sexta-feira, fevereiro 21, 2003

Ancara e a grana

Quem acompanha a saga da provável guerra contra o Iraque deve ter se deparado, ontem, com a notícia de que o governo da Turquia quer cobrar dos americanos pelo uso de seu território. Economicamente falando, nada mais correto.

O governo da Turquia mostra que questões morais como "paz e amor" ou "give peace a chance" (embora o mais divertido sobre estes chavões seja o título de um livro do engraçadíssimo P.J. O'Rourke: "Give war a chance") podem ser importantes, mas o aspecto econômico fala mais alto.

Claro, no final, alguém pode, não sem certa dose de razão, dizer que o pagamento norte-americano poderia servir para financiar um programa de assistência social do governo de Ancara. Por outro lado, o dinheiro pode acabar indo para outros fins menos nobres (do meu ponto-de-vista).

Contudo, a questão de Ancara ilustra um antigo problema de qualquer economia: o de bens comuns (bens públicos, bens de clube ou toll goods...todos quase sinônimos).

Formação de alianças para um determinado fim é tipicamente um problema deste tipo. Afinal, você tem de resolver diversos conflitos de interesses para conseguir que um grupo cumpra seu objetivo.

Um dos precursores desta análise era o falecido Mancur Olson Jr. - um sujeito que mudou a cabeça de muito marxista sério com o seu "A Lógica da Ação Coletiva" (em português, pela EDUSP). Outro famoso é o Todd Sandler.

Procurando material para informar você, meu leitor(a), encontrei, veja só, a página oficial dele.

Se você quer ficar com inveja, eu tenho um dos livros que estão indicados lá. Quem adivinhar qual é ganha um prêmio .

Links, bibliografia, etc

1. A página de Todd Sandler (indicada acima)
2. Economics and Conflict
3. The Dark Side of Economics (esta página é minha :-) )

quinta-feira, fevereiro 20, 2003

Lendas urbanas da Economia

Bem, Ronald Coase desfez aquela dos faróis como bens públicos (outra hora falo disto, se o Leo, o André ou o Ronald não postarem antes). Mas esta aqui é melhor: o clássico exemplo dos bens de Giffen.

O divertido artigo que estou linkando (linkando, postando....teria de ter aspas aqui....) resenha um estudo do falecido Sherwin Rosen, que coloca sérias dúvidas sobre a fábula das batatas irlandesas que seriam, segundo os velhos livros de Microeconomia (ah...o chatíssimo Ferguson...), um bem de Giffen.

The Irish potato famine teaches us the importance of distinguishing between temporary and permanent catastrophes. These lessons are underscored by the Great Famine research of the University of Chicago's professor Sherwin Rosen. But Rosen's work also demolishes one of the great fables of economics classrooms, shared by generations of economics professors with their students. Here's how the fable goes: Imagine a 19th-century Irishman who eats lots of potatoes and a little meat. As potatoes become scarcer and their price starts to rise, our Irishman's budget is strained to the point where he is led to cut back on meat and demand even more potatoes. The heightened demand pushes the price up further and we're off on a vicious circle.

Vou à dentista. Depois a gente discute mais, leitor.
Uma semana...

Já temos uma semana de blog? Acho que sim, né? E a participação é baixa, mas de qualidade, não? Meu objetivo pessoal - acho que é o mesmo do Leo - continua sendo usar este espaço para falar de aplicações econômicas na realidade (com a consequente desmistificação de algumas "verdades populares").

Parabéns para nós todos por termos sobrevivido por uma semana. Será que mais gente virá nos visitar? Eu duvido, mas vamos ver....

quarta-feira, fevereiro 19, 2003

Favelas e a racionalidade econômica

Muita gente cai no erro de achar que só quem estuda economia sabe do que fala. Na verdade, você entende mais economia se a estuda, o que é certo. Mas não precisa estudar economia para se comportar racionalmente.

Claro, todo mundo sabe que racionalidade pode não ser a forma de comportamento adotado em situações limítrofes, mas é bem razoável supor que os indivíduos sejam racionais em decisões que envolvam (re)alocações de recursos.

Um bom exemplo é este, que me foi enviado pela Margaret Tse, provavelmente não para este blog. Trata-se do favelismo ou, em português mais prosaico, o capitalismo na favela.

Não é preciso teoria econômica muito mais complicada do que a de um bom livro de Microeconomia para alunos de graduação para se explicar porque pobres também consomem.

Mas, como estamos falando de restaurantes populares, resolvi rebater um possível contra-argumento errado de alguns: a de que pobre é diferente de rico, que é consumista, egoísta e maximizador. Não senhor, pobre também é racional. O sujeito pode ser pobre, mas não é bobo.
Restaurantes populares

Esta, quem me enviou foi o prof. Pontual, coordenador do pós de economia da UFRGS.

Shikida,

casos interssantes de economia no dia a dia. Eu li no Jornal do Brasil no inicio de 2002. nao me lembro a data.

O Garotinho no RJ colocou aqueles restaurantes populares a R$1,00 a refeicao. NO centro, um PF sai em torno de R$3,00 ou R$3,50 (PF popular, eh claro). Bem, no restaurante da central do brasil, haviam filas muito grandes, gerando racionamento da refeicao.

Pois veja que comecaram a vender o lugar na fila! E por R$1,00 ou R$1,50. Ou seja, ao inves de pagar R$3,00, o cidadao que comprava o lugar na fila pagava, ao total, R$2,00/R$2,50 para seu almoco. Era uma situacao win-win, seja pra o vendedor de lugar de fila, seja para quem compra (repartindo os ganho de comercio)...

segunda-feira, fevereiro 17, 2003

Guerra! (adendo)

Segundo o próprio Nordhaus, do post Guerra! que está aí embaixo, as estimativas mais recentes dos custos de uma guerra contra o Iraque estão neste link.