Cultura e globalização
Quase sempre encontro pessoas que insistem: "temos de ter reserva de mercado para nossos desenhos animados", "temos de ter reserva de mercado para nossa música", etc.
Estas pessoas sempre têm um argumento similar. Por exemplo, no caso dos desenhos animados, diz-se que os desenhos
estrangeiros são muito violentos. É aquele exemplo típico de quem acredita que brasileiro só produz desenhos não-violentos. Se este sujeitoa ainda for daqueles com discursos moralistas, dirá que não se deve legalizar a prostituição porque o HIV irá se disseminar rapidamente.
Certo?
Então só falta explicar como um morador do Rio de Janeiro produziria um desenho animado não-violento.... Como vimos num dos posts abaixo (thanks, Gilson), o Rio de Janeiro é mais violenta que Beirute, segundo recente pesquisa. Logo, o argumento de que nossa cultura tem algo de superior aos "diabólicos desenhos estrangeiros" é totalmente furado.
Mas não precisamos parar por aqui. Sabemos que muitos diretores de filmes francesesse inspiraram em filmes americanos. Por exemplo,
Jean Renoir adorava Hollywood e Truffaut foi muito influenciado por Hitchcock.
Nossa...que nó na cabeça do intelectualzinho de plantão que acha que sofisticação cultural é ter preconceito contra qualquer filme que não seja produzido na Europa...
Finalmente, a globalização cultural é tão forte assim? Parece que não. Observando os dados do mesmo pessoal que mediu o índice de globalização econômica, vemos que o Brasil ocupa uma colocação modesta no índice. Em 1995 estava em 37o, foi para 38o no ano seguinte e, finalmente, em 1997, estava em 34o. E a amostra só tem 53 países!
A grande lição, para mim, é: arte é livre. Não crie restrições. Incentive as manifestações culturais de todos os tipos (o Leo tem uma monografia interessante sobre o tema...ver o link fixo ao lado).
"Quem está sendo engolido pela globalização?" é uma pergunta sem sentido. Assim me parece.
The Cultural Globalization Index