sábado, outubro 16, 2004

Nova versão do Gambit!

O freeware de teoria dos jogos mais interessante que eu conheço está de versão nova! Confira.

Gambit Game Theory Analysis Software and Tools
Instituições endógenas

Eis outro artigo que parece ser interessante: Trade, Tragedy, and the Commons. A idéia de analisar economias segundo a famosa "tragédia dos comuns" parece ser bem interessante.

Pensando: será que este modelo é aplicável (se não, então que modificações ele deveria ter para tal?) a problemas históricos como, por exemplo, as capitanias hereditárias?

Eis um bom modelo teórico para começar a se pensar nestes problemas de direitos de propriedade e crescimento.
Economia política dos valores religiosos

Eis mais um bom artigo sobre valores religiosos e campanha política.

Strategic Extremism: Why Republicans and Democrats Divide on Religious Values

E veja o abstract: "Party platforms differ sharply from one another, especially on issues with religious content, such as abortion or gay marriage. Religious extremism in the U.S. appears to be strategically targeted to win elections, since party platforms diverge significantly, while policy outcomes like abortion rates are not affected by changes in the governing party. Given the high returns from attracting the median voter, why do vote-maximizing politicians veer off into extremism? In this paper, we find that strategic extremism depends on an important intensive margin where politicians want to induce their core constituents to vote (or make donations) and the ability to target political messages towards those core constituents. Our model predicts that the political relevance of religious issues is highest when around one-half of the voting population attends church regularly. Using data from across the world and within the U.S., we indeed find a non-monotonic relationship between religious extremism and religious attendance."

Religião importa? Confira no artigo.
Diferença cultural importa?

Há estudos sobre crescimento econômico dizendo que sim. Outros dizem que não. Mas eis um ponto a se pensar neste comentário do Cândido Prunes (que não é economista): O brasileiro acabou tendo uma atitude de passividade em relação a como se obtém renda. Até a língua portuguesa dificulta o entendimento correto. Normalmente, perguntamos quanto alguém "ganha" por mês, para saber seu salário. Em inglês, a pergunta é quanto alguém "faz" de dinheiro. A diferença é total. Em português é uma benesse. Em inglês é um esforço.

A diferença linguistica pode não ser determinante (veja, por exemplo a Guiana Inglesa), mas dá um certo calafrio só de pensar nela... :)

sexta-feira, outubro 15, 2004

Demsetz, para quem não conhece

Se você não conhece Demsetz, eis uma boa chance de saber mais sobre ele e suas contribuições à economia.

O economista Roberto Tadeu de Souza Júnior, apresentou ao Conselho Superior da AGERGS a monografia de conclusão do MBA em Regulação de Serviços Públicos da UFRGS. O Trabalho apresenta um estudo detalhado das concessões rodoviárias do Rio Grande do Sul.
No trabalho Souza Junior faz uma análise do leilão de Demsetz (1968) como um meio de estabelecer a concorrência com relação a um monopólio natural (concessões de serviço público). Utilizando-se o caso das concessões rodoviárias gaúchas, o estudo faz uma análise comparativa entre o mecanismo de franchise bidding (leilão de Demsetz) e a regulação direta, identificando pressupostos teóricos, características, problemas enfrentados além de similaridades e diferenças existentes entre os dois modelos propostos.
Mini-curso de Escolhas Públicas

Se eu fosse aluno do PPGE-UFRGS, iria ao seminário do Jorge Vianna Monteiro em 10,11 e 12.11.2004. Eis uma boa chance de aprender mais sobre "rent-seeking" e outros tópicos ligados às alocações de recursos feitas por meios outros que não o mercado.

Seminários :: Programa de Pós-Graduação em Economia
PPGE de página nova

Melhorou substancialmente o visual da página nova do PPGE. E o conteúdo também foi alterado. Confira.

Programa de Pós-Graduação em Economia - UFRGS

quinta-feira, outubro 14, 2004

Boa educação e blog

Houve uma série de problemas nos comentários ao post sobre o texto do sr. Nassif. Como ele veio participar do debate, esperava-se boa educação de todos. Não foi o que aconteceu e foi a primeira vez que tivemos algo assim. Seria bom que não se repetisse.

O sistema de comments que adoto é um sobre o qual não tenho controle (nem sei se tenho login sobre ele, dadas as mudanças de micro e tudo o mais) e, portanto, não posso apagar comentários. Assim, fico numa situação na qual controlo os posts, mas não controlo a opinião de quem visita o blog. Várias vezes tive comentários anônimos (ou sob pseudônimos) dos quais não gostei. Isto não me incomodou muito, mas outras pessoas podem se sentir ofendidas. Não tolero censura, mas isto não é motivo para ser mal educado.

Vou pedir para a pessoa que se auto-denomina "Kricka" faça o favor de, se quiser criticar o texto do sr. Nassif, faça-o, mas sem ofensas pessoais. Difamação, não. Discussão de idéias, sim.

O objetivo do blog não é agredir as pessoas, mas discutir as idéias. Seria bom que todos se lembrassem disto antes de escreverem comentários. Isto é questão de educação, não de regras.

Que isto não se repita seria algo desejável.

quarta-feira, outubro 13, 2004

Sobre este blog: um esclarecimento

Este blog não está vinculado a qualquer instituição quer aquelas citadas nos links fixos ao lado, quer aquelas citadas nos posts e comentários. As opiniões aqui expressas têm o intuito de divulgar assuntos de economia de forma didática e informal sem qualquer intenção ofensiva a quem quer que seja.

Não há qualquer controle com relação aos comentários associados aos posts. Todos têm o direito de (não) visitar e (não) ler os comentários do blog, bem como (não) opinar sobre os mesmos.
Wonnacott & Wonnacott, Crusius & Crusius, Kramer vs Kramer e...Shikida & Shikida

Auto-propaganda desavergonhada :)

CARTA DE ACEITE

Caros Cláudio D. Shikida e Pery Francisco Assis Shikida
É com satisfação que comunico o aceite do trabalho intitulado "É O FUTEBOL O ÓPIO DO POVO? UMA ABORDAGEM ECONÔMICA PRELIMINAR", para a apresentação no III ECOPAR/Londrina 2004.

Solicitamos, até o dia 14/10/2004, às 8:00h, o nome e a confirmação da presença do apresentador do referido trabalho. Acesse o site do III ECOPAR (www.uel.br/cesa/ecopar ) para verificar o dia e a hora da apresentação, a partir do dia 18/10/2004.

Atenciosamente,
Profa. Solange de Cássia Inforzato de Souza
Coordenadora da Comissão Científica do III ECOPAR
Você sabe o que é cliometria?

Eu sei. Mas, se você não sabe, considere este encontro que será realizado em Madrid, ano que vem: Iberometrics II. Madrid - Spain.

E o nome do encontro ficou bom...
Polêmicas anteriores

Já que estou ficando famoso entre os amigos como um sujeito (muito) chato com textos errados, aí vão alguns links interessantes.

1. Desconstruindo Verissimo

a) Economia Everywhere!!
b) Crônicas da economia privada

2. A jornalista que criticou o relatório do Banco Central...mesmo sem entender do que se tratava

Verissimo num dia, jornalista da FOLHA no outro: nada como um dia após o outro

Neste último caso, o ombudsman do dito jornal apenas disse que a editoria não via problemas com o texto. Ou seja, publique o que quiser, que ninguém está olhando mesmo...

3. Nassif

O único que veio e comentou os comentários. Ainda o acho incorreto, mas pelo menos este não se escondeu atrás da "autoridade" de persona famosa.

Nassif se confunde e vou mostrar em que

Veja as respostas dele e os comentários meus e de outros nos "comments".

É isto aí. Não é só a CBS que é vítima de blogeiros. Nós também, quando pertinente, estamos aqui para corrigir e difundir bom conhecimento. E olha que não me pagam por isto. :)
9.10.2004, com algum atraso

Aí vai uma homenagem do prof. Iorio ao grande polemista, Roberto Campos.






ROBERTO CAMPOS E A RACIONALIDADE

Ubiratan Iorio ( publicado no Jornal do Brasil em 11/10/04)

Contra a insípida monotonia dos papagueadores de palavras de ordem, os argumentos sólidos; em resposta à enfadonha algaravia dos repetidores de chavões esquerdistas, a lógica irrepreensível e, em retruque às surradas falácias marxistas, a pura racionalidade e a profusão de contra-exemplos, orlados e enriquecidos por citações, que não eram trazidas de dicionários, mas da leitura atenta dos próprios originais. Assim era Roberto Campos, uma das maiores inteligências que o Brasil já produziu, fortemente robustecida por uma erudição que impressionou os maiores intelectuais da Europa e dos Estados Unidos, entre os quais não poucos laureados com o Nobel; Campos, que deixou este mundo há exatos três anos, aos 84 anos de uma vida dedicada – por mais que seus adversários tentassem carimbar o oposto – ao país que o viu nascer, em 1917, lá no velho Mato Grosso, no seio de uma família humilde, filho de uma costureira; Campos, economista brilhante, diplomata dedicado, semblante sério em alma de criança, busca inexaurível de saber, conhecimentos à altura de sua avidez em estocá-los e que extravasavam a mera Teoria Econômica, fina ironia e bom humor permanentes. Roberto de Oliveira Campos, o maior dentre todos os nossos economistas e, mais do que isso, um gigante entre nossos humanistas, cansado da falta de racionalidade no debate nacional, foi chamado pelo Criador – cuja doutrina sabia de cor e salteado desde os tempos de seminarista -, às oito e meia daquela noite de 9 de outubro de 2001, deixando apagada a lanterna da popa do navio Brasil.

Respeitado pelos parcos adversários dotados de cultura e inteligência e odiado pela grande maioria dos primevos e rupestres algozes desprovidos desses atributos, embora tidos, lidos e mantidos como membros de nossa intelligentzia, deixou um legado impressionante de serviços prestados ao Brasil, como funcionário do velho - e bom! - Itamarati, economista, professor, embaixador, ministro, político, articulista, ensaísta e escritor. Certa vez, para lermos, na Faculdade de Ciências Econômicas da Uerj, o que era um pálido resumo de seu currículo, para um auditório repleto e que o aplaudiu entusiasticamente de pé ao final da conferência, precisamos de cerca de cinco minutos, ao cabo dos quais comentou, com sincera modéstia, que acabávamos de divulgar o seu “prontuário policial”...

Há homens que nascem e vivem antes de seu tempo e cremos que Campos foi um deles. Se hoje – neste esgar expirante de socialismo, em que o governo federal bajula regimes decrépitos como o de Cuba e em que a polarização política parece convergir para dois partidos de esquerda -, é difícil, mesmo com o apoio da lógica e da clara evidência internacional favorável, defender-se idéias liberais no Brasil, pode-se imaginar o quanto deve ter sido penoso fazê-lo em sua época, especialmente da década de cinqüenta, o apogeu de estatólatras e nacionalóides, até o início dos anos noventa, quando, enfim, as profecias de Marx se realizaram - ao avesso -, com a implosão do império soviético...

Como o país está carecendo da clareza de seus argumentos, da coragem para enfrentar e desmontar tantos mitos e bobagens, que são montados e praticados, falados e escrevinhados, como se fossem verdades bíblicas! Da disposição para fazer o que precisa ser feito, da paciência para ensinar aos mais jovens, da aceitação de saber-se um Precursor, voz solitária no deserto! E, também, da resignação serena, quase apostólica, para ouvir turbilhões de críticas e ofensas desprovidas de qualquer sentido racional, sem desviar-se um centímetro do caminho reto!

Sem dúvida, o Brasil, nestes últimos três anos, está menos racional e mais obscuro.

terça-feira, outubro 12, 2004

Nada de meteoros de destruição em massa

Você acreditava que os dinossauros haviam morrido por causa de um meteoro gigantesco que teria atingido a Terra? Eu também. Mas agora há indícios de que a história não foi bem assim.
Qual o primeiro método?

Eis uma matéria curiosa. No título - e na leitura dela - você não descobre o que realmente faz a cabeça dos suicidas de Hong Kong. Por que? Olha o título: Charcoal burning is second most used suicide method in Hong Kong .

Agora tente descobrir o primeiro (mais usado) método... :)
Tudo que é interessante em Administração é feito...na Engenharia

Num post abaixo eu dei um puxão de orelha nos alunos de Economia. Agora é hora dos alunos de Administração prestarem atenção nas aulas de Pesquisa Operacional, Estatística e, claro, Cálculo.

Se nem isso os alunos aprenderem, então quem vai ganhar dinheiro mesmo será o engenheiro de produção. :)

O artigo abaixo apresenta um modelo que é bem familiar para quem já viu as curvas de custo médio em formato de "U" (administradores não têm problemas com isto. Alguns economistas, por outro lado, fazem discussões quase teológicas sobre o mesmo item. Acredite, é verdade!).

E o que os autores fazem é apenas uma generalização bacana do modelo chamado de "LEC" (modelo do lote econômico de compra). Se eu fosse aluno de Administração ou de Economia, pararia de choro com relação a gráficos e cálculos e partiria para os estudos. Compensa? Óbvio que sim...

An Economic Order Quantity Model For Time Varying Demand
Quem toma conta do Matheus? Ari, Patrícia, ou um terceiro?

Descubra estes segredos em: Who takes care of the children? The quantity–quality model revisited - Michael Lundholm and Henry Ohlsson - November 1998 (PDF).
Nós e Nassif

Nesta era do blog é difícil saber se quem nos respondeu é mesmo o Nassif. Mas parece que sim. E, na verdade, respondeu para mim (mas sobraram uns respingos para o Gilson, dado seu comentário sincero, porém ácido).

É isto aí. Das outras vezes não tivemos nada do Verissimo e nem da professora de Letras (o ombudsman da FSP foi inútil neste último caso). Desta vez, o interlocutor veio e respondeu. Nos comentários, eu faço mais observações e assim seguimos em frente.

Apenas para esclarecer, sr. Nassif, nosso blog não tem uma "homogeneidade" entre os membros (Ari, Leo, eu e Gilson). A idéia é apenas mostrar ao leitor que economia está em todo o lugar.

Obviamente, imprecisões são alvo de críticas aqui. O que não pode é que as críticas caiam no vazio. No seu caso, não cairam. Para o bem do debate e dos leitores permanentes e temporários deste blog. Sinto-me feliz com isto. Sempre me queixei dos professores - estes sim, picaretas - que diziam que Milton Friedman estava errado em X ou em Y e, em plena era da internet, ignoravam o e-mail do mesmo. Se a crítica é boa mesmo, por que não enviá-la para ele. Este é o mérito da discussão de hoje, creio.
Nassif se confunde e vou mostrar em que

Abaixo, sempre em itálico, entrecortado no texto do colunista Nassif, seguem meus comentários e correções à sua incorreta interpretação do trabalho de Kydland & Prescott.

LUÍS NASSIF

Os ciclos tecnológicos e a economia

Não conheço os trabalhos do norueguês Finn E. Kydland e do americano Edward C. Prescott, vencedores do Nobel de Economia.

As agências informam que eles receberam o prêmio pela contribuição ao desenvolvimento de novas teorias relativas aos ciclos e à política econômica, às flutuações cíclicas e suas conseqüências sobre as teorias econômicas.

Mais não disseram. Mas presumo que tenha algo a ver com as semelhanças entre o momento atual e o período mais comumente conhecido como República Velha -tema sobre o qual venho escrevendo nas últimas semanas.

Comentário: Caro sr. Nassif. Se não conhece os trabalhos – e honestamente reconhece que não – então deveria ser mais cuidadoso ao comentar o prêmio. Infelizmente, terei de corrigi-lo. Uma visão muito simplificada – mas útil para os leitores leigos deste blog está em um dos capítulos do livro de macroeconomia de Mankiw. Obviamente, o artigo clássico de 1977 (ver post abaixo) é útil e, claro, o senhor poderia consultar artigos sobre real business cycles. Vamos em frente.

A maneira como os fatos internacionais se interligam explica muito o que ocorreu tanto no início quanto no fim do século 20, nos períodos denominados liberal e neoliberal.

Nesses períodos, o mundo atravessara fase de grandes descobertas científicas, que evoluíram para inovações tecnológicas e o surgimento de novos setores na economia.

Os avanços provocam enorme liqüidez no mundo, e mudanças no sistema financeiro mundial, para reciclar esses ativos. É um movimento especulativo que se dá em torno de bolhas específicas, se esparrama para outros ativos e transborda a outros países. Em ambos os períodos, as bolhas surgem pela impossibilidade de estimar o potencial de crescimento das novas tecnologias. Criado o efeito manada, gera-se uma liqüidez endógena e a busca de ativos capazes de remunerar as expectativas crescentes dos investidores.

Comentário: Por não saber o básico, ou seja, a definição de “tecnologia” nos trabalhos teóricos dos autores (doravante, K&P), o senhor comete um erro sério aqui. Primeiramente, “tecnologia”, para K&P não são apenas “inovações tecnológicas”. Uma legislação que favoreça arranjos pouco favoráveis ao desenvolvimento econômico – como uma lei ambiental que desconsidere os incentivos para a eficiente realocação dos direitos de propriedade (pense numa barganha coasiana, por exemplo) – é, para K&P, uma forma de “choque tecnológico” negativo. Logo, quantos choques tecnológicos negativos existem neste período? Eu não consigo listá-los, até porque provavelmente diferem entre países (centrais, periféricos, etc), certo? Não confunda ciclos econômicos de um país com algum suposto meta-(mega-)ciclo mundial, sr. Nassif.

Além disso, não se deve partir para uma mistura da história com a teoria econômica como se ambas fossem a mesma coisa. Não são. Há diversas hipóteses sobre causas de ciclos econômicos e a de ciclos reais (doravante, RBC, seguindo o original em inglês) é apenas uma delas. Aliás, o qualificativo “reais” dos ciclos se deve ao aspecto tecnológico. Pois bem. Uma coisa é eu dizer que a “tecnologia” pode causar ciclos. Outra coisa é eu dizer que houve uma mudança tecnológica num período “liberal e neoliberal” (sic) e dizer que esta mudança foi responsável, por exemplo, por alguma “enorme liquidez no mundo”. K&P diriam que você tem de, primeiro, medir o choque de produtividade para depois analisar a história ou, no mínimo fazer as duas coisas juntas (claro, separando uma coisa da outra). Mas nada disso aparece neste artigo (ok, isso não caberia na Folha de São Paulo, neste espaço...). Vamos em frente.


Esse movimento abre as defesas do sistema financeiro internacional, que passa a abrigar indiscriminadamente capitais sem pátria e sem nome, que migram para esses países centrais e, a partir daí, são distribuídos para os diversos ativos financiáveis, até a seus países de origem.

Provavelmente os dois economistas devem ter se concentrado apenas nos efeitos sobre os países centrais. No caso dos emergentes, essa enorme liqüidez, a possibilidade dos investidores locais se associarem a esses fundos, provoca mudanças semelhantes nos dois períodos.

Comentário: Existe um insuspeito historiador – para os que não gostam de americanos (uma xenofobia boba, mas vamos lá, não é seu caso, nem o meu, mas muitos leitores podem entender isto) – francês, Paul Bairoch, que, num livro também anunciado neste blog, mostrou que esta história de “países centrais” e “países periféricos” não é assim tão robusta. Mesmo assim, suponha que eu aceite seu argumento. O trecho acima não tem nada a ver com o argumento, novamente porque K&P não são historiadores. Você pode até usar RBC para explicar o desempenho da história econômica mundial, sr. Nassif. Mas, convenhamos: se você mesmo disse que não leu nada deles, se não sabia da (obviamente problemática) definição de tecnologia de K&P, como pode dizer que os choques têm relação com uma (também problemática) divisão do mundo entre países “centrais” e “periféricos”? Prosseguindo...

No final do Império e início da República, há uma enorme expansão das companhias que se dedicam a explorar serviços públicos, especialmente devido ao novo papel assumido pelas cidades, com a urbanização acelerada. No final do século, são as privatizações.

Em ambos os casos, é necessário o livre fluxo de capitais, para permitir a maximização dos lucros dos investidores. Essa ideologia é espalhada a partir dos países centrais e se dissemina pelos emergentes. A volatilidade cambial acaba provocando uma apreciação do câmbio, com três efeitos. O primeiro, o de liqüidar boa parte das empresas brasileiras que tentavam substituir importações. O segundo, o de baratear a compra de bens de capital para os grupos maiores, ajudando a alavancar o período seguinte. O terceiro, um aumento substantivo do endividamento externo.

Há muito mais semelhanças nesses períodos. Até 1850, a Inglaterra aceitava capital de escravagistas. Até pouco tempo atrás, as legislações nacionais dos países centrais permitiam o livre fluxo de capitais, até de paraísos fiscais, impedindo uma diferenciação entre capital do crime organizado e de outras formas lícitas.
Em ambos os períodos, deve ter ocorrido um enorme fluxo de capital ilícito para os bancos internacionais. E um sem-número de operações suspeitas envolvendo os grandes bancos. A partir de um certo momento, ocorre uma depuração desses capitais, com os ingleses proibindo negócios com empresas que tivessem qualquer ligação com tráfico de escravos, e, agora, o enorme cerco ao dinheiro do narcoterrorismo.

Tudo reforça a sensação de que o país, dia a dia, se prepara para o grande salto similar, mas mais intenso, ao da Revolução de 30. Está tudo pronto para um reformador.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br

Comentário: Sr. Nassif. Uma coisa são choques de produtividade: eu invento um tacape ou a roda. Outra coisa é um choque ideológico. Além disso, é errado supor que nos países “emergentes” (isto é sinônimo de “periféricos”?) não existiam empresários querendo maximizar lucros. Havia sim e o senhor pode ter uma boa noção disto lendo, por exemplo, o livrinho “Os Parceiros do Rei” do prof. José J. Senna. O fato de alguém querer ser mais feliz (algo obtenível através de mais dinheiro) com menor esforço não era exclusivo dos habitantes dos “países centrais”. Africanos vendiam africanos como escravos (novamente recomendo o livro do prof. Bairoch para detalhes), empresários brasileiros viviam (e vivem) tentando lucrar às custas do resto da sociedade, enfim, a questão não é tentar criar um novo homem (Mary Shelley tem um bom livro sobre isto...). A questão é se você cria instituições mais ou menos favoráveis a que estas ações gerem um desenvolvimento virtuoso ou não.

Repetindo: não se trata de importar uma ideologia de um país central como o socialismo e tentar impo-la a um português recém-chegado ao Brasil (que, aliás, veio de um país central). A questão é como, a partir do fato de que o senhor e eu queremos ser felizes (e, provavelmente, com algum dinheiro no bolso), criamos instituições que nos favoreçam como um todo. Uma lei que nos proíba de roubar – e que seja efetiva – pode ser melhor do que uma estatal que me favoreça às suas custas. Sem querer ser chato no recomendar, mas há um artigo do prof. Acemoglu (MIT) com mais dois autores, os profs. Johnson e Robinson, que mostra – claro que é discutível, há um debate sobre o tema – que o problema das ex-colônias é...a falta de capitalismo no início de sua colonização.

Um ponto adicional que me ocorreu: legislação escravagista. O Estado (que não é, por definição, liberal ou neoliberal, exceto se se mantiver mínimo...e é difícil saber que incentivos a raposa deve seguir para não devorar o galinheiro) aprovava o tráfico de escravos. Isto, para K&P, seria um choque tecnológico negativo, não? Na verdade, eu não sei, sr. Nassif, mas o senhor poderia fazer um comentário mais preciso se considerasse isto na sua análise histórica.

Quanto à necessidade do reformador, por favor, sr. Nassif. O pouco que eu o conheço não me permite pensar no que estou pensando, não é? Ambos somos aversos (ou avessos, como erradamente dizem os economistas, eu incluso) a ditadores.

Concluindo, eu diria que o senhor certamente faria um comentário muito mais útil para os leigos no assunto se realmente tivesse lido algum material sobre K&P antes. Este que o senhor fez acaba gerando mais confusão do que ajudando. Não me entenda mal, mas RBC é justamente algo que ensino na faculdade e sei bem sobre o que estou falando. Talvez não tanto quanto meus colegas, mas certamente o suficiente para lhe dizer que o senhor está no caminho errado. Nada que não seja facilmente ajustado. Basta tomar cuidado. É admirável sua honestidade em dizer que nada leu dos dois autores. Mas poderia ter parado por aí, né?
Erros e acertos

Recebi esta mensagem de um amigo economista. Ele se lembra de algumas correções que promovi aqui. Uma vez o corrigido foi Luis Fernando Verissimo. Outra foi uma professora de Letras. Hoje é dia de Luis Nassif. Aguardem para daqui a pouco alguns comentários.

Abaixo o texto do Nassif. E, daqui a pouco, os comentários. Só esperem eu terminar umas fatias de desejada pizza.

LUÍS NASSIF

Os ciclos tecnológicos e a economia
Não conheço os trabalhos do norueguês Finn E. Kydland e do americano Edward C. Prescott, vencedores do Nobel de Economia.
As agências informam que eles receberam o prêmio pela contribuição ao desenvolvimento de novas teorias relativas aos ciclos e à política econômica, às flutuações cíclicas e suas conseqüências sobre as teorias econômicas.
Mais não disseram. Mas presumo que tenha algo a ver com as semelhanças entre o momento atual e o período mais comumente conhecido como República Velha -tema sobre o qual venho escrevendo nas últimas semanas.
A maneira como os fatos internacionais se interligam explica muito o que ocorreu tanto no início quanto no fim do século 20, nos períodos denominados liberal e neoliberal.
Nesses períodos, o mundo atravessara fase de grandes descobertas científicas, que evoluíram para inovações tecnológicas e o surgimento de novos setores na economia.
Os avanços provocam enorme liqüidez no mundo, e mudanças no sistema financeiro mundial, para reciclar esses ativos. É um movimento especulativo que se dá em torno de bolhas específicas, se esparrama para outros ativos e transborda a outros países. Em ambos os períodos, as bolhas surgem pela impossibilidade de estimar o potencial de crescimento das novas tecnologias. Criado o efeito manada, gera-se uma liqüidez endógena e a busca de ativos capazes de remunerar as expectativas crescentes dos investidores.
Esse movimento abre as defesas do sistema financeiro internacional, que passa a abrigar indiscriminadamente capitais sem pátria e sem nome, que migram para esses países centrais e, a partir daí, são distribuídos para os diversos ativos financiáveis, até a seus países de origem.
Provavelmente os dois economistas devem ter se concentrado apenas nos efeitos sobre os países centrais. No caso dos emergentes, essa enorme liqüidez, a possibilidade dos investidores locais se associarem a esses fundos, provoca mudanças semelhantes nos dois períodos.
No final do Império e início da República, há uma enorme expansão das companhias que se dedicam a explorar serviços públicos, especialmente devido ao novo papel assumido pelas cidades, com a urbanização acelerada. No final do século, são as privatizações.
Em ambos os casos, é necessário o livre fluxo de capitais, para permitir a maximização dos lucros dos investidores. Essa ideologia é espalhada a partir dos países centrais e se dissemina pelos emergentes. A volatilidade cambial acaba provocando uma apreciação do câmbio, com três efeitos. O primeiro, o de liqüidar boa parte das empresas brasileiras que tentavam substituir importações. O segundo, o de baratear a compra de bens de capital para os grupos maiores, ajudando a alavancar o período seguinte. O terceiro, um aumento substantivo do endividamento externo.
Há muito mais semelhanças nesses períodos. Até 1850, a Inglaterra aceitava capital de escravagistas. Até pouco tempo atrás, as legislações nacionais dos países centrais permitiam o livre fluxo de capitais, até de paraísos fiscais, impedindo uma diferenciação entre capital do crime organizado e de outras formas lícitas.
Em ambos os períodos, deve ter ocorrido um enorme fluxo de capital ilícito para os bancos internacionais. E um sem-número de operações suspeitas envolvendo os grandes bancos. A partir de um certo momento, ocorre uma depuração desses capitais, com os ingleses proibindo negócios com empresas que tivessem qualquer ligação com tráfico de escravos, e, agora, o enorme cerco ao dinheiro do narcoterrorismo.
Tudo reforça a sensação de que o país, dia a dia, se prepara para o grande salto similar, mas mais intenso, ao da Revolução de 30. Está tudo pronto para um reformador.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br

O incrível estado das artes

Esta notícia foi de domingo último no "O Estado de Minas". Não tenho acesso à sua versão online, mas, em resumo, a história é a seguinte.

Era uma vez uma escultura chamada "Outono", desaparecida há algum tempo. Hipóteses? Todas, menos a própria incompetência do Estado. O pior é que estava lá, num depósito da prefeitura, abandonada. O comentário do jornalista é irretocável: "...é inacreditável que o poder público desconheça seu próprio acervo e deixe peças de valor histórico abandonadas em um depósito. Não bastasse a estátua desaparecida estar sob a guarda da própria prefeitura, a autoridade pública só deu ciência do fato quase um mês e meio depois de a peça ter sido encontrada pelo funcionário do Departamento de Parques e Jardins".

E são os burocratas que dizem que podem cuidar da cultura melhor do que o setor privado. Eu, heim!?

Notícia original: "Esculturas juntas de novo". O Estado de Minas, 10.10.04, p.32.
Muito do que é interessante em Economia se faz...na Administração

Ok, vamos botar os pingos nos "i`s". Muito aluno (e professor) de Economia faz piada com o pessoal de Administração. E vice-versa. E é uma estupidez pensar que alunos que fazem prova e passam pela minha matéria não entenderam nada sobre vantagens comparativas.

Se a especialização é boa pois cria valor, porque é que os caras se especializam e ficam se ofendendo? Bem, há picaretas de ambos os lados - e não são poucos - mas eu acho que há muito mais ganhos com a troca do que em "autarquia".

Pois bem. Se você quer uma amostra, veja esta dissertação de mestrado defendida na Administração da minha amada (salve, salve!) USP: Um estudo sobre a demanda por jogos de futebol nos estádios brasileiros.

Óbvio que ela vai ter problemas e tudo o mais (o pessoal da Administração usa uma terminologia meio esquisita como "teoria da demanda" o que parece nos dizer que não há oferta, mas é apenas questão de terminologia), mas é original e interessante.

Não conheço o aluno ou o orientador (a dissertação me foi enviada pelo prof. Afonso, da Escola de Governo da FJP-MG), mas devo dizer: quando um aluno de economia me disser que não sabe o que fazer em sua monografia, após dois meses de aula de TPE, eu vou devolver a piada para ele: "você faz piadinha com o pessoal da Administração, certo? Bem, este aqui usou econometria aplicada a um tema interessante que, inclusive envolve muitos recursos econômicos aplicados. E você quer me dizer que não tem idéia? Quem é o sujeito mal preparado agora? Você ou ele?"
O mercado ajuda os artistas (UPDATED)

Há muitos anos, eu li "In Praise of Commercial Culture" do economista Tyler Cowen, e gostei muito. Era a primeira vez que eu lia algo tão óbvio (mas tão desconhecido para mim): a relação entre arte e mercado.

Agora leio que uma das opções de investimentos de alguns bancos privados na Cingapura (Singapore, em inglês) é, justamente, investir em arte.

Como funciona? Bem, alguns trechos da notícia talvez ajudem a entender.

Jurg Kaufmann, Executive Director, ABN AMRO Private Bank, said: "Everybody knows about equity and mutual funds, and how they work. An art fund is the same way, you buy a part of a larger class and you hope obviously, that this investment gives you good returns, but you don't have to worry about all the logistical issues."

Meantime, the more established Citigroup art advisory group offers more traditional services, such as advice on art acquisition, sales and art collection management.

But the services are only for high net worth individuals, those with investments of around US$5 million or more.

Alston Beinhorn, MD, Global Market Manager, Citigroup Private Bank, said: "Art funds would be limited to what is purchased in a fund by a fund manager. Whereas, our art advisory services are tailored to an individual collector and investor. So one might buy into an art fund, but he would have no control or say as to what is being bought or collected, perhaps other than strategy or theme."

Private banks say if you're into art as a passion, then collecting is a good idea.


Antigamente, nas aulas de microeconomia, era hábito dos professores dizerem que a teoria (micro)econômica era geral e que não podia ficar explicando exceções como obras de arte. Bem, a tecnologia mudou com o tempo e hoje o correto seria dizer que não podemos mais explicar um mercado que ignore a existência de um ativo tão admirado pelos "intelectuais" como a arte. Aliás, se arte não é explicada economicamente, alguém me explique isto: "Art is a maturing asset class; for many years it has been used as an anti-inflationary tool, offering long-term returns that compare favourably with those from equity and bond markets. Since 1950 art has returned between 11.5 and 12.5 per cent on a compound annual basis". É o próprio ABN Amro Bank quem diz.

Quer saber mais? Procure a página pessoal do prof. Cowen. Você vai gostar.

segunda-feira, outubro 11, 2004

Ciência Política que não foge dos dados

Boa aulinha de econometria para ciência política neste link (pdf).

E você achava que havia escolhido economia porque "gostava de números", heim? É, bicho, a vida não é fácil não...
Cultura importa? A mente árabe revisitada

Um artigo sobre um tema bem atual...

The Arab Mind Revisited - Middle East Quarterly - Summer 2004
Convocação para comemoração - Cervejada K&P

Atenção membros do blog (Leo, Ari, Gilson, eu mesmo) e demais leitores, leitoras e metrosexuais. Este post é uma convocação para a comemoração do Nobel. Ou hoje, ou amanhã, ou hoje e amanhã. Ou, quem sabe, sábado?

De qualquer forma, ficam todos convocados para um encontro com cerveja para comemorarmos o Nobel deste ano. Como um novo-clássico com tendências institucionalistas, só tenho a comemorar (ha ha ha).

Sugestões de datas e locais são bem-vindas. Se boa parte dos membros do blog for, já teremos uma foto para comemorar o prêmio (que não é nosso, mas é motivo para cervejada).
Kydland e Prescott

Continuando a "tietagem" (risos), as fotos dos ganhadores.


Kydland


Prescott

Fonte de ambas: Nobel Economics 2004
Other blogs that announced the Nobel Prize earlier or with us

Tyler Cowen and Alex Tabarrok did this just a few minutes after us (adjusting for the time zone, it's almost the same). You can read them here.

Also, Leo Monasterio (who is also here) followed us (but I am not sure about the inside information in the Nobelpreisbörse's site).

Arnold Kling has some comments here (but I don't know when he posted them).

People in Common Knowledge were almost with us too.

Nothing new in other blogs. Why am I writing this? Is this a race? No. The point is that I am still waiting for the google's and yahoo's bots that would give me the news quickly. As I can see, we, the bloggers, are better than machines.

Resistance is not futile, borgs! :D
Ainda o Nobel

Considere os dois trechos abaixo.

"We have argued that control theory is not the appropriate tool for dynamic economic planning. It is not the appropriate tool because current decisions of economic agents depend upon expected future policy, and these expectations are not invariant to the plans selected".

(...)

"If we are not to attempt to select policy optimally, how should it be selected? Our answer is, as Lucas (1979) proposed, that economic theory be used to evaluate altenative policy rules and that one with good operating characteristics be selected". [K&P, 1977, na seção "Summary and Conclusions"]

As palavras acima, do artigo clássico (e agora mais clássico do que nunca...) de Kydland & Prescott, mostraram que, embora o instrumental do "controle ótimo" fosse interessante para os economistas, o caráter individual das decisões econômicas - e sua conexão com o futuro (já que não vivemos apenas um dia em nossas vidas) - tornaria o mesmo inadequado se você pretendesse usá-lo como argumento para se discutir uma política econômica ótima.

Eu diria que a modelagem da política macroeconômica sob o instrumental de teoria dos jogos - o que é algo comum hoje - tem em Kydland & Prescott (1977) uma das suas melhores justificativas. Não é a toa que eles ganharam o prêmio.

Claro, se você, como K&P, aceita a importância da crítica de Lucas, então a calibragem passa a ser um instrumental mais adequado para a compreensão da evolução de séries econômicas do que a econometria (o que é um ponto polêmico, mas importante). Ciclos reais tem, em Prescott, um dos principais nomes, senão o principal.

Enfim, o Nobel foi merecido. E note que, como falei abaixo, o mercado já estava prevendo isto. E não falhou.

p.s. nota para alunos de graduação: você não escolhe "cestas" ótimas de bens, aqui. Você escolhe trajetórias ótimas. A intuição, contudo, não é difícil de se entender.
Nobel vai para ciclos reais

Kydland & Prescott, os autores do clássico artigo sobre inconsistência intertemporal, ganharam o Nobel. Não desmentiram a previsão do site de apostas que indicamos aqui.

O Nobel, deste ano, já era esperado. Prescott era figurinha certa em algum prêmio destes anos pois está na "idade" (eles nunca premiam um sujeito quando ele é novo). Não foi para a área de Economia Internacional, como alguns especulavam, mas qualquer aluno de macroeconomia de pós-graduação já teve de ler Kydland & Prescott (1977) : "Rules Rather than Discretion: The Inconsistency
of Optimal Plans", Journal of Political Economy.

Aliás, muito do que se faz em política monetária atual é herança dos ensinamentos destes caras.

Minha avaliação: Nobel merecido.

Ari, Gilson e Leo estão convidados a emitirem suas opiniões. Eu, como "novo-clássico enrustido" (segundo minha amiga Roseli, em conversa de corredor, 1994), estou contente. Imagino que o Arilton (IBMEC-RJ), que foi orientando do Prescott, deve estar comemorando... :)

Economics 2004
Kydland & Prescott vencem!

Economics 2004
Expectativas sobre o Nobel

Segundo a ABC, Tirole, Gene Grossman, Elhanan Helpman e Paul Krugman podem levar o Nobel. Eu não apostaria em Krugman.

Note que todos ganhariam por causa das teorias de comércio internacional (meus alunos-calouros devem se lembrar do capítulo de vantagens comparativas...)

Link: ABC News: Americans Expected to Win Economics Nobel.

E lembre-se: o resultado será anunciado HOJE.

domingo, outubro 10, 2004

É Bush neoliberal, liberal ou meio-liberal? Não. E não adianta dizer que é. Os dados não mentem

Sinto muito caras-pintadas, vocês estão errados. Note o debate neste link: Brad DeLong's Semi-Daily Journal: A Weblog: Why Oh Why Are We Ruled by These Liars? (Special Debate/Discretionary Spending Edition).

E vejam o gráfico abaixo.


Fonte: Budget House
Ensinando "sunk costs" (custos irrecuperáveis)

Você diz para (uma de suas) namorada(s) que vai jantar com ela, digamos, amanhã à noite. Ela deve te encontrar em sua casa em um determinado horário.

Ela chega arrumada, toda bacana e você aparece à sua frente de cuecas e meias e diz: "Na verdade a gente não ia sair. Isto era só para você entender o que são custos irrecuperáveis". (o exemplo original está aqui.

Para ser um custo irrecuperável, ele deve ser um custo para o qual não há opção. Ele deve ser incorrido de qualquer forma. Logo, não é um custo de oportunidade porque não haveria oportunidade.

No caso do exemplo acima, creio, fica a impressão de que haveria a possibilidade da mulher simplesmente não aparecer em sua casa.

A pergunta para vocês é se estou confundindo as coisas ou não. Deu-me a impressão de que este ainda não é um bom exemplo de custo irrecuperável.
Link fixo novo

O blog "Common Knowledge" aí ao lado. Vale a pena conferir.
Um artigo (muito) interessante

Em formato PDF (Acrobat), um artigo interessante para quem gosta de História Econômica e modelagem de jogos (relativamente) simples. Parece estar em formato preliminar, mas eu já estou ansioso para ler mais trabalhos como este.

Trading with Bandits
O capital é o trabalho (e vice-versa)UPDATED

Outro dia estava discutindo isto com um aluno (ou aluna, não me lembro mais) que insistia em usar alguns termos sem defini-los. Acho que eram "capital" e "trabalho" (ou "social").

Muita gente não percebe a importância das palavras e das definições (e por isto podem ser facilmente reprovados em matérias do curso) e nada como um bom exemplo para arejar a cabeça da patota.

A leitura do texto que está (registre-se para ler, é fácil e rápido) aqui me faz pensar seriamente sobre quem é "trabalho" e quem é "capital". Aliás, pelo visto, o "trabalho" quer ser "capital" e nem todos dispensam um tratamento paternalista.

Trechos: "
Quase meio milhão de trabalhadores passou a integrar o exército de microempreendedores do Rio de Janeiro nos últimos dez anos. Levantamento inédito do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) mostra que o número de autônomos e donos de empresas com até dez funcionários no estado chegou a 1,6 milhão em 2002 — 402 mil pessoas a mais que em 1992."

"— O governo é o meu quarto sócio. Nossa pequena corretora tem o mesmo tratamento tributário de uma instituição financeira, não temos direito ao Simples. Na área trabalhista, temos as mesmas obrigações que as grandes companhias de seguro. Não vale a pena ser empreendedor no Brasil. Hoje, se eu fizesse um bom concurso público e passasse, deixaria de ser empresário. É tudo muito cansativo — diz. "

Após ler estes trechos responda: "O sujeito é dono de seu meio de produção e não trabalha para outro patrão. Logo ele é........" (preencha o espaço, se conseguir).

Agora, outro ponto bacana desta reportagem é o que ela não diz, pelo menos diretamente. Para o sujeito ser empresário ele tem de correr riscos e a vida dele não é fácil. Quanto menos o governo for paternalista (não espere isto nos próximos anos, leitor(a)), mais ele será forçado a perceber sua real escolha entre ser ou não ser empresário. Num país com tantos problemas e entraves para se conseguir abrir uma empresa, mas também com um problema de empregabilidade, espanta-me o crescimento destes "empreendedores" no RJ.

Por outro lado, eu me pergunto se estes caras são empresários na definição, digamos, misesiana-kirzeriana do termo: pessoas alertas às oportunidades de lucro e que conseguem aproveitá-las e descobri-las (se for schumpeteriano, leitor(a), acrescente o qualificativo "inovador" à definição de empresário). Quando penso no camelô, eu fico com a impressão de que este é mesmo um empresário, ao contrário do que vejo em grandes sindicatos de empresários.

A propósito, eis aqui um bom artigo (em PDF) sobre "empresários" e "crescimento econômico". Note que o ponto central do artigo não é que um estoque maior de empresários é bom para o crescimento econômico. Pelo contrário, apenas direitos de propriedade bem garantidos e definidos, sob um sistema legal que não seja ineficiente gera os incentivos corretos para o comportamento pró-mercado dos empresários. Lembre-se que empresários podem ser criados pelo Estado (governo) através de subsídios, corrupção, etc.

Em poucas palavras: empresários que não surgem para arriscar (e não surgirão se perceberem que o Estado ou o traficante vão expropriá-lo logo e/ou se perceberem que a "mamata" dos políticos é uma opção melhor...) não são bons para o crescimento econômico.

Comentários?
Mais humor, agora de Economia do Conflito


Fonte: Reason
Quando um país realmente É uma federação

Leia o bom artigo de Jacob Sullum neste endereço: Reason: Commercial Potential: How marijuana and wine can improve our balance.

Claro, o máximo que eu fumo é um charuto. :)
Fora ONU

Eu já vi gente ser contra o Banco Mundial e o FMI pelos motivos mais bizarros. Mas ser contra a ONU é novidade para mim, embora seja estranho que nunca tenha sido citada nos protestos. Afinal, é também um órgão burocrático mundial com metas mundiais.

Minha aposta: a ONU é capturada por mais grupos de interesses do que o FMI e o Banco Mundial, que precisam se reportar financeiramente. Estou errado? Se sim, qual é a alternativa?

Aí vai a "voz do povo afegão" :) : Yahoo! News - Karzai Hopes Rivals Will Honor Afghan Vote
Humor

Humor de Public Choice


Fonte: UComics
Baden Baden

Uma boa observação do Leo é que, após a Ambev, a diversificação de marcas de cerveja aumentou. Engraçado, não? Não necessariamente.

De qualquer forma, o bom é saber que a dica do Ari, a Baden Baden, já é mundialmente famosa.

A Baden Baden, tradicional cervejaria de Campos do Jordão, integra o ranking mundial das cervejas artesanais feito pelo conceituado site sueco www.ohhh.myhead.org. A cerveja Baden Baden Red Ale Especial figura na 247ª posição entre as 6012 cervejas classificadas, todas artesanais e provenientes de 137 países. Com esta pontuação, a Red Ale aparece em primeiro entre as brasileiras, seguida pela gaúcha Schmitt Barleywine (880º), a catarinense Eisenbahn Dunkel (1.781º) e a carioca Devassa Ruiva (4.074º).

p.s. já a Bohemia está com um site bem fraquinho...