definir isto, não importa, o inventor não sabe se o produto é interessante quando o inventa..embora o seja para ele). Matemática pesada sem idéias novas e verborragia extensiva e gratuita sem idéias novas são maneiras diferentes de dizer absolutamente nada de novo.

E isto, meu amigo e minha amiga, é o bem (ou mal) mais abundante da Terra.