sábado, junho 19, 2004

Elasticidade-substituição do altruísmo

Um altruísmo é, para nós, economistas, algo como Ui(x, Uj(x)), onde "i" sou eu e "j" é, digamos, meu filho. X é o consumo. Assim, Se a Uj é um bem para mim, sou altruísta.

Ok?

Bem, agora pense nisto: ser altruísta é doar seus dois rins após a morte ou doar um deles ainda em vida? Sabe, para mim, ambos são atos extremamente bonitos e louváveis. E são altruístas.

Agora, existe uma elasticidade de substituição virtuosa neste caso. A ADOTE - Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos aponta que: ...cresceu de forma acentuada o número de transplantes com doador vivo, em especial, de rim que ja representa mais de 60% dos casos. Os transplantes com doador vivo não tem nenhum reflexo direto sobre a lista de espera. Além disso, a opção por essa modalidade de transplante pode influenciar, negativamente, a busca de doadores com morte encefálica. Com efeito, enquanto o número de transplantes com doador vivo cresce de forma consistente desde 1995, a identificação de potenciais doadores (pessoas com diagnósticos de morte encefálica) não segue a mesma tendência.

Perceba, leitor, que um dos determinantes deste aumento no número de doadores vivos certamente é a tecnologia. Se fica mais fácil retirar partes de mim para meu filho ou para um amigo sem que eu perca em funcionalidade (ou tenha de morrer para isso), provavelmente a doação total aumentará.

Agora, um número bacana que eu gostaria de ver seria esta elasticidade. Em quanto o aumento de 1% no número de doadores vivos diminui, percentualmente, a necessidade de doadores mortos?