Fatos sobre a globalização
A crítica à globalização é comum na mídia, embora não de forma absoluta. Contudo, há quem tenha uma visão mais pessimista disto. Por exemplo, para L.F. Verissimo, (http://www2.uol.com.br/oviajante/papover.htm), a aceitação da globalização seria uma unanimidade na imprensa: "Nós temos uma boa imprensa em termos técnicos, mas que nos últimos tempos tem sido um pouco dominada por isso que chamam de pensamento único, quer dizer, liberalismo, globalização... e não há muita contestação a isso. A nossa grande imprensa está comprometida com este modelo, acredita nele e tudo mais, e isso impõe, de certa maneira, esse pensamento único". Não é a primeira vez que o famoso cronista demonstra sua insatisfação com a globalização (ou pelo menos com o que ele pensa serem as consequências da globalização).
Entretanto, é impossível comparar o que existe no mundo real com algum modelo abstrato - não faria sentido, inclusive - mas podemos passar dos discursos aos fatos: a globalização, tal como existe, está relacionada com piores resultados sociais no mundo? A edição de 2005 do índice de globalização da A.T. Kearney/Foreign Policy mostra alguns fatos interessantes. A amostra é composta de 62 países e, em resumo, países menos globalizados também são (i) os mais sujeitos a ataques terroristas; (ii) os que apresentam menores níveis de gastos públicos em educação; (iii) os mais corruptos e (iv) os que possuem menores graus de liberdade política. Ou seja, nenhuma destas evidências corrobora o pessimismo de boa parte de nossos "formadores" de opinião. Obviamente, isto não quer dizer que o baixo grau de globalização causou estes péssimos resultados. Mas também não quer dizer o contrário. Edições anteriores do índice, inclusive, mostravam mais resultados interessantes.
Detalhando um pouco mais, o índice mede a globalização em quatro dimensões: pessoal, econômica, tecnológica e política (todas com sub-dimensões). Por curiosidade, observemos dois países importantes para o brasileiro médio: Brasil (57o no ranking) e Argentina (47o). Ambos caíram em relação ao ranking de globalização de 2004. O Brasil perdeu quatro posições e a Argentina, treze. Isto ocorre por dois efeitos: ambos os países podem estar se globalizando menos nos componentes do índice e, ao mesmo tempo, outros países podem aumentar seu grau de globalização. Assim, durante o último ano do governo Lula, ficamos - juntamente com a Argentina - mais "desglobalizados". Olhando apenas a globalização econômica (a que mais se critica), temos uma proximidade maior entre os países: Brasil (57o) e Argentina (58o).
Outra globalização é possível? Claro que sim. A tentativa soviética de semi-globalização do pós-guerra não funcionou e o que aprendemos é que a globalização deve ser acompanhada de instituições que promovam o máximo de desenvolvimento sócio-econômico para todos, dentro dos limites da realidade. Diria Hayek, um famoso economista, que estas instituições deveriam promover a maior liberdade possível entre os indivíduos. O que? Você nunca leu sobre Hayek na imprensa? Então talvez exista mesmo "um" pensamento único na imprensa, mas certamente não é o que perturba o cronista.
A crítica à globalização é comum na mídia, embora não de forma absoluta. Contudo, há quem tenha uma visão mais pessimista disto. Por exemplo, para L.F. Verissimo, (http://www2.uol.com.br/oviajante/papover.htm), a aceitação da globalização seria uma unanimidade na imprensa: "Nós temos uma boa imprensa em termos técnicos, mas que nos últimos tempos tem sido um pouco dominada por isso que chamam de pensamento único, quer dizer, liberalismo, globalização... e não há muita contestação a isso. A nossa grande imprensa está comprometida com este modelo, acredita nele e tudo mais, e isso impõe, de certa maneira, esse pensamento único". Não é a primeira vez que o famoso cronista demonstra sua insatisfação com a globalização (ou pelo menos com o que ele pensa serem as consequências da globalização).
Entretanto, é impossível comparar o que existe no mundo real com algum modelo abstrato - não faria sentido, inclusive - mas podemos passar dos discursos aos fatos: a globalização, tal como existe, está relacionada com piores resultados sociais no mundo? A edição de 2005 do índice de globalização da A.T. Kearney/Foreign Policy mostra alguns fatos interessantes. A amostra é composta de 62 países e, em resumo, países menos globalizados também são (i) os mais sujeitos a ataques terroristas; (ii) os que apresentam menores níveis de gastos públicos em educação; (iii) os mais corruptos e (iv) os que possuem menores graus de liberdade política. Ou seja, nenhuma destas evidências corrobora o pessimismo de boa parte de nossos "formadores" de opinião. Obviamente, isto não quer dizer que o baixo grau de globalização causou estes péssimos resultados. Mas também não quer dizer o contrário. Edições anteriores do índice, inclusive, mostravam mais resultados interessantes.
Detalhando um pouco mais, o índice mede a globalização em quatro dimensões: pessoal, econômica, tecnológica e política (todas com sub-dimensões). Por curiosidade, observemos dois países importantes para o brasileiro médio: Brasil (57o no ranking) e Argentina (47o). Ambos caíram em relação ao ranking de globalização de 2004. O Brasil perdeu quatro posições e a Argentina, treze. Isto ocorre por dois efeitos: ambos os países podem estar se globalizando menos nos componentes do índice e, ao mesmo tempo, outros países podem aumentar seu grau de globalização. Assim, durante o último ano do governo Lula, ficamos - juntamente com a Argentina - mais "desglobalizados". Olhando apenas a globalização econômica (a que mais se critica), temos uma proximidade maior entre os países: Brasil (57o) e Argentina (58o).
Outra globalização é possível? Claro que sim. A tentativa soviética de semi-globalização do pós-guerra não funcionou e o que aprendemos é que a globalização deve ser acompanhada de instituições que promovam o máximo de desenvolvimento sócio-econômico para todos, dentro dos limites da realidade. Diria Hayek, um famoso economista, que estas instituições deveriam promover a maior liberdade possível entre os indivíduos. O que? Você nunca leu sobre Hayek na imprensa? Então talvez exista mesmo "um" pensamento único na imprensa, mas certamente não é o que perturba o cronista.
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