Avisos que muitos ignoram UPDATED1. É difícil conseguir alfabetização em qualquer forma de conhecimentos intelectualmente respeitáveis. Ela exige aplicação, inteligência e ensino, e poucas pessoas são plenamente alfabetizadas em qualquer assunto.2. A economia encerra uma simplicidade falsa porque suas normas são discutidas numa linguagem cujas palavras são conhecidas de todos os leigos instruídos. Se todas as discussões de economia fossem feitas algebricamente - a maneira como são predominantemente conduzidas nas revistas econômicas profissionais - seria mais difícil ser enganado e levado a acreditar que se entende toleravelmente uma análise da qual não se entende absolutamente nada.
3. As pessoas são veleitárias, para não dizer românticas, em seus desejos e preferem muito mais soluções fáceis e diretas para seus problemas. Se há operários têxteis desempregados, então que se proíba a importação de têxteis de Hong Kong. Se há discriminação contra trabalhadores negros, que se passe uma lei obrigando os brancos a serem daltônicos. É este pensamento desiderativo que torna o público tão susceptível à propaganda de reformadores analfabetos e interesses especiais egoístasTudo isto está em Stigler, "O Intelectual e o Mercado" (p.98), infelizmente esgotado e não mais reeditado (enquanto um monte de livros ruins de economia ganham reedições e reedições...). Na época, estava com tradução sofrível (mas não tão ruim quanto muita coisa que me cai às mãos), pela Jorge Zahar Editor.
E o tema do parágrafo acima, para mim, continua válido como nunca: analfabetismo econômico é tão alto no Brasil que, usando um argumento maldoso, nem uma pesquisa de opinião sobre o que o povo pensa e o que pensam os economistas foi feita. Pelo menos, não que eu saiba.
Agora, temos de ter cuidado porque com o tamanho (de ovo de codorna) desta nossa "Academia", há pouca discussão, competição e, sim, muita panelinha. Duvida? Vá a uns dois ou três congressos de economia e veja o quanto o debatedor se interessa em discutir cientificamente o artigo apresentado ou apenas fazer pregação religiosa (ou zombar do apresentador)...
E, como diria o grupo Monthy Phyton, "agora a segunda parte da piada".
Gordon Tullock, em seu "Progress in Economics", um artigo do seu "On the trail of Homo Economicus", expressa uma visão menos otimista da matemática do que Stigler no tópico 2 acima (aposto que o Phillipe está lendo isto agora...:-)). Tullock fala de seu temor (por que deveríamos temer o mesmo que ele é algo que não me é claro) sobre o uso da matemática em economia. Abre aspas...
It seems to me that on this principal we should have no objection whatsoever to mathematical economists pursuing their interests, although we might feel that the amount of resources being invested in it is too large. The problem that I see is that mathematical economics is showing signs of crowding out the other approaches (p.213).
Será que Tullock falou algo que faça sentido aqui? Afinal, e se as outras abordagens deslocam (crowd out) o espaço da matemática na economia? Isto não seria um problema? E, melhor ainda, porque é que deveria haver um problema se uma abordagem ocupa 51% do espaço (como definir isto?) da ciência econômica? Não é um problema também?
Enfim, para mim, nesta crítica, Tullock não diz muito. Na minha opinião, Stigler ainda está melhor...