sábado, novembro 06, 2004

Shikida goes to USA

Se nada der errado na era pós-Bin Laden, estarei nos EUA a convite da Atlas Economic Research Foundation para um jantar em comemoração à queda do muro (infame) de Berlin e, em seguida, estarei em Indianopolis no SIPR para uma breve conferência.

Então, alunos, descansem. Descansem bem. Porque eu voltarei com toda a energia... :)
Você sabe que eu estou feliz quando...

...eu compro "A resposta da produção agrícola aos preços no Brasil" do professor Affonso Celso Pastore (ex-USP, atualmente FGV-RJ...uma perda irreparável para a USP).

Pois eu comprei hoje este trabalho que põe por terra - com a melhor tecnologia da época (econometria, etc) - a teoria dos estruturalistas. Se não põe por terra (para deixar o pessoal menos triste), pelo menos coloca sérios questionamentos à tese do povo da CEPAL.
Mais violência, mais crime, mais corrupção, mais impunidade = menos turismo

Mas quem é xenófobo não liga. Acha até bom. Clique no trecho para ler o relatório mais realista que o rei latino (é do O Globo. Portanto, registrar-se...).

Está se tornando cada dia mais perigoso visitar o Brasil, segundo a mais recente avaliação do Departamento de Estado americano. Um alerta nesse sentido foi divulgado ontem a todas as agências de turismo dos Estados Unidos e no site daquele ministério à disposição dos americanos que planejam ir ao país. Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília são mencionadas como as cidades de maior risco para turistas e homens de negócio.

“Os índices de criminalidade têm crescido em todo o Brasil, mas permanecem mais altos nas maiores cidades”, diz um trecho do informe, acrescentando que essa situação piora na época do carnaval. O documento adverte, ainda, que os americanos devem evitar se aproximar da fronteira do Brasil com a Colômbia, insinuando que guerrilheiros colombianos poderiam entrar em território brasileiro para seqüestrá-los.

sexta-feira, novembro 05, 2004

A diferença entre os valores americanos (que Michael Moore não gosta) e o totalitarismo é...

...que Michael Moore não foi assassinado após fazer seus "filmes".

Fatal Detraction - A provocative, and offensive, filmmaker and columnist attacks Islam and pays with his life.

Estamos falando do parente do Van Gogh, citado por mim, aqui, esta semana. E a comparação mostra bem o que são instituições e por que elas são importantes. Na Europa, Pasolini (esquerda), Van Gogh (libertário) e aquele holandês homossexual de direita (não me peçam o nome dele, não sei) morreram de forma violenta. Nos EUA, Michael Moore faz o mesmo e continua vivo.

Moral da história: países com instituições mais sólidas é onde seus (das instituições) críticos mais ácidos têm maior expecativa de vida.

Pode testar a hipótese econometricamente. Garanto que não falseia. :)
Ainda a proposta do América-MG

Ainda pensando neste post, pode-se aperfeiçoar o raciocínio ainda mais.

Estive pensando mais. Veja, leitor, o que acha disto: Custos de oportunidade.

Por que colocar R$ 1 mil por 24 meses no time? Depende do quanto se deixa de ganhar na melhor alternativa. Aqui entra a incerteza. Será que a média e a variância dos ganhos esperados com os jogadores do América (quantos serão negociados? E a que preço (médio?)?) é muito diferente, já calculado o fluxo líquido em valor presente, do que você ganharia em um bom fundo de aplicação?

E você não vai levar tudo, apenas 50% do total, dividido com mais T-1 conselheiros.

Vou continuar pensando nisto, mas comentários são bem-vindos.
Existe vida inteligente na imprensa

E João Mellão Neto é um exemplo.

Para entender as eleições americanas - O Estado de S. Paulo, 05/11/2004 - João Mellão Neto

Desta vez, ao contrário do que ocorreu em 2000, George W. Bush venceu as eleições na soma dos votos populares. Sua vantagem foi de cerca de 3,5 milhões de votos sobre o candidato democrata.

Não faltam comentaristas, por aqui, para cantar em prosa e verso as excelências do sistema eleitoral brasileiro e tripudiar sobre o pretensamente ultrapassado e antiquado sistema americano. Ao menos quando se trata de eleições presidenciais, vige por aqui o sistema de "um homem, um voto". Já o sistema americano - fenômeno aparentemente inexplicável - não funciona assim. Vence quem tem a maioria no colégio eleitoral, e não quem obtém a maioria dos sufrágios populares. Em função dessa discrepância, não são poucos os analistas tupiniquins que se dispõem a dar aulas de democracia à América. Embora o nosso regime democrático tenha apenas 19 anos - enquanto o dos americanos já supera dois séculos -, nós nos sentimos "superiores" a eles no que tange às qualidades de nosso sistema.

Como reza o ditado, para todos os problemas complexos e intrincados existe uma solução simples, clara e inequívoca. E esta solução é justamente a errada...

O colégio eleitoral norte-americano já serviu para a eleição de quatro dezenas de presidentes. Não foram raras as denúncias de fraudes nos distritos eleitorais. Em várias ocasiões o presidente eleito teve menos votos populares que seu adversário. Não obstante isso, em nenhuma ocasião algum analista sério ousou questionar a sua legitimidade. Se o colégio resistiu ao implacável "teste do tempo" é porque, na verdade, não é tão absurdo como se diz alegremente por aqui.

Quem prega a extinção do colégio eleitoral americano o faz por ignorar completamente a história dos Estados Unidos. Nada, no mundo das relações humanas, existe em vão. Por mais absurdas que pareçam, as instituições de uma nação são sempre fruto de um processo de maturação e depuração que se estabelece através do tempo e da experiência acumulada por seu povo. Nesse sentido é válido afirmar que, se o colégio eleitoral não existisse, nem sequer seria possível a existência da uma nação muito propriamente chamada "Estados Unidos da América".

Prestemos atenção ao detalhe: são "Estados Unidos", e não "Estados Unificados". E aí reside toda a diferença. Quem se deu ao trabalho de ler Os Artigos Federalistas - possivelmente o melhor compêndio de ciência política já publicado - há de se dar conta da gigantesca luta que se travou, entre 1787 e 1788, para que as então 13 colônias viessem a se constituir num só país. Eram 13 culturas diferentes, com origens diferentes e aspirações diferentes. A aceitação de um presidente comum a todas só se poderia dar se este fosse eleito, de forma independente, Estado por Estado. Estabeleceu-se para tanto que, a cada quatro anos, num dia determinado, todos os cidadãos em cada um dos Estados fossem às urnas e escolhessem o "seu" presidente.

Os presidentes dos Estados Unidos não se elegem pelo voto majoritário da nação, mas sim pelo voto majoritário em cada Estado. Assim sendo, se na Califórnia, por exemplo, o candidato vencedor é o do Partido Democrata - mesmo que o seja por estreita margem -, o "presidente" escolhido pela Califórnia é o do Partido Democrata e, assim, ele carrega consigo todos os 55 votos a que a Califórnia tem direito no colégio eleitoral. Se o vencedor na Flórida for o candidato republicano, o "presidente" escolhido na Flórida leva ao colégio todos os 27 votos que a Flórida tem. Como os 50 Estados têm populações diferentes em tamanho e, por outro lado, nenhum Estado pode ficar sem representação, resolveu-se a questão estabelecendo um número de delegados por Estado, de acordo com o número de representantes que cada um tem no Congresso Nacional. Como cada Estado tem, no mínimo, um deputado e dois senadores, a representação mínima no colégio eleitoral é de três delegados.

Aos brasileiros esta matemática soa estranha, principalmente porque nossa História foi bem diferente. Aqui surgiu primeiro a nação, que foi posteriormente subdividida em províncias sem nenhuma autonomia, que, com o advento da República, foram transformadas em Estados. Nos EUA havia, a princípio, os Estados, todos autônomos, que resolveram unir-se e formar uma nação. Cada Estado, assim, preservou grande parte de sua independência e delegou uma parcela dela à União.

Daqui para diante, o que existem são formalidades. Reza a Constituição que, no dia 13 de dezembro, os 538 delegados, reunidos em cada Estado, transmitirão seus votos ao Congresso. No dia 6 de janeiro, os votos serão oficialmente contados e o candidato que somar 270 votos ou mais será considerado eleito pelo Senado. No dia 20 de janeiro, às 12 horas, toma posse o novo presidente.

Se alguém imagina que, por causa dos problemas ocorridos nas eleições de 2000, o colégio eleitoral venha a ser abolido, pode esquecer-se disso. Essa instituição é justamente a base do pacto federativo, o cimento que mantém unidos os Estados e lhes garante o status de nação.

As instituições são tudo para uma nação. Douglass North, Nobel de Economia, defende que são elas, inclusive, que determinam o sucesso ou o fracasso econômico dos povos. Não ousemos confrontá-las. Alguém, com muita propriedade, já as comparou a fios de alta tensão. À primeirs vista são inofensivos. Mas ai de quem se arrisca a tocá-los! É prontamente fulminado por milhares de volts...


João Mellão Neto, jornalista, foi deputado federal, secretário e ministro de Estado.

Nota mental do Shikida: os "Artigos Federalistas" foram (bem) traduzidos para o português na bela edição da Nova Fronteira. Vale a pena ler isto. Aliás, vale a pena ler muita coisa de norte-americanos da época da colonização/independência.
Incentivos, sempre eles

Esta notícia é interessante.

Trecho: O futebol é um bom negócio, quando bem administrado. Tanto é que grandes empresas, mesmo não sendo do ramo, investem neste setor e têm um bom retorno. É pensando assim que a diretoria do América, em busca de novas fontes de arrecadação, vai tentar conseguir dinheiro com a ajuda de seus conselheiros, oferecendo, em troca, participação na venda de jogadores.

O lançamento da campanha será no próximo dia 9, na sede social do clube, no bairro Ouro Preto. A idéia foi lançada pelo vice-presidente de futebol, Magnus Lívio de Carvalho, e prevê a contribuição de R$ 1 mil mensais de cada conselheiro, em 24 meses. Durante esta prazo, qualquer que seja o jogador vendido, 50% do valor ficará para o clube e os outros 50% serão rateados entre os conselheiros participantes da campanha.


Este incentivo me faz pensar naquela velha questão do feudalismo e da corvéia (veja o livro do David Friedman online).

Basicamente, lá, o vassalo dava 50% da colheita para o senhor feudal, independente de quanto produzisse o que gerava, obviamente, um incentivo para a sub-produção (se eu sei que alguém vai me levar metade do que eu produzir, por que devo produzir muito mais do que o que preciso para comer?).

A adoção de incentivos assim fazem a gente pensar no porquê de existirem instituições ineficientes (este é o papel do economista, certo?). Pois agora minha pergunta é: o plano do pessoal do América é economicamente eficiente? Fazer um conselheiro pagar R$ 24 mil (R$ 1 mil/mês, 24 meses) para, em troca, receber 50% do valor total dos jogadores vendidos no período é um bom incentivo?

Primeira tentativa de responder a esta pergunta (com alguma pressa):

Supondo que o número de conselheiros seja fixo, digamos, "T", então cada um terá, após 24 meses, o custo total de R$ 24 mil. O benefício total depende de diversas variáveis que influenciam o valor do plantel. Bem, suponha que o time não pretenda vender todos os jogadores (isto é compatível com a notícia, se você a leu inteira). Então o time pode vender uma parcela do total de jogadores. Vamos chamar o valor presente do fluxo total de receita adquirido com as vendas de "J". Assim, temos que cada conselheiro receberá: J/T - 24,000.

Obviamente, J é função de diversas variáveis como o desempenho do time e tudo o mais. Então J=J(.). Mas isto não é suficiente para me fazer desembolsar esta grana toda a cada mês. Afinal, o que importa para mim, hoje, é o quanto eu espero receber - E(J(...)) - e não o valor de J daqui a dois anos que, aliás, eu desconheço (só Deus sabe, desde que ele não jogue dados...). Logo, a expressão relevante na cabeça do conselheiro é: E(J(...))/T - 24,000.

Agora, E(J(...)) é uma variável aleatória com uma distribuição que não conhecemos. Bem, o problema pode ainda ser resolvido com algumas hipóteses sobre a distribuição e tudo o mais, certo? Certo.

Segunda tentativa

Suponha que o conselheiro seja o principal e a gerência do clube seja o agente. No esquema "sharecropping", a gerência leva s(x) = a*f(x) + F onde F é uma constante e a < 1. Este é o modelo tal como exposto na segunda edição do "baby Varian", cap.32. A maximização desta função se dá com o controle de x e resulta em:

a*PMG(x^) = CMg(x^)

Que é um resultado ineficiente (pois este só ocorreria se a = 1).

Mas esta não é, ainda, uma boa modelagem. Isto porque, no caso do América, o esquema é destinado a incentivar os conselheiros a arcarem com parte dos custos do time com a promessa de um retorno fixo - em termos percentuais, certo? Certo. Mas há uma pista aqui: retornos marginais.

Sugestões?
Mr. Bendukidze e a Georgia

Trecho: Ultraliberal in his economics, Mr. Bendukidze, a Georgia native and a biologist turned corporate raider, became a multimillionaire oligarch in Russia, though he did not take part in the big, controversial auctions there. Instead, he bought small companies and put them together. In June, Georgia's new populist president, Mikhail Saakashvili, asked him to leave his company, United Heavy Machinery, to return to the land he left after college and help do the heavy economic lifting.

"The president wanted to find accomplished, successful Georgians, and take advantage of their experience,'' says Zeyno Baran, a Georgia expert at the Nixon Center, a foreign policy institute in Washington. "Bendukidze was one of the very few people who made money legally in Russia.''

But Mr. Bendukidze, a large man with a big agenda, has ruffled many feathers with his attempts at market reforms in Georgia - largely by inviting private investors in - efforts through which he, Mr. Saakashvili and a circle of reformers want to jump-start the economy.

Under Mr. Shevardnadze, many tiny enterprises were privatized, but only a few large, important businesses, like the Batumi Oil Terminal. Mr. Bendukidze's list, however, has 1,800 enterprises of all sizes - including a proctology clinic, vineyards, factories, a hydropower station, Georgia's aging airport and beach resorts (refugees included). At the dusty Ministry of Economic Development, off Tbilisi's main street, Mr. Bendukidze has set up a hotline and a Web site (www.privatization.ge) for anyone interested in buying government-owned assets. Turks, Europeans, Americans and especially Russians have been poking around.
Eu não entendo mais nada

1. Segundo o "O Globo" (registro rápido), o ministro Furlan disse: "Os EUA são os maiores investidores e também os maiores clientes do Brasil, mas o crescimento do comércio bilateral está abaixo da média (de expansão) brasileira no comércio bilateral e nos investimentos."

Pergunta: mas isto é necessariamente ruim? Estar abaixo da "média da expansão brasileira no comércio bilateral e nos investimentos" significa, exatamente, o que? Há um índice calculado para isto? Fiquei curioso. Se alguém conseguir traduzir, agradeço.

2. Segurança Nacional, versão século XXI? - Ainda no mesmo jornal: "Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e o do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, discutiram a criação de um fundo para dar garantias aos financiadores do comércio exterior.

O fundo seria constituído com recursos do BNDES, de bancos venezuelanos e da Cooperação Andina de Fomento (CAF). O fundo poderá ter, a princípio, dotação de US$ 300 milhões a US$ 400 milhões e financiar operações de comércio exterior de até US$ 1 bilhão.

Lessa disse ainda que está sendo negociado por empresários brasileiros, venezuelanos e argentinos um grande projeto industrial. Ele não quis adiantar qual é o projeto, mas disse ser "um sonho de fácil execução".

Pergunta: Vamos pagar a conta exatamente do que? Estou curioso.

Claro, por último:

3. Para que time torce Hugo Chávez? - "Hugo Chávez criticou duramente a força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti em seu discurso na noite de quarta-feira na 18ª Reunião de Chefes de Estado e de Governo do Grupo do Rio. Segundo ele, a missão da ONU naquele país, chefiada pelo Brasil, "repete esquemas já fracassados anteriormente no mundo".

Pergunta: Chávez tem pretensões imperialistas?

quinta-feira, novembro 04, 2004

Summerhill was here

Posted by Hello

William Summerhill was here, in BH (IBMEC-MG) and gave us a great lecture about the Imperial Economic History of Brazil. People forgot to take pictures during the lecture but I took three pictures in the Pampulha Airport. One of them shows Summerhill, Playboy in the newsstand, a Bill Clinton's book and, of course, his new book of jokes: O Certifólio do Machão (from the amazing MMM's movement).

But he asked me to not put it here or I could be bombed :)
Se eu fosse Bush, leria isto

Tyler Cowen tem boas sugestões para o segundo mandato de Bush. Aliás, se Kerry houvesse ganho, creio, os conselhos seriam os mesmos.

1. Eliminate all farm subsidies, tariffs, quotas and price supports.

2. Tell Western Europe it is paying for its own defense from now on.

3. Admit that the Medicare drug prescription bill was a mistake. Repeal it, and consider a revenue-neutral benefit that does not discriminate against prescription drugs. Introduce means-testing for Medicare to stop that program from bankrupting us. I would rather cut this benefit than repeal the tax cuts [tax shifts, correctly, though spending discipline could turn them into real tax cuts.] The long-run benefits of greater capital accumulation remain significant.

4. Negotiate bilateral free trade agreements as rapidly as possible. Start with Japan, the second largest economy in the world.

5. Strengthen America's commitment to science. This will have implications for educational policy, immigration policy, and regulatory policy. Don't restrict stem cell research. Hope that science comes up with affordable and politically sustainable solutions for global warming and clean energy independence. You might have libertarian objections to science subsidies, but the realistic alternative today is more government intervention.

6. Strengthen early warning systems against infectious diseases. Increase research into cures, vaccines, immunity, and the like. We don't want the world to lose fifty million people to avian flu or some other malady.

7. Take in more immigrants, but demand higher levels of skills and education. At the very least, take in any revenue-positive immigrant.

8. Abolish the Department of Education.

9. Abolish the Department of Energy.

10. Repeal all corporate welfare.

11. Repeal the corporate income tax. Repeal the Alternative Minimum Tax. Admittedly these are "ifs," depending on fiscal considerations.

12. Get on TV and tell the nation that a free economy is a critical source of our strength. Tell them you mean it, and then mean it. Economic growth is the greatest long-run gift we can give to the world.
O Terra Mail, mais uma vez, por terra

Mais um dia de dificuldades de acesso ao Terra Mail. Isto acontece de vez em quando e é irritante. Por que é que os portais não adotam uma política mais bem educada?

Algo como tirar a mensagem "operação inválida" (mania de advogado, não?) e colocar uma mensagem como: "estamos fora do ar por motivos técnicos e (como somos melhores que a concorrência) estaremos de volta possivelmente em X minutos"?

Seria bem menos desagradável...
Paul Krugman deve estar se mordendo: Bush venceu

Paul Krugman é um bom economista (muito bom). Mas desde que começou a se dedicar apenas ao jornalismo econômico, em algum momento, ele se perdeu. Basta ler suas colunas: são todas ataques aos republicanos.

Não me entenda mal. Eu tenho simpatias por algumas idéias dos republicanos e acho saudável o debate (sem conselho de jornalistas ou outras formas de repressão de bastidores...) de idéias (e idéias boas vencem as idéias ruins, não tem esta de "templo da concordância". Se 2 + 2 = 4, não tenho porque afagar os cabelos da mocinha que diz que 2 + 2 = 3.56...).

Mas acho que Paul Krugman perderia menos credibilidade se não se concentrasse tanto em ataques (quase) pessoais ao presidente reeleito.

De qualquer forma, eis aqui um conservador (republicano) que tentou encarar os dois lados, digamos, sem mau humor, e com menos virulência do que Krugman.

Primeiro ele tentou dizer aos republicanos como aceitar uma possível derrota numa boa (A Plea for Democracy) e, em seguida, fez o mesmo para os recém-derrotados democratas.

p.s. Eu falei do Krugman, mas existem outros jornalistas que não conseguem se separar de suas preferências pessoais na hora do pênalti. Por isso eu sempre acompanho este site.

quarta-feira, novembro 03, 2004

You Can Fool Some People Sometimes

Esta me foi enviada pelo sempre perspicaz Alessandro Marques (falando em perspicazes, por onde andará o nosso recém-formado economista Davi?).

Authors: Rasa Karapandza, Milos Bozovic
Comments: 10 pages, 1 figure, 4 tables
Subj-class: Statistics
MSC-class: 62-07

We develop an empirical procedure to quantify future company performance based on top management promises. We find that the number of future tense sentence occurrences in 10-K reports is significantly negatively correlated with the return as well as with the excess return on the company stock price. We extrapolate the same methodology to US presidential campaigns since 1960 and come to some startling conclusions.

Mais detalhes aqui.
Como ser funcionário público sem fazer concurso (e não falo de cargos de confiança!)

Ronald Reagan sabia dizer as coisas...

"O pagador de impostos [contribuinte] - é alguém que trabalha para o governo federal mas não tem que fazer concurso. __ Ronald Reagan"

p.s. um amigo meu me ligou para me convidar para seu casamento (tem gente que não desiste, he he he) e me fez a pergunta: quero ver agora se finalmente vamos saber quantos militantes do partido derrotado de Porto Alegre tinha cargo "cc" (cargos de confiança)".

Será que a transparência chegará a este nível na nova administração? A conferir.
Meu capital social vai bem, obrigado

Nem Putnam, nem Michael Moore. O capital social americano - se é como no título do livro do Putnam, vai bem, obrigado.

Pelo menos é o que constatou uma tese de doutorado.

Leo Monasterio vai ficar chateado com o resultado, acho. Nada que um bom boliche com os amigos não resolva...:)

Marginal Revolution: Excuse Me, Bob, We Don't Bowl Alone

terça-feira, novembro 02, 2004

Compre e me dê de presente...antes que eu gaste meu dinheiro! (não tem a ver com Economia, mas o Natal está chegando e eu estou sem grana)

Pouca gente jovem já viu filme dos irmãos Marx. É uma pena. São mais divertidos do que muita coisa do que se escreve sobre economia nos jornais. Eram Groucho, Chico, Harpo e Zeppo. Groucho é o mais famoso (a auto-biografia dele é de chorar de rir, além de ser um belo depoimento de como era a vida na era da Grande Depressão). Mas os outros irmãos eram bons também. Quer um exemplo? Veja o trecho abaixo.

"Chico wasn't interested in scripts; he was more interested in girls," Arthur Marx continued. "Harpo claimed he never wrote anything, not even letters. He sent a famous telegram on my father's birthday. It read: 'No message. Harpo.'"

Quer saber mais? Veja o link abaixo.

CBS News | Marx Brothers Classics On DVD | November 2, 2004?15:12:44
Parente de Van Gogh assassinado

Não é economia, mas me deixou curioso: o cara era parente do Van Gogh mesmo.

CBS News | Dutch Filmmaker Murdered | November 2, 2004?15:31:14

Por que? Bem, o cara era polêmico.

He has had formal complaints filed against him for making alleged anti-Jewish, anti-Christian and anti-Muslim comments in interviews and columns that he wrote. His many provocative statements including mocking a prominent Dutch Jew, making references to "the rotten fish" of Nazareth and calling a radical Muslim politician "Allah's pimp."
Apagando as velinhas este mês....

Upcoming birthdays and commemorative anniversaries of great economists and others:
November 1 - November 21


Born November 3: Amartya Sen (1933-).
Born November 5: Douglass C. North (1920- ).
Born November 7: Frank H. Knight (1885-1972) and Marie Curie (1867-1934).
Born November 18: Arthur Pigou (1877-1959).
Por que grupos radicais nem sempre implantam seus ideais revolucionários quando tomam o poder?

Hitler foi eleito e só implantou sua política nazista após um lapso de tempo. Há vários outros exemplos similares. Por que isto acontece? Uma sugestão é a de Tsebellis:

"...as mudanças institucionais podem demorar a ocorrer, e isso cria com freqüência a impressão errônea ou de estabilidade, ou de lenta evolução das instituições. Contudo, o motivo da lentidão na mudança institucional é a incerteza que envolve as instituições políticas, o que as torna semelhantes a investimetnos de longo prazo...". Ao perceberem que o resultado político é desvantajoso para eles, os atores políticos não tentam, necessariamente, modificar de imediato as instituições políticas. Ao contrário, continuam a trabalhar dentro do mesmo quadro institucional, esperando que, na próxima ocasião, condições externas ajam a seu favor. Somente após uma série de fracassos, é provável que a instituição política seja questionada. Mesmo então, porém, leva tempo para que se formem novas coligações políticas em torno de novas soluções institucionais". [Gerge Tsebellis, "Jogos Ocultos, EDUSP, p.106-7]

Ou seja, a turma do "quanto pior, melhor" é racional. Seja ela de esquerda, de direita, de centro, de cima, de baixo, etc.
Como vão os gastos com nossa defesa?

Não vão bem, embora a criação deste site seja um ótimo começo para se discutir isto.

segunda-feira, novembro 01, 2004

Eleição

Boas análises do resultado eleitoral de ontem em: Primeira Leitura.

Ainda queria ver alguém medir a eficiência econômica dos políticos (um dos posts abaixo).... :(

domingo, outubro 31, 2004

Guardem o nome dele: ainda pode ser Nobel

Laurence R. Iannaccone está na The Economist. Eu e o Ari já conhecíamos seus trabalhos de algum tempo. Aliás, parece que o Economics of Religion foi todo redesenhado.

Eis um cara com boas idéias...

Trechos: Are violent religious groups guided by an invisible hand?

PEOPLE who take their religious faith to violent extremes have achieved new notoriety in recent years. As it happens, many of the terrorist atrocities in the Middle East, America and Asia have been sponsored by Islamic radicals. The Taliban, for example, took control of Afghanistan in the 1990s, imposed a strict, religious system of government and created a haven for al-Qaeda. In Israel and the Palestinian territories, Hamas has been one of the most effective terrorist groups, by the grisly measure of success in suicide attacks.

(...)

Mr Berman's paper applies this lesson to the Taliban and Hamas, arguing that a similar economic logic might be at work. After all, he notes, these groups also provide many public goods. The Taliban restored law and order, of a sort, to Afghanistan. Hamas's affiliates provide health care and schooling. Extremist groups also seem to weigh carefully the costs and benefits of their ideologies and terror strategies.

He also argues that extremist groups are likely to be especially efficient at running a militia, because militias are prone to the risk of defection. Religious extremists can extract signals of high commitment from their members. They may require them to demonstrate their devotion to the cause by studying holy texts for years or by committing acts of destruction, of which suicide attacks are the most extreme example.


Para os meus alunos calouros: uma religião oferece bens públicos? Como a religião substitui o Estado na provisão de bens públicos? E, finalmente, a mais interessante (um ponto para quem formular a melhor resposta nos comentários até às 08:00 am de amanhã - eu mesmo avaliarei as respostas...mas o prazo é este que estou estabelecendo, conforme meu relógio): se o mercado e o governo podem falhar na provisão de bens públicos, a religião também pode. Explique e exemplifique as "falhas da religião".
Voto negativo

George C. Leef, no site da The Future of Freedom Foundation, faz uma proposta interessante (A Modest Proposal ): o voto negativo.

Voters should be allowed to cast either positive or negative votes. A negative vote subtracts from a candidate’s positive vote total. For each office, the voter could choose to either vote for a candidate or against a candidate. (“Against” votes might be printed in red ink, and people would have to be informed that they can only vote once for each office. At first, there would probably be some mistakes, but it would be worth it.) For each candidate, a net support total would be calculated by subtracting the “Against” votes from the “For” votes. The winner would be the candidate with the highest amount of net support.

Consequências (segundo o autor): 1. Possível aumento da participação nas eleições (o benefício líquido de votar negativamente aumenta?); 2. Possível aumento da competitividade política (pois a regra proposta leva a alguém que tenha 900 votos positivos contra 1 negativo a ganhar de um concorrente que tenha 1000 votos positivos e 999 votos negativos).

Parece uma idéia interessante. Mas será que o autor tem razão para tanto otimismo?
Perguntas inteligentes para economistas comuns

Estas do Landsburg eu realmente não sei como responder. Algum leitor arrisca uma(s) resposta(s)?

Pricing Madness

A new paper from Jeff Campbell and Ben Eden looks at prices of grocery store items and finds that:

1) The more recently a price has changed, the more likely it is to change again, even if you don't count temporary sale items.

2) The dispersion of newly set prices is not less than the dispersion of all prices.

Point 1) runs contrary to what pretty much any sticky price model predicts; point 2) runs contrary to what you'd expect if stores were trying to bring their prices into line with the rest of the market.

If you're looking for a resolution of all this, don't come to me. I'm still working on why the gas station down the street offers senior citizen discounts on Wednesday afternoons.

And while we're at it: How come a sandwich at the airport deli costs me twice as much as a sandwich at the deli down the block, but they'll both sell me a newspaper for the exact same price?
Eis aqui um post interessante: a diferença entre homens e mulheres

Steve Landsburg, um economista no melhor sentido do termo, é convidado do Marginal Revolution (link fixo aí ao lado), e colocou este post bem interessante. O link é este: Marginal Revolution: The Difference Between Men and Women e você deve pensar bem, leitor (leitor do sexo masculino), principalmente com relação à última coluna da tabela no final do post... :)
Recomendações de leitura

Recomendo fortemente a leitura da coluna da Suely Caldas, hoje, no "O Estado de São Paulo". Daniel Piza (mesmo jornal) também está ótimo.
Para que estes olhos tão grandes? Para te ver melhor. E por que estes juros tão altos, professor? Resposta a seguir

Mais uma do Gaspari, no mesmo link do post anterior.

Às vezes é preferível copiar o que os outros escreveram a tentar dizer a mesma coisa, em piores palavras. Mexendo no caldeirão de empulhações da ekipekonômica, a professora Eliana Cardoso ensina o seguinte:

“O aumento da Selic (...) condena a economia ao círculo vicioso dos juros altos e crescimento baixo. E mente quem diz que a prioridade do Banco Central é baixar os juros ao consumidor. (...)

O Conselho de Política Monetária (Copom) é refém, não do mercado financeiro, mas de um governo gastador. Com o aumento da Selic, o Banco Central cumpre seu papel de esfriar a demanda privada para o governo continuar gastando.

Ganhamos nós que temos emprego e dinheiro nos fundos de investimento. O resto da sociedade continua na chuva, ao deus-dará, esperando o Bolsa Família.”
A quem servem os sindicatos? A eles mesmos

Elio Gaspari, hoje, tem boas observações sobre o assunto. Como o link é móvel, aí vai um bom trecho da coluna dele.

A cobiça do baronato sindical

OMinistério Público e a Justiça Federal estão salvando a patuléia de uma tunga das centrais sindicais, em parceria com o governo. Trata-se de impedir que os sindicatos continuem avançando no bolso dos trabalhadores para cobrar taxas compulsórias e arbitrárias. Uma liminar da 21 Vara Federal suspendeu a cobrança desse ervanário, equivalente a R$ 1 bilhão anual.

Pela lei, o trabalhador formal trabalha um dia por ano para o seu sindicato. Isso equivale a 0,3% da sua folha e rende cerca de R$ 400 milhões anuais. Tanto faz se ele é sindicalizado ou não. De cada dez trabalhadores, só dois são sindicalizados. Há caso de sindicato com 85 sócios numa categoria de 10 mil trabalhadores, assim como há sindicato dirigido por diretoria com mandato de doze anos, mas isso é muito mais exemplo de mamata do que amostra do movimento. (As mamatas do sindicalismo dos empregados são menores do que as do corporativismo patronal, iluminado pelas verbas do $i$tema $.)

Durante os últimos vinte anos muitos sindicatos engordaram suas receitas cobrando taxas. Há sindicato tungando quatro, além da mensalidade e do imposto. Elas se destinam a remunerar atividades sociais e até mesmo as negociações com os patrões. Pode-se discutir se elas são bem ou mal administradas. O problema está na maneira como são arrecadadas. O senso comum sugere que se o sindicato quer cobrar uma taxa, só os seus sócios devem pagá-la. Valendo-se de meias-leis e meias-decisões, armou-se um esquema pelo qual o trabalhador paga, mesmo que não seja sindicalizado. O desconto vem no contracheque. O dilema é o seguinte:

A cobrança só deve ser feita se o trabalhador aderir ao desconto? Nesse caso, o sindicato só pode cobrar de quem autorize.

A cobrança deve ser feita a todos os trabalhadores, cabendo a cada um deles pedir que o sindicato o desobrigue ? Nesse caso, ele precisa mandar uma carta ao sindicato, pedindo a suspensão da cobrança.

As centrais sindicais entendem que a cobrança deve ser genérica. O Ministério do Trabalho (por apenas 17 dias, em abril passado) e a Justiça Federal (numa liminar) entenderam o contrário. Só deve pagar quem autorizou a cobrança, por escrito.

Diante da liminar, três centrais sindicais (Força, CGT e SDS) ensaiaram um rompimento com o governo e abandonaram o Fórum Nacional do Trabalho. Paulo Pereira da Silva, da Força, diz que o governo quer enfraquecer o movimento sindical. Logo esse Fórum, onde se cozinha, em conluio com o governo e a CUT, a institucionalização da tunga. Os barões e os comissários querem substituir o imposto de um dia de trabalho anual por uma taxa cujo teto, a ser aprovado numa assembléia de cada sindicato, será de três dias de trabalho por ano. A cobrança, é óbvio, será feita em cima de toda a categoria de trabalhadores.

Caso raro de pressão sobre o Judiciário por meio de um ato de hostilidade do Executivo.

Serviço: saiu em agosto um bom livro sobre essa questão, com idéias opostas ao que se leu aí em cima. Chama-se “A reforma sindical e trabalhista do governo Lula” e foi organizado por Altamiro Borges.