sábado, outubro 23, 2004

Ainda o oil-for-food

Segundo o jornal Daily Times, baseado em informações da Reuters:

Russian firms and traders buying Iraqi crude were in first place with $19 billion worth of contracts among 64 nations.

Companies in France were a low second with $4 billion. Switzerland and Britain were next with over $3 billion. US companies were 26th place. The United States consumed some 40 percent of Iraqi oil but bought it through its own foreign affiliates or foreign traders.
Boas teses para serem testadas

Você pode ficar no confortável "blahblahmetrics" do "tudo vale, vamos ser amigos e não vamos discutir nada" ou pode testar teorias e tentar verificar se é possível saber se a causa do disparo do cavalo na estrada de terra foi a chicotada que você lhe aplicou ou se foi a influência de sua (do cavalo) leitura de um bom livro de Nietzsche.

Claro, isto é uma decisão pessoal. Mas eu duvido que alguém tome decisões pessoais apenas com base em hipóteses absurdas (eu acho que a segunda hipótese acima é um tanto quanto absurda, mesmo para quem quer ser "diferente"...), exceto quando isto não lhe custa nada.

Tá certo que é fácil falar bobagens quando isto não lhe custa nada. Um boteco pode ser um bom lugar para tal. Mas experimente defender a hipótese eqüino-nietschziana em frente a uma banca de professores seriamente comprometidos com a ciência.

Pois bem. Isto tudo para dizer que em economia há sempre hipóteses recorrentes. Hipóteses que sempre desafiam pesquisadores independente da sua geração. Pensando melhor, isto ocorre em qualquer ciência. Por que, então, boa parte das pessoas não fica incomodada com a diferença gritante entre, digamos, Aristóteles e Galileu? Porque possivelmente o custo das hipóteses deles, para sua vida, é muito baixo. E é baixo no agregado também (quantos cientistas existem em relação à população da Terra?).

Tanto faz se a órbita dos planetas é elíptica ou não ou se é a Terra que está no centro do universo, certo? Pelo menos, para minha vida, é. Mas pense em algumas hipóteses sobre inflação no Brasil da década dos 80. Para cada brasileiro (economista ou não), naquele tempo, era muito mais irritante não conseguir desvendar a força de cada hipótese (se é que algumas não estavam erradas) sobre a inflação. Por que? Por causa do bolso: o poder real de compra do sujeito estava sendo afetado, né?

Mas isto mostra apenas que: (i) Galileu (ou Aristóteles, Ptolomeu, Copérnico, Lamarck, Einstein, etc) foi importante, embora você não perceba isto no curto prazo. (ii) Hipóteses sobre um mesmo fenômeno podem atravessar gerações e, finalmente, (iii) Aquilo que mais atinge sua vida costuma te incomodar mais (um físico ficará revoltado se você disser a ele que não se importa com a polêmica do Galileu, não ficará? Mas fale a ele sobre a neutralidade da moeda e pode ser que ele nem ligue para sua angústia sobre isto...).

Dito isto, pense em quantas hipóteses o trecho abaixo possui. E, mais ainda, refletir sobre quantas estão erradas, certas, ultrapassadas (ou não) pode ser o início de um bom trabalho.

O trecho abaixo é isento de erros? Não? Em parte? Como você sabe? Tem como medir? Não? Etc.

É exatamente aqui que termina o tal senso comum e tem início a pesquisa científica. Pelo menos para quem não quer, digamos, dar bom dia a cavalo...(e olha que este negócio de ciência é bem complicado...:)).

Trecho: A acentuada desigualdade de renda no Brasil é resultado de um longo processo histórico de manutenção de uma economia fechada, dependente do Estado e baseada em programas de substituição das importações. As fortes conseqüências desse procedimento giram em torno da incapacidade de conduzir o país a um crescimento sustentado, tendo em vista os escassos momentos de expansão real da economia. A avaliação é do diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (CEM/FGV), Carlos Geraldo Langoni.

“A desigualdade é um subproduto involuntário dessa estratégia de uma economia fechada”, avaliou Langoni durante palestra no seminário “Comércio Exterior – A Nova Abertura da Economia”, promovido pela FGV em parceria com o Globo Online e o jornal O Globo, nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro.

Segundo o diretor do CEM, os custos econômico-sociais dessa política foram tão elevados, que na década de 90 o Brasil enveredou por um processo que o economista classificou de abertura unilateral da economia. Ou seja, o país começou a reduzir barreiras tarifárias e não-tarifárias. No entanto, argumenta Langoni, faltou o complemento de uma política mais firme para promover as exportações. A abertura comercial mais consistente, afirma, não foi resultado de uma decisão estratégica e consciente do governo, mas produto de uma crise cambial.
Alchian e Allen estavam certos

Um tema que sempre me volta à mente (este é culpa do Leo, que adora o paradoxo em questão) é o paradoxo de alchian-allen.

E aqui vai um artigo razoavelmente simples que não refuta o argumento: Shipping the Good Apples Out? An Empirical Confirmation of the Alchian-Allen Conjecture.

Esta é sempre uma boa idéia para se pensar e repensar...

sexta-feira, outubro 22, 2004

Quem (não) diria...

Esta é boa...

Segundo pesquisa da ONG "Viva Rio", divulgada no começo da semana, 62% das pessoas que entregaram armas tinham mais de 50 anos. 70% têm, ao menos, o 2o. Grau e 68% pertencem à classe média. Os jovens com até 30 anos representavam apenas 5% dos que se engajaram na campanha de desarmamento. Além disso, as armas entregues são, em sua maioria, antigas e apenas 6% delas eram de uso restrito.

O programa de desarmamento criou apenas mais uma clivagem social no Brasil. De um lado, a classe média cumpridora das leis, desprotegida pelo Estado e sem instrumentos de autodefesa contra a violência. De outro, jovens delinqüentes (muitos menores acobertados pelo "ECA"- Estatuto da Criança e do Adolescente) fortemente armados, inclusive com metralhadoras e granadas (o que sempre foi proibido para civis).
Uma imagem vale mais do que mil palavras?

Quando digo para os meus alunos que "uma imagem vale mais do que mil palavras, mas mil palavras podem não ser suficientes", eu normalmente quero dizer isto.

Não se engane. Ao ver a foto pela primeira vez, pensei o mesmo que você, leitor.
Quem ganhou com oil-for-food?

* Vladimir Zhirinovsky, the Russian Liberal Democratic Party leader, and companies associated with his party were allocated 53 million barrels.
* Alexander Voloshin, chief of staff under former Russian President Boris Yeltsin, was allocated 3.9 million barrels of oil from May to December 2002.
* Oscar S. Wyatt Jr., a prominent Texas energy investor with a long history of dealings in Iraq, received vouchers for 29.7 million barrels, according to press reports.
* Benon Sevan, the U.N. chief of the Oil-for-Food Program, received an allocation of 13 million barrels.
* Charles Pasqua, a businessman and former French interior minister, received an allocation of 11 million barrels.
* Megawati Sukarnoputri, the former Indonesian president, was allocated 6 million barrels.


Para mais detalhes, clique no trecho e veja o link. Como sempre, um tema me vem à mente: a reforma da ONU. Quando será que isto será seriamente discutido?
Como Hans Blix mudou sua versão dos fatos...e incentivou a guerra?

Artigo polêmico - mas bem interessante - sobre como as declarações de Hans Blix foram alteradas...por ele mesmo gerando um reforço no argumento pró-invasão do Iraque.

Clique no trecho para ler a matéria.

The final nail in Iraq's coffin was provided by Hans Blix. Today he takes an 'I told you so' approach to Bush and Blair, contrasting his own rational approach to Iraq's alleged WMD with America and Britain's hysterical warmongering, and declaring that Saddam got shot of his WMD 10 years ago. He's changed his tune. At the end of January 2003, six weeks before Bush and Blair launched their war, Blix said no such thing about Iraq having no WMD. Instead, like other weapons inspectors before him, he raised suspicions and, in the words of one report, 'buttressed' the pro-war campaign
Economia e meio ambiente (para bom estudante, um pouco de esperteza basta)

Meus alunos podem aprender um bocado (e discutir muito) com este texto. Claro, não apenas os alunos, mas os leitores deste blog podem gostar da discussão.

Trecho: There is environmentalist confusion between the mastery over nature and the destruction of nature. Control over nature means reshaping the natural world to meet human needs - for example, developing medicines to fight against disease or building dams to prevent flooding or generate electricity. This is not the same as destroying rain forests or making animal species extinct.

Nature has sometimes been destroyed as a side-effect of economic growth. But the aim of economic development is to benefit humanity rather than to destroy the natural world. It is important to remember that richer societies are in a much stronger position to create a positive environment for human beings than poor ones.

The remainder of this essay will examine the key tenets of environmentalist economics in more detail. It will argue that, in addition to being undesirable, the environmentalist worldview is based on fatally flawed assumptions.
Conferência online

Se eu tivesse tempo eu assistiria. Mas, você, que está aí, de pernas pro ar :), pode ligar o micro e acompanhar a discussão. Promete ser interessante. Tem Robert Higgs (o excelente historiador/economista) e Ron Bailey (editor de ciências da Reason), por exemplo.

Watch online TODAY (Friday) Cato's conference on "Lessons from the Iraq War: Reconciling Liberty and Security," featuring David Boaz, David Kelley, Deroy Murdock, Charles Pena, Jacob Hornberger, Nick Gillespie, Ed Hudgins, Robert Higgs, Ron Bailey, Christopher Prebble, Ted Galen Carpenter, and others.

9:00 a.m. - 4:00 p.m. (Eastern Time)

http://www.cato.org/events/041022conf.html
Blogs

Blogs no Iraque. Isto é possível? Claro, e as novidades que eles contam sobre o país são animadoras. Veja mais em: Liberation Online - A look at Iraq's bloggers. BY BRUCE CHAPMAN
Corrupção ONU-Iraque?

A velha questão do "oil for food" ainda está sob investigação. E, melhor ainda, você pode ler mais sobre isto no próprio site do comitê independente de investigação. O link é este: Independent Inquiry Committee.

Como funcionava? Bem, aqui vai um resumo direto do "The Moscow Times":

According to a recent comprehensive report by Charles Duelfer for the CIA, Saddam Hussein's government earned $2 billion from kickbacks or surcharges, mainly on oil associated with the UN program after 1997.

His most profitable avenue to break sanctions since the early 1990s was from direct agreements with other governments, which amounted to about $7.5 billion, Duelfer said.

Much of this was possible because the oil-for-food program set up by the UN Security Council allowed Iraq to choose its own contractors. Saddam used this power to hand out oil vouchers that could be sold for cash to those who might help him get rid of the sanctions.

quarta-feira, outubro 20, 2004

Mitos de boteco

Vamos começar aqui uma série nova: mitos de boteco. A idéia é mostrar que o senso comum nem sempre é a melhor resposta para uma pergunta.

Há muitos anos, quando era aluno de graduação, li um trecho de uma reportagem de um australiano que, no início do século XIX (eu acho), descrevia o povo japonês como inepto ao trabalho. O texto era legal porque mostrava a falácia de se associar a causa do desenvolvimento japonês a alguma suposta ética confuciana...e pronto. Vale dizer: você pode achar até que isso tem a ver, mas quanto? Será que um avanço tecnológico é menos importante que uma ética confuciana?

Bem, remexendo na minha estante, achei um livro que ganhei há anos. Trata-se do livro-texto dos samurais (um manual para samurais) comentado por Yukio Mishima, alguém bem insuspeito para se defender samurais.

O trecho que se segue mostra qual era a idéia do manual acerca das atividades técnicas. Qualquer semelhança com o Brasil colonial é mera coincidência (dica: leia "Mauá, empresário do império" ou qualquer outra boa obra sobre a época):

O homem que adquire reputação de ser hábil numa arte técnica é um idiota. Devido à sua tolice em concentrar as energias numa coisa, tornou-se bom nela, recusando-se a pensar em qualquer outra coisa. Essa pessoa não tem nenhuma utilidade. [Mishima, Y. "Hagakure", p.69, Ed. Rocco, 1987]

Em miúdos: é exatamente o que Adam Smith não diria....

Comentários?
Como é que as mulheres fazem para complicar a vida com apenas 25 mil genes?

Os cientistas - que achavam que o ser humano tinha 100 mil genes - descobriram que só temos uns 25 mil. Eis a matéria com o título sugestivo: Wired News: Humans Aren't So Complicated.

Aí eu pergunto: como é que as mulheres conseguem complicar a vida com apenas 25 mil genes? :)
Como o governo engorda em sua luta contra a obesidade

Por que a administração Bush não segue uma política menos intrusiva em sua vida pessoal? Esta é uma pergunta que se faz, principalmente quando se pensa no problema da obesidade.

Link e trecho: Government Gets Fat Fighting Obesity: "The only solution is for Americans to demand ownership of and responsibility for their own health and fitness. Health and medical savings accounts are a good first step. Protecting the ability of health insurers to charge lower premiums for good personal habits would help, too. But most importantly, we need to return personal responsibility to the policy-making process. What each individual American puts into his or her body ought to be the sole concern and responsibility of each individual American"

terça-feira, outubro 19, 2004

Boa História Econômica: "A arte de acumular na economia cafeeira - Vale do Paraíba, século XIX"

Acabo de receber a tese de doutorado (publicada) do meu caro amigo Renato Leite Marcondes. Eis aí um livro que vou querer ler com cuidado. Quando vi o gráfico do ciclo da vida no final do livro, em um dos apêndices, não pude deixar de pensar que existe esperança na história econômica brasileira: nem todo mundo se esquece da teoria na hora de analisar a realidade.

Prometo a você que, assim que ler, farei uma breve resenha aqui. Mas, acredite, não deve ser um livro ruim. Eu sei da dedicação do Renato...
O caldeirão árabe

Entenda um pouco da confusão do Oriente Médio neste ótimo artigo de Charles P. Freund, na Reason. Clique no trecho para ler todo o texto.

Sex, Politics, Religion, and Egypt - Want to know how complicated the Mideast can be? Go to the movies (Charles Paul Freund)

Look, it's genuinely heartening that the Middle East's liberals are organizing themselves, demonstrating against their suffocating regimes, issuing manifestos, and otherwise working for reform. The same is true for those exasperated Arab liberals who have been writing angry articles and essays in the region's press and online denouncing the desiccated pathologies of Arabism. These are courageous people who deserve admiration and support. There is clearly a long-term effort under way to loosen the Arabist stranglehold that has been paralyzing the region's political discourse since at least the days of Gamal Abdul Nasser.

But if you want to know how complicated it can be to address the region's social and political issues while navigating its sensitive cultural context, you have to put down the op-ed page and make a quick trip with me to the movies. This summer, an exceedingly controversial Egyptian film entitled B'heb al Sima (I Love Movies) finally opened in Cairo. That film attempted to mix sex, politics, and religion, with the result that its completion has been delayed for years due to a combination of budget and censorship problems. Now that it's out, the controversies swirling around it have only become ever more complex.

segunda-feira, outubro 18, 2004

O que é um derivativo climático?

Isto mesmo. Um derivativo climático! E, outra pergunta: o que é climetrix? Você sabe? Bem, descubra mais sobre isto em: Weather Derivatives Market.

Divertido este negócio de mercados, não? :)
Você conhece o mercado de gás carbônico?

Não? Então dê uma olhada. Note que há um brasileiro nesta história. Mais detalhes? Leia: CO2e.com - The Global Hub for Carbon Commerce, Emission Control, Carbon Credits, GHG Trading & Consultancy Services.

A propósito, os alunos que farão o trabalho sobre microeconomia e meio ambiente já podem consultar a versão final da página do trabalho aqui.
Uma bela aula para alunos de graduação: bens públicos e externalidades

Se você é calouro e quer complementar sua leitura do Mankiw, eis aqui uma bela aula. O crédito é todo da profa. Maria da Conceição Sampaio de Sousa.

Claro, é formato Acrobat.
Índios e mercados

Quando um sujeito queima um índio em Brasília, ele não está apenas sendo cruel e desumano. Ele está também destruindo um potencial de capital humano brasileiro. Aliás, a cultura indígena é aversa ao capitalismo? Terry Anderson acha que não. E você?
O que Botswana tem?

A coluna do Gaspari de ontem chamou a atenção para um recente estudo (destes de "rankings") no qual o Brasil estava atrás de Botswana. E, claro, muito brasileiro não gostou (já o povo de Botswana...).

Por que Botswana está na frente? E em que? Bem, a matéria é esta: Hispanic American Center for Economic Research - Latin America should follow Botswana's lead e um bom trecho é este:

Botswana's secret: It has not made sharp political U-turns or changed the rules of the game for domestic and foreign investors. The absence of uncertainty encourages investment.

When I called Augusto Lopez-Claros, the WEF's chief economist, to ask whether there was a mistake in the ranking of Botswana, Tunisia and most Eastern European countries ahead of Latin America's biggest economies, he stood firmly by his study's findings.

Lopez-Claros said that in his survey the business community in Botswana complained much less than those of Mexico, Brazil or Argentina about such issues as the quality of public institutions, the evenhandedness of the government in its dealings with private firms or the incidence of crime in the cost of doing business. In other words, Botswana is offering a better business climate than all Latin American countries, except Chile.

My conclusion: Perhaps Latin America shouldn't only think about whether to get preferential access to the U.S. and European markets, but also about how to create the right conditions to attract domestic and foreign investments. Otherwise, free-trade deals won't be of much use.
Buena Vista Social Club

Como vai a economia de Cuba? Nada bem. Pelo menos é o que os números da matéria abaixo mostram.

Link: Hispanic American Center for Economic Research - Cuba: Small business just got smaller.

domingo, outubro 17, 2004

O mercado funciona

Bandidos são mais espertos que o governo? São. Enquanto o governo federal se esforça em desarmar cidadãos honestos (afinal, o desarmamento só atinge os que possuem porte legal de armas), os bandidos apostam, corretamente, nas motivações individuais.

Minha aposta: eles vão recolher mais armas do que o Estado. O artigo é do meu amigo Jorge Geisel, membro do Partido Federalista.

Além de picharem siglas de uma facção criminosa, os traficantes de Parada de Lucas que invadiram Vigário Geral há uma semana deixaram outras marcas nos muros da favela. Em cartazes colados por todas as vielas, os bandidos oferecem recompensa àqueles que disserem onde estão as armas da quadrilha expulsa.

O anúncio garante pagamento de mil reais para cada pistola e de R$ 5 mil para cada fuzil. As informações devem ser passadas para dois números de telefone celular. “Procuram-se as armas do Bonde do João”, dizem os cartazes, referindo-se ao traficante que estava à frente do bando que antes controlava Vigário Geral.

O valor pago pelo tráfico é muito mais alto que o previsto no Estatuto do Desarmamento. O governo federal paga hoje R$ 300 por um fuzil entregue e R$ 200 por uma pistola.

Outra estratégia adotada ontem pel os bandidos de Parada de Lucas, segundo a polícia, foi incitar os moradores a fecharem a Avenida Brasil. Por volta das 15h20m, um grupo interrompeu o trânsito por dez minutos no sentido Zona Oeste. Pneus e latões de lixo foram queimados e o congestionamento chegou à altura de Irajá.

Na tarde do último sábado, traficantes de Parada de Lucas, com a ajuda de bandidos da Favela da Coréia, em Senador Camará, e do Complexo da Maré tomaram os pontos de venda de drogas de Vigário Geral.
Ideologia importa?

Alberto Oliva acha que sim.

Trecho: No final da adolescência comecei a ler os duros ataques de críticos como José Ramos Tinhorão às músicas que tanto bem tinham feito à minha alma juvenil. Os formadores de opinião, fortemente influenciados pelo materialismo histórico, faziam duras restrições à arte divorciada de nossas raízes, à música acumpliciada com o Sistema, ao cinema que macaqueava Hollywood e não se engajava na luta contra o Dragão da Maldade.

O tempora! O mores! Tudo que não se enquadrasse nas bitolas do marxismo vulgar era visto como o cavalo de Tróia do imperialismo. O maior cronista brasileiro, Nelson Rodrigues, de tão patrulhado assumiu a condição de “o reacionário”. Os argumentos eram colocados a reboque dos enquadramentos ideológicos e as idéias reduzidas a posicionamentos. A arte só tinha valor se colocada a serviço da Revolução Proletária. Era diminuta a consciência de que, em qualquer época, o recomendável é deixar-se levar pelos sentidos, sobretudo pelo sexto, e pela razão, sobretudo a criativa, repelindo a camisa de força dos esquematismos ideológicos.
Mudamos

Para melhorar o visual do blog e centralizar os comentários num mesmo provedor, resolvemos alterar um pouco o estilo do blog. Pode ficar um pouco mais burocrático para comentar, mas é melhor para todos.

Aguarde mais novidades em breve!
Elio Gaspari e os reguladores capturados

A antiga hipótese de Stigler de que reguladores vivem uma relação, digamos, incestuosa, com os regulados parece encontrar eco no Brasil do século XXI.

Trechos: ‘Defender o mercado’ significa ‘tungar a choldra’

Toda vez que um empresário ou burocrata diz que uma providência é necessária para preservar investimentos ou por motivos estratégicos, a patuléia pode ter certeza: lá vem facada.

Há dois grupos de preservadores por aí. O primeiro está no setor aéreo. Como até as pedras sabem, duas empresas estão com um pé na cova. A Varig e a Vasp devem cerca de R$ 8,5 bilhões. A TAM, se for deixada em paz, vive. Desde o final do governo FFHH tenta-se uma operação de resgate da Varig, levando-a para o ho$pital do BNDES.

A partir de 2001 começou a operar a Gol. Voa na hora, cobra barato, não pega dinheiro do governo e dá lucro (R$ 113 milhões em 2003). É considerada uma das empresas aéreas com melhor rentabilidade no mundo. Os aerotecas civis e militares tratam-na como um estorvo.

Num país capitalista, quebrariam as empresas quebradas e sobreviveriam as empresas lucrativas. Tenta-se fazer o contrário. Costura-se no eixo Ministério da Defesa-BNDES um plano de reorganização do setor aéreo, suspendendo por dois anos a vigência da legislação contra a formação de cartéis. Ou seja, para salvar empresas quebradas vai-se enfiar a Gol (se ela quiser) num panelão de privilégios essencialmente destinado a lesar a escumalha. Caso raro de colocação da maçã boa na barrica das podres.

O segundo grupo de conservacionistas está no setor de comunicações. Diante da intenção da Anatel de abrir a discussão para a entrada no Brasil de uma nova geração de celulares, o tabelionato chiou:

Francisco Padinha (Vivo) disse que a chegada ao Brasil da nova tecnologia “pode ser prejudicial ao desenvolvimento harmonioso do mercado”.

Luis Eduardo Falco (Oi): “É preciso que haja retorno sobre o capital investido”.

É provável que a nova geração de celulares seja uma solução em busca de um problema. Na Alemanha, virou mico. A argumentação dos doutores, contudo, é falsa como uma nota de três reais. Quem se harmoniza é acordeom. Mercado compete. Capital investido não é cachorro de estimação, que tem retorno prometido.

Quando se pensa que o governo está aí para vigiar esse olho gordo no bolso da choldra, dá-se que o repórter B. Piropo, numa palestra, condenou as restrições existentes à expansão do sistema de telefonia por meio da internet. Essa nova tecnologia assegura uma brutal redução tarifária. Ouviu o seguinte do representante da Anatel justificando a conduta da agência:

“Isso rouba mercado das operadoras e faz parte da missão da Anatel proteger os altos investimentos que elas fizeram no setor”.

Aos contribuintes, uma banana. Na hora de cobrar tarifas aéreas caras, trata-se de preservar objetivos estratégicos do desenvolvimento nacional. Na hora da patuléia pagar menos por ligações telefônicas fala-se em “roubar” mercado. A escumalha só pode entrar no filme no papel de roubada.

O encarregado de preservar investimentos de empresários é o Padre Eterno. Suas casas, espalhadas por todas as cidades do país, são de livre acesso, com bancadas para genuflexões e silêncio para preces. A grande exceção fica ao lado do Convento de Santo Antonio, no Rio. Lá funciona a Igreja de Nossa Mãe do BNDES, gerida pela Irmandade do Espírito Santo do Planalto. /a>
Concursos para alunos de graduação: Economia, Política, etc

Fico feliz de ver que a competição ainda é a melhor forma de se premiar a competência acadêmica. Há alguns concursos na praça. Vamos ver se consigo listar alguns deles.

1. IBEF/SP e KPMG lançam o "1º Prêmio Revelação em Finanças" do Brasil(02/09/04) - Iniciativa é inédita na área e eleito receberá R$ 10 mil em dinheiro, entre outros benefícios. Inscrições já estão abertas.

2. Prêmio Donald Stewart Jr
* Em comemoração aos 30 anos do Nobel de Economia para Hayek, o Instituto Liberal escolheu como tema o livro O caminho da servidão que alertou o mundo para os perigos da centralização do poder.
* Os trabalhos deverão apresentar uma análise da obra no contexto do Brasil de hoje.


3. O Prêmio Luis Eduardo Magalhães é um canal de comunicação entre o ITN e a comunidade universitária. Por meio das monografias. os estudantes entram em contato com um dos maiores institutos políticos-partidários brasileiros. tendo a chance de conhecer políticos de expressão no país e participar das proposições de um grande partido.

Ao estimular o estudante universitário a refletir. pesquisar. buscar alternativas e dissertar sobre temas relevantes da atualidade, o Instituto Tancredo Neves possibilita ao jovem a participação na vida democrática do pais.
Participe! Leia com atenção o regulamento, envie seu trabalho, contribua com sugestões para o seu país e concorra a prêmios.

:: Como participar do Prêmio Luís Eduardo Magalhães

Temas:

.: 1984 - 2004: Vinte anos do pacto político constitutivo da aliança democrática - O Compromisso com a Nação. A transição no Brasil.

.: O voto no Brasil: do voto censitário ao voto eletrônico


Participar pode ser uma boa. Há mais concursos por aí. Basta dar uma "googlada".