quinta-feira, maio 27, 2004

Quotas: caminho para a armadilha do subdesenvolvimeto?

Alberto Oliva, meu amigo filósofo, com muita propriedade, assim termina um recente artigo:
Sendo o primeiro e segundo graus ruins, a universidade só por milagre pode formar bons profissionais. No mundo real, poucos dos que tiverem o ingresso na universidade facilitado por “proteções legais” conseguirão fazer brilhantes carreiras. Não porque sejam intelectualmente inferiores, e sim porque a natureza não dá salto. Não se faz um bom 3o. grau sem ter feito um 1o. e 2o. graus ao menos razoáveis. Será que quando erros grosseiros começarem a ser cometidos por médicos e engenheiros mal formados, haverá severidade no julgamento ou se dirá que são vitimas de preconceito? Tudo isso é escamoteado por autoridades que, não se dispondo a abraçar a tarefa hercúlea de melhorar a escola pública brasileira, enveredam pela solução fácil de abarrotar a universidade com despreparados. Os tigres asiáticos fizeram grandes avanços sociais e econômicos quando revolucionaram seu sistema de ensino básico. Não passa de demagogia facilitar a entrada numa universidade aos que receberam um ensino de primeiro e segundo graus de baixa qualidade. O que se conseguirá com as cotas é aprofundar ainda mais o triste estado de calamidade pedagógica em que se encontra o ensino em geral no Brasil.


Em outras palavras, o governo parece ter optado pela política mais barata - em termos de votos - e mais cara - em termos de desenvolvimento.

Obviamente, a famosa "discussão com a sociedade" não foi feita perto de casa, ou em algum horário que eu pudesse ir. Mas, claro, sou uma pessoa ocupada e nunca leio os informes que me enviam me convocando para discutir tudo de tudo da minha vida em "fóruns sociais e populares". Opa, espera aí. Não me chamam nunca mesmo! O discurso é da democracia direta, mas a prática ainda é a boa e velha democracia representativa!

Eticamente, portanto, é uma mentira brutal dizer que a sociedade discute algo (quem discute é a pessoa, não a "sociedade"...). Ok. Mas isto não é relevante aqui. O relevante é saber apenas o quanto a economia ganha/perde com a adoção de quotas, tal como propostas pelo governo federal.

Estudos? Palpites fundamentados? Evidências empíricas?