domingo, novembro 21, 2004

Qual é, afinal, a elasticidade-mortes das armas de fogo legais?

Eu não sei. Defensores do desarmamento nunca mostram números que me permitam uma estimação simples. A Polícia Federal também parece não ter dados sobre isto, exceto o acompanhamento da entrega de armas (que não é muito útil para esta estimação).

Pelo menos, no comentário abaixo, Cândido - de forma bem irônica - trata deste problema. Talvez seja o único a mostrar algum número. Quem tiver dados para o Brasil, por favor, indique nos comentários. Ou mande para os responsáveis por esta política. Assim, creio, as políticas públicas brasileiros ganharão alguma qualidade...

O DESARMAMENTO RESOLVERÁ 2% DA VIOLÊNCIA
... (TALVEZ)


__Cândido Prunes*

O Ministério da Saúde recém divulgou dados muito importantes sobre a violência no Brasil na última década. Eis alguns deles:

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Entre 1991 e 2000 aconteceram 265.642 mortes por arma de fogo no Brasil. Para dar a dimensão desse número, basta dizer que na Guerra do Paraguai (1865 – 1870) pereceram do lado brasileiro aproximadamente 50 mil soldados. Ou seja, em uma década morreram 5 vezes mais pessoas do que durante todo o conflito armado mais importante no qual o País se envolveu no século XIX.
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Aproximadamente 2% dessas mortes resultaram de acidentes com armas de fogo (5.423 pessoas)
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Quase 5% dos mortos por armas de fogo resultaram de suicídios (12.895 casos)
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Aproximadamente 82,2% dessas mortes resultaram de homicídios (218.421 casos)

Esses dados permitem algumas conclusões:

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Como se sabe, há muitos anos que os delinqüentes mais violentos utilizam armas de uso privativo das Forças Armadas, o que sempre foi proibido. Nos últimos meses, o que se viu nas filas da Polícia Federal foram idosos de classe média entregando armas velhas por temor que fossem usadas contra si. Se a estatística da década pesquisada se repetir, o desarmamento praticamente não terá efeito sobre 82,2% dos casos.
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Suicidas também não devem entregar armas. Ou então encontram outras formas de tirar a própria vida. Se Getúlio Vargas não tivesse uma arma, provavelmente teria saltado de uma janela do Catete. Assim, a política de desarmamento também não reduzirá significativamente a taxa de suicídio nos próximos dez anos.
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Restam, portanto, 2% de acidentes fatais com armas de fogo que poderão ser reduzidos. Sabe-se que os bandidos continuarão usando armas, podendo ocasionar acidentes. Quem tem porte de arma também pode se envolver em acidentes com elas. Assim é lícito concluir que o impacto do desarmamento sobre essa estatística será muito limitado.

Por outro lado, os bandidos, diante de uma população desarmada, se verão ainda mais ousados em suas ações. Mas a análise sobre o impacto negativo da política de desarmamento já é outro assunto. Por enquanto, fica a reflexão sobre os números do Ministério da Saúde. (19.11.2004)