Globalização e empreendedorismo
Alguns de meus últimos posts e artigos no RPLIB frisaram a questão do tipo de empreendedorismo que gera desenvolvimento econômico. Em resumo, sabemos que empresários respondem a incentivos e que, nem sempre, estes vão na direção do maior desenvolvimento sócio-econômico. Termos bonitos como "responsabilidade social da empresa" podem mascarar um comportamento distorcido do empresário a partir de incentivos errados (do ponto de vista do crescimento econômico) gerados por quem faz as leis (o governo).
Acho que este ponto merece mais do que palavras. Na verdade, acho que há muito a ser feito e eu e o Ari estamos pensando em um trabalho conjunto sobre o tema.
Em diversas ocasiões tenho dito que é sempre bom começar com uma correlação simples e partir para a construção de uma idéia sobre os principais problemas envolvidos (leia-se: "variáveis envolvidas no problema").
Por exemplo, uma delas, a TEA (Taxa de Atividade Empreendedora), cujo conceito, na minha opinião, capta apenas um aspecto do empreendedorismo, é a melhor candidata para se medir o "empreendedorismo" até que se crie um melhor. Em um post anterior (reproduzido no RPLIB), mostrei a relação que a TEA possui com a corrupção, o que nos lança uma luz sobre a bela (porém empiricamente falsa) idéia de que o "Estado ajuda os empresários". Muitas vezes, como já dizia Stigler, o Estado ajuda alguns empresários destruindo a vida de outros empresários, com medidas anti-concorrenciais disfarçadas de "regulação".
Desta vez, leitor, veja que interessante: não há uma relação clara entre empreendedorismo e globalização. Muita gente fala que a globalização é destruidora disto ou daquilo, sem qualquer preocupação em mostrar dados. Esperaríamos que países mais globalizados fossem menos empreendedores ou mais empreendedores? Do ponto de vista "Sou contra a Globalização - I", a resposta seria: "países exploradores destroem nossas empresas". Em outras palavras, quanto mais globalizado o Brasil fica, menos empreendedores teria (esquecendo, claro, da "exploração" de nossas empresas na Bolívia ou na Argentina).
No discurso "Sou contra a Globalização - II", a resposta, por sua vez, seria: "a globalização inculca na mente do povo esta ideologia capitalista, logo, o empreendedorismo aumenta". Ou seja, muda o sinal da relação.
Num discurso "Sou contra a Globalização, mas sou sofisticado", teríamos: "a globalização, em termos históricos, só é possível pelo alto grau de empreendedorismo de alguns países que, por sua vez, exploram, ao longo do tempo, outros países, não lhes permitindo desenvolver seu empreendedorismo nativo". Obviamente, fica difícil saber o que é "nativo" e quanto tempo isto leva (o tempo necessário para que o discurso seja verdadeiro?).
Como se vê, não há um consenso entre os "inimigos da globalização" quanto ao ponto. Muitas vezes há receio de que o discurso gere até mesmo perda de recursos que empresários destinam aos próprios autores destes discursos, daí a ambiguidade de opiniões.
Pois bem, independente de sua posição sobre a globalização e empreendedorismo, que tal começar analisando alguns dados? Este talvez seja o papel do economista-educador: desfazer mitos do discurso fácil do dia-a-dia. Neste sentido, o gráfico abaixo mostra a relação entre a posição do país no ranking de globalizaqção e de empreendedorismo.
Note que é difícil tirar conclusões, quaisquer conclusões, com o gráfico acima. Não está clara, por exemplo, a relação entre globalização e empreendedorismo....e instituições (lembre-se do post citado sobre corrupção). E a informalidade? E o nível de renda per capita?
Leitor, eis aqui mais um tema a ser explorado. Principalmente para o aluno do ensino médio ou da graduação, que procura a verdade oculta por trás dos dados e interpretações. Esta busca, friso, nunca termina. Mas partir para esta jornada torcendo o nariz para os dados é arrogância pura.
Alguns de meus últimos posts e artigos no RPLIB frisaram a questão do tipo de empreendedorismo que gera desenvolvimento econômico. Em resumo, sabemos que empresários respondem a incentivos e que, nem sempre, estes vão na direção do maior desenvolvimento sócio-econômico. Termos bonitos como "responsabilidade social da empresa" podem mascarar um comportamento distorcido do empresário a partir de incentivos errados (do ponto de vista do crescimento econômico) gerados por quem faz as leis (o governo).
Acho que este ponto merece mais do que palavras. Na verdade, acho que há muito a ser feito e eu e o Ari estamos pensando em um trabalho conjunto sobre o tema.
Em diversas ocasiões tenho dito que é sempre bom começar com uma correlação simples e partir para a construção de uma idéia sobre os principais problemas envolvidos (leia-se: "variáveis envolvidas no problema").
Por exemplo, uma delas, a TEA (Taxa de Atividade Empreendedora), cujo conceito, na minha opinião, capta apenas um aspecto do empreendedorismo, é a melhor candidata para se medir o "empreendedorismo" até que se crie um melhor. Em um post anterior (reproduzido no RPLIB), mostrei a relação que a TEA possui com a corrupção, o que nos lança uma luz sobre a bela (porém empiricamente falsa) idéia de que o "Estado ajuda os empresários". Muitas vezes, como já dizia Stigler, o Estado ajuda alguns empresários destruindo a vida de outros empresários, com medidas anti-concorrenciais disfarçadas de "regulação".
Desta vez, leitor, veja que interessante: não há uma relação clara entre empreendedorismo e globalização. Muita gente fala que a globalização é destruidora disto ou daquilo, sem qualquer preocupação em mostrar dados. Esperaríamos que países mais globalizados fossem menos empreendedores ou mais empreendedores? Do ponto de vista "Sou contra a Globalização - I", a resposta seria: "países exploradores destroem nossas empresas". Em outras palavras, quanto mais globalizado o Brasil fica, menos empreendedores teria (esquecendo, claro, da "exploração" de nossas empresas na Bolívia ou na Argentina).
No discurso "Sou contra a Globalização - II", a resposta, por sua vez, seria: "a globalização inculca na mente do povo esta ideologia capitalista, logo, o empreendedorismo aumenta". Ou seja, muda o sinal da relação.
Num discurso "Sou contra a Globalização, mas sou sofisticado", teríamos: "a globalização, em termos históricos, só é possível pelo alto grau de empreendedorismo de alguns países que, por sua vez, exploram, ao longo do tempo, outros países, não lhes permitindo desenvolver seu empreendedorismo nativo". Obviamente, fica difícil saber o que é "nativo" e quanto tempo isto leva (o tempo necessário para que o discurso seja verdadeiro?).
Como se vê, não há um consenso entre os "inimigos da globalização" quanto ao ponto. Muitas vezes há receio de que o discurso gere até mesmo perda de recursos que empresários destinam aos próprios autores destes discursos, daí a ambiguidade de opiniões.
Pois bem, independente de sua posição sobre a globalização e empreendedorismo, que tal começar analisando alguns dados? Este talvez seja o papel do economista-educador: desfazer mitos do discurso fácil do dia-a-dia. Neste sentido, o gráfico abaixo mostra a relação entre a posição do país no ranking de globalizaqção e de empreendedorismo.
Note que é difícil tirar conclusões, quaisquer conclusões, com o gráfico acima. Não está clara, por exemplo, a relação entre globalização e empreendedorismo....e instituições (lembre-se do post citado sobre corrupção). E a informalidade? E o nível de renda per capita?
Leitor, eis aqui mais um tema a ser explorado. Principalmente para o aluno do ensino médio ou da graduação, que procura a verdade oculta por trás dos dados e interpretações. Esta busca, friso, nunca termina. Mas partir para esta jornada torcendo o nariz para os dados é arrogância pura.
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