domingo, junho 19, 2005

Editor do Estado de Minas altera título de artigo

Quem leu meu artigo publicado hoje no dito jornal deve ter estranhado o título. Aqui está o texto correto.

CAFTA

A administração Bush parece ter conseguido superar uma importante fonte de oposição ao Acordo de Livre Comércio da América Central (CAFTA). Não, não se trata de Brasília ou Caracas, e sim da oposição de políticos norte-americanos, defensores da indústria do açúcar daquele país. Aparentemente, concessões serão feitas, o que pode ser um preço pequeno a se pagar pela aprovação do tratado. Não é preciso fazer muito esforço para lembrar das ameaças de opositores do NAFTA quanto ao "fim do emprego" nos EUA. A economia daquele país não explodiu, e nem o México se transformou num Haiti.

O CAFTA vem num momento em que a China assume papel mais importante nos mercados mundiais. Tanto é assim que os governos da América Central como El Salvador, Guatemala, Honduras e República Dominicana pressionados por seus eleitores temerosos do poder das indústrias têxteis chinesas, já ratificaram o CAFTA com os EUA.

A importância deste acordo é notável quando se lembra que, após o México, o maior mercado externo consumidor de produtos do EUA é a América Central e não, por exemplo, o Brasil, como pensam alguns. Isto, aliás, explica a falta de preocupação da administração Bush com os ocasionais espasmos nacionalistas oriundos de Brasília. Neste aspecto somos, sim, "um rato que ruge"...

O simplismo da visão "bolivariana" (novo nome para o velho discurso do "imperialismo norte-americano") não percebe que não existe "imposição do CAFTA por parte dos EUA". Os "EUA" são uma complexa rede de políticos, burocratas e eleitores, sendo que, estes últimos, não são unânimes quanto aos benefícios do CAFTA. Os opositores norte-americanos ao tratado vão desde os produtores norte-americanos de açúcar, sindicatos de trabalhadores, a indústria têxtil dos EUA, ambientalistas e até ativistas de direitos humanos. São destes setores que vêm os votos dos opositores norte-americanos do CAFTA, não dos consumidores norte-americanos.

Diversos estudos mostram que países com maior liberdade de comércio costumam apresentar, em média, melhor desempenho sócio-econômico, o que deveria sensibilizar os políticos norte-americanos anti-CAFTA, certo? Errado. Uma coisa é estudo acadêmico, outra é a reeleição de políticos. Nem sempre há a coincidência "virtuosa" de interesses. Alías, sobre este assunto, nós, brasileiros, somos cada vez mais especialistas...