terça-feira, setembro 14, 2004

Bem público, mal público

Nem eu, nem Colin Powell concordamos com a hipótese conspiratória de tom "Ku-Klux-Klan" de que o exército dos EUA adora mandar hispânicos e negros para a linha de frente de combate em conflitos. Isto é tão óbvio que a maior parte dos expulsos e condenados no caso daquela prisão iraquiana são...brancos. (nem vou discutir o óbvio: os caras se revoltariam ao perceber que só havia companheiros de cor na primeira linha de combate...)

Mas isto não torna a discussão da alocação de soldados irrelevante. Por exemplo, o governo federal insistiu e conseguiu enviar tropas para o Haiti. Supostamente, trata-se de uma boa estratégia para "ocupar espaço diplomático". Ok. Mas como foram escolhidos estes caras? Segundo esta matéria, até agora, o Brasil só enviou 2,9 mil soldados dos 6,7 mil previstos. E, curiosamente, boa parte deles são de quartéis gaúchos.

Claro, há um fato histórico (quase todos os bons ditadores militares saíram do RS) que liga a região de fronteira com a forte presença militar. Mas a guerra do Paraguai já passou há muito tempo.

Minha pergunta é: por que existe esta desigualdade regional em termos de envio de brasileiros para o estrangeiro? Simples burocracia/logística militar (e.g. uma divisão de trabalho regional acordada entre os generais)? Ou há alguma ação de grupos de interesse que não percebo?