sábado, junho 12, 2004

Zé Bolha e Juca Bala

Você se lembra da Turma da Gatolândia? Do Zé Bolha? Do Juca Bala? Estes e muito mais desenhos antigos (não necessariamente melhores que os de hoje) na Central RetrôTV.

Não tem nada a ver com Economia, mas você sabe que está ficando velho quando...
Isto sim é politicamente correto: quota para negros que se auto-denominam "Hitler"

Este sujeito sim, merece uma quota em universidade pública. Afinal, ele é o sonho de todo militante "politicamente correto". Parece piada, mas não é.

Vejamos: (i) o sujeito tomou as terras de fazendeiros brancos (acho que o MST gaúcho passaria maus bocados com ele. Afinal, o Stédile lembra muito mais um cabo da SS do que um soldado africano), o que o torna um "lutador da liberdade e contra a opressão branca"; (ii) lutou na guerra de independência do Zimbabwe, o que o torna um "herói nacional"; (iii) ele acha que a violência é necessária para se atingir seus objetivos, o que o enaltece aos olhos do pessoal do movimento "um outro Zimbabwe é possível (principalmente se for com terras estatizadas)" e, finalmente, (iv) ele se auto-denominou "Hitler" o que o torna um não-racista e modelo de tolerância. Afinal, nem um judeu coloca o nome do filho de Hitler ou Göring (o que, aos olhos dos mais fanáticos politicamente corretos, é sinal de intolerância anti-ariana....he he he...).

Nem o pessoal do Casseta e Planeta faria melhor....
Por que tantos modismos em administração? ou "Porque os administradores são mais confusos"

Outro dia ouvi - em um comentário bastante mal educado - que "economistas são muito confusos". É verdade que podem existir economistas confusos. Mas considere as ondas de "modismos" na Administração nas últimas décadas. Aparentemente, administradores parecem adotar diversas idéias diferentes, em um curto espaço de tempo, para resolverem os mesmos problemas. Talvez a melhor constatação deste fato possa ser encontrada nas tirinhas do genial "Dilbert".

Entretanto, esta não é uma prática restrita aos administradores. Conforme estudos de um dos maiores especialistas em regulação, Kip Viscusi, se as pessoas entendessem corretamente os riscos de câncer no pulmão, então fumariam mais! Vale dizer, aparentemente, fumantes e não-fumantes sobreestimam o risco de câncer no pulmão.

A proposição de sobreestimação - um desvio da racionalidade econômica - encontra-se, por exemplo, no famoso manual (de mestrado e doutorado) de Economia do Setor Público de G.D. Myles. Em algum lugar do texto, encontra-se uma justificativa para a intervenção governamental na formulação de poupança futura (ou seja, previdência pública). Basta imaginar que o indivíduo subestime seu futuro. Tecnicamente falando, imagine um indivíduo que viva dois períodos ("jovem" e "aposentado"). Assim, sua utilidade total é U(C1, C2) = U(C1) + alfa*U(C2). C1 e C2 referem-se ao seu consumo nos dois períodos. "Alfa" é a taxa de desconto intertemporal.

A intervenção do governo, neste caso, seria inútil. Entretanto, se você imaginar que o indivíduo não perceba corretamente o futuro (algo como: U(C1, C2) = U(C1) + beta*(alfa*U(C2)), 0 < beta < 1), então ele tenderia a subestimar o futuro e pouparia menos no período 1: eis aí a porta escancaradamente aberta para os políticos entrarem na sua vida e planejarem parte da sua previdência...

Ok, então temos aí dois exemplos de desvios da racionalidade. Alunos de períodos iniciais e/ou alunos que não são muito informados dos avanços da ciência não sabem que este tipo de anomalia (em relação ao modelo teórico "standard") é bastante estudado pelo pessoal da academia. Afirmações do tipo: "ah, isso é bobagem. As pessoas são irracionais. O que estou fazendo aqui?" são simples demonstrações de que o sujeito não leu a capa do último Journal of Political Economy, American Economic Review ou outro periódico sério da área.

Bem, dado o alerta, vamos à ajuda. Se você achou que jamais teria uma pista sobre isto, considere este texto. Ele o introduz a um argumento interessante, devido a Timur Kuran (um economista que você e eu deveríamos ler mais vezes...) sobre "cascatas informacionais". Aliás, o mesmo autor do texto indicado, Pierre Lemieux, tem um artigo um pouco maior - e fácil de ler se você já viu "Teoria dos Jogos para crianças", chamado Following the Herd.

Alguém poderia dizer, voltando ao início deste post, que os modismos em Administração são apenas manifestações do famoso fenômeno "não se pode enganar a todos o tempo todo". Pode ser. Mas se mexem no seu bolso, então você tenderia a se tornar mais cuidadoso ao longo do tempo, o que deveria tornar os modismos menos freqüentes (o que nos deixa uma outra pergunta: quanto de irracionalidade existe...e qual sua importância em relação à racionalidade perfeita?). Entretanto, a criação de uma idéia nova, seja ela a "reengenharia" ou "participação nos lucros" não é algo que se possa prever com facilidade. Aliás, inovações, sejam elas idiotas ou não, são, como nos lembra Schumpeter, de difícil previsão.

Para fechar, a questão não é se economistas são mais ou menos confusos que administradores e vice-versa. Para uma questão está mal formulada. Para uma piada, é de muito mau gosto...

sexta-feira, junho 11, 2004

Finalmente comprei!













O melhor resumo sobre Desenvolvimento Econômico que já li (ou pelo menos o mais engraçado)

Do meu livro de humor em desenvolvimento econômico favorito: "Eat the Rich". Hoje eu o redescobri ao percorrer um relativamente longo trajeto de ônibus...

A questão principal:

I had one fundamental question about economics: Why do some places prosper and thrive while others just suck? It's not a matter of brains. No part of the earth (with the possible exception of Brentwood) is dumber than Beverly Hills, and the residents are wading in gravy. In Russia, meanwhile, where chess is a spectator sport, they`re boiling stones for soup. Nor can education be the reason. Fourth graders in the American school system know what a condom is but aren`t sure about 9 x 7. Natural resources aren`t the answer. Africa has diamonds, gold, uranium, you name it. Scandinavia has little and is frozen besides. Maybe culture is the key, but wealthy regions such as the local mall are famous for lacking it". [p.1]

O que gostaríamos de ver:

We`re so close to being rich. Everybody in the world could be rich as hell. The benighted masses of India could quit pedaling bicycle rickshaws and start dragging Lear jets through the streets of Calcutta. Indians in the Brazilian rain forest could be singing in the rain. The endangered fauna would wear thong bikinis: "Save the Girl from Ipanema". (...) Money won't solve all our problems. but money will give us options - let us choose the problems we want to have. Leisure conglomerates may open franchises in Bosnia and Herzegovina where Muslims and Serbs can blast each other in paintball wars. Self-destructive individuals will still exist, but instead of dying from drug overdoses in paytoilet stalls, they will be able to expire in luxury at the Chateau Marmont like John Belushi. The Taliban fundamentalists might continue to keep women in seclusion, but they could do so by opening a Bergdorf Goodman`s in Kabul. They`ll never see those wives again". [p.232]

Como chegar lá:

. Hard work
. Education
. Responsibility
. Property rights
. Rule of law
. Democratic government

"Actually, most parents didn`t get all those item into the lecture. In fact, I`ve never heard of a parent saying, "Listen here, if I catch you running around without property rights again, I`ll take away your cell phone". (...)[p.233-4]


A melhor lição, para mim:

"If we want the whole world to be rich, we need to start loving wealth. In the difference between poverty and plenty, the problem is the poverty, not the difference. Wealth is good". [p.243]

O leitor (a leitora e/ou o politicamente correto) vai preferir o livro do Easterly ou o de Jones. Eu entendo. Mas se existisse uma tradução deste livro em português, e se eu fosse aluno de Economia (na verdade, nunca deixarei de ser), creio, as aulas de Desenvolvimento Econômico seriam mais divertidas.... :D
Humor

"In this state of imbecility, I had, for amusement, turned my attention to political economy". [Thomas De Quincey - Confessions of an English Opium Eater, citado no engraçadíssimo "Eat the Rich" de P.J. O`Rourke]
Alessandro Martim Marques: um leitor assíduo

Esta é tão legal que vai reproduzida quase que "in totum". O Alessandro sempre aparece aqui nos comentários (e não tem medo de deixar o nome dele, he he he). Eu e minha fama (injusta?) de mathematics oriented...:D. O matemático da família é o Kenji. Eu apenas arranho as derivadas...

Olá meu caro.

Como você parece ser bastante "mathematics oriented" acho que vai gostar dessas aqui ...

Há tempos atrás, em alguns cometários do Economia Everywhere, me lembro de um colega ou aluno seu reclamando que os livros, p.ex., de álgebra linear pecavam por não dizer "para que aquilo tudo servia" ...

Pois bem, acho que achei um bom exemplo. Por culpa de um sujeito que diz ter provado a hipótese de Riemann acabei indo até o site do Clay Institute para ver se por lá tinha ecoado algo a respeito; aproveitei para ver as novidades e acabei achando as "lecture notes" de um seminário que eles promoveram chamado "The Mathematics of Google" e nessas notas uma
observação:

1 mathematical idea ==> new company

e esta idéia nada mais foi do que aplicação de álgebra linear. Infelizmente eles não filmaram ou não disponibilizam o vídeo da conferência, apenas as "lecture notes"

Já o paper original sobre a idéia está também disponível:

The PageRank Citation Ranking: Bringing Order to the Web.
Page, Lawrence; Brin, Sergey; Motwani, Rajeev; Winograd, Terry
(http://dbpubs.stanford.edu:8090/pub/1999-66)


Só mudando de assunto, no mesmo Clay Institute houve outro seminário, desta vez sobre o "infinito". As "lecture notes" estão em: http://www.claymath.org/public_lectures/Gowers.pdf

e dispensam qualquer vídeo ou áudio ....
Bush x Reagan

Há muitas diferenças entre os dois. Há, também, vários artigos bons sobre isto na imprensa norte-americana. Uma comparação está no The Washington Post de hoje.

Confira: Reagan, Bush Contrasts Are as Telling as Parallels (washingtonpost.com).
Enquanto isso, na Jordânia...

Outro dia foi um MIG (pós-Golfo) enterrado na areia, hoje mais alguns achados...enfim, tudo o que a mídia sempre quis. Pena que não querem mais noticiar isto. Afinal, tráfico ilegal de armas é algo importante para quem se diz preocupado com a paz.

20 Iraqi Missile Engines Found in Jordan; U.N. Says Looted Weapons, Equipment Shipped Abroad

Twenty banned Iraqi missile engines and other equipment that could be used to produce weapons of mass destruction were found in a Jordanian scrap yard, the Associated Press reported yesterday (see GSN, June 8).

Acting Chief U.N. Weapons Inspector Demetrius Perricos reported the discovery to the Security Council during a closed-door briefing.

The findings raise questions as to the whereabouts of Iraqi equipment that could be used to produce biological and chemical weapons and banned long-range missiles.
Microcrédito

Outro bem público fornecido por este blog: Microfinance Gateway.

De nada.

quinta-feira, junho 10, 2004

É um site extinto, mas eu já ri muito com ele

Divirta-se.

SatireWire | dot.com.edy
Você, desarmado = bandido armado + monopólio privado

O governo federal pode conseguir fazer o maior estrago econômico com esta ânsia de desarmar os não-bandidos.

Confira na reportagem acima a quem (além dos bandidos) realmente interessa o desarmamento civil.
Lugares e seminários...

Este pessoal é de primeira: Center for Study of Public Choice.

E olha o seminário que vem por aí:

Schedule for the Summer Institute for the Preservation of the Study of the History of Economics Carow Hall, George Mason University, Fairfax VA 22030

Coffee, Bagels, Donuts &c. at 8 a.m. Talks start at 9 a.m. RSPV DavidMLevy@aol.com or speart@bw.edu

Monday, July 26 -- Biology & Rationality

James Buchanan -- Saving the Ideas
Sandra Peart --Edgeworth, Darwin & Capacity for Happiness
Pizza
Neil Niman -- Economics & Evolutionary Science
Phil Mirowski -- Rational Choice Politics
Tim Leonard -- Loss of Memory of Eugenics
Dinner & Conversation -- Saving the Ideas

Tuesday, July 27 -- 20th Century Themes

Phil Mirowski 20th Century Philosophers (Dewey)
Claudia Sunna -- Keynes on Population & Economic Development Pizza Roy Weintraub -- Autobiography & History of Economics Kyu Sang Lee -- Rationality & Vern Smith

Wednesday, July 28 -- Sympathy & Adam Smith

Sam Fleischaker -- Smith & Sympathy
Warren Samuels -- Invisible Hand
Pizza
Sandra Peart -- Imagery & Sympathy
Bridget Butkevich -- Adam Smith in the lab: The Proverbs Project Kevin McCabe -- Sympathy in the Lab Dinner & Conversation -- Worldly Ideas in Context

Thursday, July 29 -- Politics as Exchange

James Buchanan & Warren Samuels -- A Conversation
Sandra Peart -- Theory of Economic Policy in Classical British Economy Pizza Maria Pia Paganelli -- Buchanan & Musgrave on Knaves

Friday, July 30 -- LSE Themes

Warren Samuels -- Robbins & Hayek
Pete Boetkke -- Hayek & Proverbs
Nonpizza: BBQ + Vegetarian
Andrew Farrant -- Road to Serfdom, a Majority Report
Tucker Hughes -- Hayek & Dewey
Carga tributária...novamente

Meu tema predileto.

Carga de impostos corresponde a 35,68% do PIB em 2003

Isto significa que, em 2003, você ficou livre dos impostos em....08.05 (0.3568*365 = 130.232 ~ 130 dias => 08.05).

Que saber mais sobre "o dia da liberdade dos impostos"? Então consulte este site. Sobre a carga tributária, além das páginas oficiais, veja a do pessoal do IBPT.
O terceiro livro da biografia de Tezuka

O terceiro volume da biografia quadrinizada de Osamu Tezuka já está nas livrarias. Para um economista fã de quadrinhos, o conjunto de livros é um prato cheio: detalhes sobre a indústria de mangás no Japão, sua evolução, métodos de trabalho e, claro, detalhes da vida do criador de Tetsuwan Atom (conhecido como Astroboy).

Os livros são editados pela Conrad.
Vacas que não são loucas, só no Japão

Enquanto o Brasil parece estar paralisado numa discussão medieval sobre transgênicos e engenharia genética, os mercados continuam buscando soluções para nossos problemas.

Desta vez, o mérito vai para a Kirin Brewery Co - que, tem uma cerveja bem razoável, a Kirin Beer - em conjunto com uma empresa norte-americana.

A segunda maior empresa produtora de carne do Japão, Kirin Brewery Co, anunciou hoje que produziu em conjunto com uma companhia norte-americana uma vaca imune ao mal da vaca louca.

O animal, desenvolvido através de manipulação genética, não possui nenhuma das proteínas que causam a doença, cujo nome científico é Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB).


Os senhores debatedores "anti-tudo" brasileiros poderiam se ater mais às notícias do mundo científico. Embora eles possam ganhar popularidade hoje, com discursos totalmente errados, no longo prazo, eles podem estar mortos, como diria Keynes. E, claro, uma carne de vaca louca pode ajudar nisto... :D
Exploração: o conceito mal entendido (Economia para sindicalistas - I)

Em inglês é fácil: "exploitation" vs "exploration". Em português, infelizmente, usamos apenas uma palavra: "exploração". Mas, o que, economicamente, entende-se por exploração? Aí vai a explicação mais clara que eu já li.

"It is often said that some participants in the economy 'exploit' others--most commonly that employers exploit workers. This raises the question of what it means to exploit someone. Two different definitions are often used--simultaneously--in such discussions. The first is that I exploit you if I benefit by your existence. In this sense, I hope to exploit my wife and she hopes to exploit me; so far we have both succeeded. If that is what exploitation means, then it is the reason that humans are social animals and not, like cats, solitary ones.

The second definition is that I exploit you if I gain and you lose by our association. The connection between the two can be made either by claiming that the world is a 'zero-sum game' in which the only way one person can gain is at another person's expense, or by arguing that if I gain by our association you deserve to have the gain given to you, so my refusal to give it to you injures you. The former argument is implausible. The second has a curious asymmetry to it. If I give you all the gain, you have now gained by our association and should obviously give it all back to me. It may be more sensible to keep the term exploitation out of economics and reserve it for political invective."
Mercado x Primeiro Emprego

Enquanto o programa Primeiro Emprego não só não teve sucesso, como anda sob suspeitas de corrupção, veja só o que este empresário fez: criou uma promoção para sortear uma vaga para desempregados. Ele lucra e ainda pode gerar um emprego adicional.

Método peculiar, mas interessante. Como funciona? Veja o trecho abaixo:

Gaste R$ 30,00 em compras e concorra a uma vaga para operador de caixa, estoquista ou açougueiro. A promoção está movimentando o Parque São Bento, periferia de Sorocaba. Até agora, já foram preenchidos quase 10 mil cupons. A promoção foi criada pelo dono de uma rede de supermercado, Víctor Francisco. Há um mês, quando abriu uma nova filial, ele ficou surpreso com a quantidade de currículos que recebeu: cerca de dois mil. Daí surgiu a idéia de criar a promoção.
Japonês = Honestidade?

Nem tente generalizar, meu caro....olha esta: Yahoo! News - Former Mitsubishi President Is Arrested
Monografias: um pequeno relato

Nesta tumultuada semana, no IBMEC-MG, ocorreu a primeira defesa de monografia de alunos de economia na história de nossa instituição. O Victor, recém-aprovado no CADE para um trabalho provisório, na CVM (ele também passou no Banco Central, mas não havia terminado o curso ainda e, infelizmente, perdeu a vaga...) defendeu sua monografia.

Como estava com pressa, não entregou o material completo (faltou a capa, o índice e a bibliografia...sei que é chatice, mas faz parte do ritual entregar tudo). Mas o trabalho dele merece algumas reflexões.

Primeiro, eu sempre disse para todo mundo que o bom orientando é aquele que te incomoda pouco e trabalha muito sozinho. É verdade. Agora, comigo, o Victor exagerou. Ele trabalhou muito sozinho. Para mim, claro, foi ótimo. Mas isto apenas transfere a maior (senão toda) parte do mérito de seu trabalho para si mesmo.

Além disso, quando ele mudou de tema, eu o avisei: "Victor, troca de orientador, eu não sou bom nisto". Ele não quis (o que mostra o grau de masoquismo de bons alunos, creio). Insistiu e pagou o preço. Começamos com a construção de uma versão dinâmica de um modelo macroeconômico IS-LM look-alike e depois ele resolveu, unilateralmente, mudar de tema (não sem meus diversos avisos e alertas).

Foi a primeira banca, na minha vida, na qual eu não vi outra nota sugerida que não 100 (cem) pontos. Eu mesmo fiquei constrangido por não ter sido, desta vez, um bom orientador. Talvez eu deva rever meu conceito de "bom orientador", he, he, he.

Agora, o legal mesmo foi, no elevador, encontrar duas professoras (vamos usar nomes fictícios: Suzete e Erica). A "Erica":

- Victor, parabéns.
- Obrigado, Erica.
- Fiquei sabendo que defendeu a monografia. Passou com total, né? Muito legal!
- Pois é.
- Como é que eu faço para ter um pouco de sua inteligência, Victor?
- Erica,tem de estudar, tem de estudar.

Gargalhadas no elevador.

E a Erica saiu rindo. Ela, eu, enfim, todos que estavam no elevador.

E Victor foi ao ponto: provou que o trabalho é a salvação do homem (e sua falta, claro, é a danação do mesmo).

Sobre o que foi a monografia? Em resumo: mensurações de produto potencial no Brasil usando diversas metodologias alternativas, todas elas estudadas pelo Victor indo além do que viu no curso. Até mesmo deficiências econométricas do curso ele corrigiu (em parte) com esta monografia. Só não estudou mais porque, como ele mesmo disse, faltam livros de séries de tempo na biblioteca. Particularmente, acho que um livro simples como o de Walter Enders seria mais do que suficiente para suprir as necessidades de alunos que gostam de séries de tempo.

No passado, junto com o Daniel (hoje lecionando em Estocolmo), fiz uma apostila de séries de tempo. Iria virar livro, mas nunca tivemos tempo de reescrever o material. Alguns a usam até hoje em seus cursos (e era best-seller no mestrado do PPGE-UFRGS quando batia a preguiça nos alunos para ler bons livros). Às vezes recebo mensagens pedindo a cópia mas, educamente, lembro que o mercado editorial, em Econometria, superou minhas expectativas. Hoje, basta entrar numa loja virtual e você acha todo mundo lá: Maddala, Gujarati, Judge e cia, etc. Nossa apostila ficou velha e não serve mais como alternativa. Mas cumpriu sua função. Talvez um dia eu a refaça, com novos colegas.

De qualquer forma, puxa vida, estou falando de um orientando que tirou total. Quantas vezes isto vai me acontecer de novo? Resposta: nunca.
Humor

Acabo de receber esta de um conhecido professor responsável, indiretamente, pela piadinha dos alunos, aí embaixo. Divirta-se!

MATH TERROR

At New York's Kennedy airport today an individual, later discovered to be a public school teacher, was arrested trying to board a flight while in possession of a ruler, a protractor, a setsquare, a slide rule, and a calculator.

At a morning press conference, Attorney general John Ashcroft said he believes the man is a member of the notorious Al-gebra movement. He is being charged by the FBI with carrying weapons of math instruction.

"Al-gebra is a fearsome cult," Ashcroft said. "They desire average solutions by means and extremes, and sometimes go off on tangents in a search of absolute value. They use secret code names like 'x' and 'y' and refer to themselves as 'unknowns', but we have determined they belong to a common denominator of the axis of medieval with coordinates in every country. As the Greek philanderer Isosceles used to say, 'there are 3 sides to every triangle'."

When asked to comment on the arrest, President Bush said, "If God had wanted us to have better weapons of math instruction, He would have given us more fingers and toes."
Bem privado, custo público... ou "como se constrói uma outra hegemonia possível"

Esta notícia eu achei sem querer, procurando alguns dados sobre taxi em BH (incrivelmente ausentes no site da BHTRANS).

Por esta eu não esperava.... aí vai:

Além de propor ação civil pública contra a BHTrans, com o objetivo de suspender as atribuições de policiamento e autuação de infrações de trânsito na capital, a Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público de Minas Gerais investiga fretamento de veículos por parte da empresa para atender a pedidos de outras entidades.

Um dos procedimentos contra a BHTrans diz respeito ao fretamento relativo a 35 percursos dentro da capital, durante três dias, para transportar integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 1999, quando estiveram na capital para participar da “Conferência da Política Nacional de Formação”. O transporte incluía, traslados até o Aeroporto da Pampulha. Na época, participaram da conferência, o atual ministro da Educação Tarso Genro, que falou sobre “O papel da educação sindical na disputa da hegemonia”, e a senadora Heloísa Helena, uma das expositoras. “Existem provas concretas de que o diretor da BHTrans deferiu o pleito de pessoas estranhas ao interesse público para participarem da conferência”, afirma o promotor Leonardo Barbabella.


O mais interessante, para quem acha que Olavo de Carvalho está errado, é ver o título da palestra do atual ministro da educação. Até eu, que acho que o filósofo extrapola, tive de dar a mão a palmatória...
Rocinha FM

A repressão do Estado gera incentivos para ações privadas. Se dentro da lei ou não, claro, é outra questão. O fato é que todos nós respondemos a incentivos. O incentivo correto, como dizem por aí, depende do que você chama de "correto". Para um bandido, o incentivo correto é que a vítima sempre morra de medo e ande sempre desarmada. Para um policial, o incentivo correto é que o bandidos presos não estejam amanhã, nas ruas.

E por aí vai.

Agora, o curioso mesmo é como os bandidos conseguiram suprir um bem público (o melhor seria "bem de clube") para seus colegas. Uma estação de rádio para se comunicarem com os colegas presos.

Detalhe da notícia: os policiais, ao chegarem no morro, receberam até uma granada.

Trecho: Policiais civis da Coodenadoria de Recursos Especiais (Core) e da Coordenadoria de Inteligência da Polícia (Cinpol), além de agentes do Serviço de Operações Especiais (Soe) da Secretaria de Administração Penitenciária apreenderam nesta quinta-feira na favela da Grota, no Complexo do Alemão, uma central de rádio amador. O material estava no interior de uma casa abandonada e, segundo investigaçãoes, servia para que bandidos do Complexo do Alemão se comunicassem com internos de todos os presídios do Rio de Janeiro.

quarta-feira, junho 09, 2004

O anonimato do aluno na hora do pênalti

Uma piada sem palavrões e, a meu ver, muito engraçada. Mas o(s) ou a(s) autore(s)(as) preferiram o anonimato. De minha parte, ri até não poder mais.


Posted by Hello

É bom ter menos de 10 anos de docência e o mesmo "amor" dos alunos ao professor que o meu mestre (e exemplo de vida docente), um conhecido professor da FACE-UFMG tem. Acho que, pela primeira vez na vida, tenho aquela boa sensação de estar alcançando a fama do mestre....

É....uma vez no padrão de qualidade Shikida, nada há para se fazer senão estudar, estudar e estudar. Molóides podem se dirigir para o berçário à esquerda. :D

terça-feira, junho 08, 2004

Imagens


Fonte: http://hayekcenter.org/takinghayekseriously/
Onde está a carga tributária ótima?

Ela está entre estas duas citações:

1. ”Taxes are the price we pay for civilization” [Justice Oliver Wendell Holmes]

2. “Taxation is the price we pay for failing to build a civilized society". [Mark Skousen]

Onde está a carga tributária ótima? Bem, talvez seja o preço que paguemos para ter um sistema de mercados funcionando de forma saudável sem ter de recorrer ao governo para tudo. É o Brasil uma sociedade civilizada? Sei não...

segunda-feira, junho 07, 2004

Reagan, Reaganomics, etc

Bons artigos sobre a era Reagan, um dos mais importantes presidentes dos EUA no século XX.

O link é este: The Lighthouse | June 7, 2004.
A economia da profissão mais antiga do mundo (com ou sem motéis)

No excelente blog "The Idea Shop" (link fixo ao lado), um bom resumo sobre prostituição, a mais antiga profissão do mundo. Até o Ari, que gosta de migração, achará uma questão sobre prostituição e migração no post! Senão, vejamos:

Another question is, Why is prostitution more common in areas with high migration? The authors’ note that one cost of being a prostitute is reduced value in the marriage market. Most guys won’t marry ex-hookers. Prostitutes can avoid this cost by hiding the fact that they’re prostitutes. Frequent migration helps do that, by avoiding a social reputation. And that’s exactly what we see.

Ficou curioso? Então cheque o restante do post em: The Idea Shop: thinking about prostitution.
Outro mapa interessante

Mais um mapeamento interessante...

Wired 12.06: The Free & The Unfree

Trecho: This clash of cultures demonstrates how intellectual property, a phrase with a tidy and proper ring, is actually a messy business. The core concept is deceptively rational: Creators of an idea deserve protection for a set period of time so that they may gainfully exploit their work. Such protections, whether through copyright or patents, have enabled great innovation; we wouldn't have antibiotics or Apple or Avril Lavigne if the brains behind them weren't allowed to capitalize on their successes. But it's not easy to tell at what point protecting yesterday's innovation is holding back tomorrow's. When does market protection become a monopoly? Who's to say when a discovery's social benefit outweighs an individual's reward? When is sharing stealing? These aren't idle questions. Affordable health care, digital piracy, genetically modified food - all come down to disputes over the limits and rewards of IP.
Dispersão de preços? ou "Estou muito bêbado, ou estou enxergando os preços duplicados?"

No JB de ontem, na revista de Domingo, você encontra que: A inflação, um dos maiores monstros da história recente do país, espreita os bares e botequins do Rio de Janeiro. Uma ronda por uma dezena de estabelecimentos revela uma variação de preços, de um lado ao outro da cidade, que chega a 100%, e surpresas como pagar R$ 3, em Benfica, na Zona Norte, e R$ 2, na Avenida Atlântica, em Copacabana, pela mesma quantidade (400ml) do líquido.

E já que o preço do barril varia pouco, o que faz com que o preço varie? Veja elementos da própria matéria:

a) "serpentina refrigerada com gelo"
b) "manutenção do equipamento"
c) "Copos e máquina lavadora de copos"
d) "barril exclusivo para choppe"

Agora, em quanto de variação isto resulta, segundo a reportagem? Vejamos os preços para cada 100 ml:

Devassa (Leblon)R$ 1,00
Botequim Informal (Leblon) R$ 0,85
Bar Luiz (Centro) R$ 0,80
Adonis (Benfica) R$ 0,75
Bracarense (Leblon) R$ 0,72
Petisco da Vila (Vila Isabel) R$ 0,73
A Paulistinha (Centro) R$ 0,69
Cosmopolita (Lapa) R$ 0,62
Jardim do Grajaú (Grajaú) R$ 0,56
Cabral 1500 (Copacabana) R$ 0,50

Só faltou um detalhe nesta reportagem: talvez haja competição espacial (Hotelling), ou seja, a localização dos bares pode influenciar no preço cobrado. Para saber mais sobre este tipo de competição, veja o exemplo das barbearias neste link.

Comentários?

domingo, junho 06, 2004

Mas, professor, qual o tamanho da firma? (nem tudo na vida é motel, mas a pergunta serve para o motel também)

A pergunta que sempre aparece: "Professor, mas qual o tamanho da firma?"

Normalmente aparece quando há retornos crescentes de escala ou, enfim, quando o aluno volta de sua "e-nésima" saída para beber água ou atender a alguma chamada no seu celular, provavelmente importantíssima para sua renda futura.

Estava aqui, no domingo de manhã, ouvindo música quando me lembrei de Ronald Coase. E eis a resposta dele (o leitor interessado achará em seu livro de Micro, de Eaton & Eaton, p.201, a resposta tal como a reproduzo):

Uma firma se expandirá até o ponto em que o custo organizacional de adicionar outra função interna seja igual ao custo de transação de coordenar essa função no mercado.

Leia de novo. Leu?

Ok. Agora, como o custo de transação entra nesta história? O custo de transação é um custo diferente do que você vê no livro-texto (notadamente nos introdutórios). Por que? Normalmente ele desloca todos os custos para cima ou para baixo. Quer saber mais? Bem, deixe de ser preguiçoso(a) e vá consultar o livro que citei aí em cima.

E pense no exemplo - quem mora em BH há tempos sabe - da Drogaria Araújo. Ela incorporou outras atividades à de simples venda de remédios. Será que podemos usar Coase para explicar isto? A resposta é: sim.

Já motéis, bem, motéis ainda não se ampliaram. Mas a menção dos mesmos era só para chamar a sua atenção. :D
Burocratas privados, benefícios para ninguém

Deu no Gaspari de hoje...

Falta de educação

O Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro pode entender de números, mas parece dá pouco valor aos direitos individuais de seus associados.

A um deles, Fernando Alberto Lopes Meza, aconteceu o seguinte:

Em 1979 escreveu ao Conselho pedindo que o desligassem da instituição. Passados 25 anos, descobriu que sua carta valia nada e que o CRE conseguira a penhora ou arresto dos seus bens se não pagasse mensalidades atrasadas que somavam algo como R$ 2 mil. Os doutores devem ter gasto mais do que isso com as despesas do processo.

Meza descobriu que, de acordo com a resolução 1638 do CRE, um pobre mortal só pode livrar-se dele se fizer um requerimento e devolver a carteirinha do Conselho. Precisa mandar o diploma, para que seja anotado. Até aí, tudo bem. O CRE desrespeita os direitos dos cidadãos quando exige que suas vitimas comprovem que não exercem a profissão, apresentando cópias das três últimas declarações de imposto de renda “mesmo nos casos de isento”.

A exigência é autoritária, deselegante e ilegal. Num clube que aceita gente capaz de mostrar sua declaração de imposto de renda aos outros, nem Groucho Marx seria capaz de se sentir confortável.