segunda-feira, outubro 11, 2004

Ainda o Nobel

Considere os dois trechos abaixo.

"We have argued that control theory is not the appropriate tool for dynamic economic planning. It is not the appropriate tool because current decisions of economic agents depend upon expected future policy, and these expectations are not invariant to the plans selected".

(...)

"If we are not to attempt to select policy optimally, how should it be selected? Our answer is, as Lucas (1979) proposed, that economic theory be used to evaluate altenative policy rules and that one with good operating characteristics be selected". [K&P, 1977, na seção "Summary and Conclusions"]

As palavras acima, do artigo clássico (e agora mais clássico do que nunca...) de Kydland & Prescott, mostraram que, embora o instrumental do "controle ótimo" fosse interessante para os economistas, o caráter individual das decisões econômicas - e sua conexão com o futuro (já que não vivemos apenas um dia em nossas vidas) - tornaria o mesmo inadequado se você pretendesse usá-lo como argumento para se discutir uma política econômica ótima.

Eu diria que a modelagem da política macroeconômica sob o instrumental de teoria dos jogos - o que é algo comum hoje - tem em Kydland & Prescott (1977) uma das suas melhores justificativas. Não é a toa que eles ganharam o prêmio.

Claro, se você, como K&P, aceita a importância da crítica de Lucas, então a calibragem passa a ser um instrumental mais adequado para a compreensão da evolução de séries econômicas do que a econometria (o que é um ponto polêmico, mas importante). Ciclos reais tem, em Prescott, um dos principais nomes, senão o principal.

Enfim, o Nobel foi merecido. E note que, como falei abaixo, o mercado já estava prevendo isto. E não falhou.

p.s. nota para alunos de graduação: você não escolhe "cestas" ótimas de bens, aqui. Você escolhe trajetórias ótimas. A intuição, contudo, não é difícil de se entender.