sábado, julho 05, 2003

Cerveja!

O artigo que eu sempre quis ler....:-)

Research Papers
Well-Intentioned Insurance Legislation May Increase Alcohol Abuse

by Jonathan Klick
June 3, 2003

In a new working paper, Mercatus scholars, Jonathan Klick and Thomas Stratmann examine the effects of state laws requiring insurance policies to include treatment for alcohol and substance abuse. They statistically measure the effect on alcohol consumption today of laws that increase the level of insurance for addiction treatment in the future. They find that these insurance mandates lead to a statistically significant increase in alcohol consumption on the order of an additional beer per week per person!
Livro novo

Indicação do Leo Monastério. Obviamente, o trecho abaixo da entrevista é o que mais me agradou....:-)

O Globo On line: Barry, por que você resolveu realizar um trabalho econométrico tão profundo sobre a política no Brasil, como é o caso de seu “Os entraves da democracia”?

BARRY: Uma boa pergunta. Meu estilo como pesquisador é fazer poucas coisas, mas com profundidade. Tenho outro livro que tem capítulos sobre o Brasil, lançado em 1987 e também uso dados econométricos, estatísticos. Minha formação é nesta área. Tenho um bom conhecimento do Brasil, claro, mas também tenho tradição na estatística. Sou meio obcecado. Eu queria fazer a coisa certa. Durou tempo demais, claro. Cerca de dez anos. Comecei em 1989, 1990 e terminei em 98. Mas já tenho estabilidade em meu emprego. Sou chefe de departamento. Não tenho que publicar um livro de dois em dois anos. Posso publicar de sete em sete anos. Para mim, é melhor publicar menos, mas com profundidade. É uma escolha pessoal.
Ainda a (des)educação

Interessantes artigos sobre o tema que gerou um bom número de comentários aqui.

Trechos (de alguns dos textos no link acima):

"A maioria dos alunos brasileiros não compreende o que lê. Esta é a conclusão do estudo realizado pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A prova mediu a capacidade de leitura de estudantes de 15 anos em 32 países, envolvendo ao todo 265 mil estudantes de escolas públicas e privadas. Nossos alunos de escola pública foram capazes de identificar letras, palavras e frases, mas não de compreender o sentido do que lêem. Em último lugar no teste, nossas escolas parecem estar formando analfabetos funcionais. Como reverter este quadro? A solução, apontada pelo ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, é a mesma que encontro em meu trabalho de professor de português na rede pública da periferia de São Paulo: a escola brasileira precisa ensinar o aluno a ler." [http://www.braudel.org.br/paper31b.htm]

"Muitas vezes a escola proporcionou o "dia diferente", quando há atividades e oficinas. A maioria dos alunos não comparece. Mas hoje a escola está cheia de pessoas, de idades diferentes e de bairros diferentes também, tudo por causa do som e dos jogos.

Avisei para meus amigos que iria embora às 22h. Terminei de bater as fotos com meus amigos e professores e fui pra casa. Ao longe ouvi alguns tiros. Logo que cheguei, subi direto para o quarto da minha mãe, onde a janela tem uma vista impecável do Capão Redondo. Dela posso ver a mata, a luz das casas mal construídas e até a torre do Cemitério São Luís.

Com um copo de refrigerante na mão, abri a janela e fiquei pensando. Essa festa encerrou o ano letivo. Nem o rapaz que iria promover a formatura apareceu. Nenhum dos meus colegas prestou vestibular. Agora estou sozinha, tenho que estudar. Antes tinha medo de tentar entrar para uma universidade boa e acabei não me inscrevendo para os vestibulares das universidades públicas. Mas agora estou decidida, vou procurar entrar na faculdade. Dou mais uma olhada para fora. Vou sentir falta dos meus professores e de alguns amigos. Eu provavelmente não verei muitos deles de novo. Hora de fechar a janela. E este diário." [http://www.braudel.org.br/paper31a.htm]

Comentários?

sexta-feira, julho 04, 2003

Para que serve esta modelagem, fessor?

Todos os dias, centenas de professores de Economia ouvem esta pergunta. E milhares de alunos não passam no concurso do Banco Central. Também pudera, se o cara pergunta isto, como poderá fazer um trabalho como este na nossa Autoridade Monetária?

É, aluno(a), o negócio é menos choro e mais estudo...
Para que serve a faculdade?

Para Que Serve A Faculdade?
Claudio L. S. Haddad 13/08/00


Há cerca de um mês atrás, Larry Ellison, fundador e presidente da Oracle fez um discurso provocativo e polêmico. O palco foi a formatura dos alunos de Yale, uma das mais antigas e tradicionais universidades americanas, famosa entre outros diplomandos, por um dos maiores compositores de todos os tempos, Cole Porter, que aliás compôs seu hino. Ao se dirigir aos alunos, Ellison disse que eles eram simplesmente um bando de “losers”, que estavam irremediavelmente perdidos pela educação formal recebida e que, em função disto, jamais poderiam aspirar ao clube dos super ricos.

Para substanciar esta afirmação citou seu próprio exemplo, como segunda maior fortuna do mundo, Bill Gates, primeira, Paul Allen ( sócio de Gates ) terceira e Michael Dell, da Dell Computers, em nono lugar. Todos como ele “college dropouts”, que abandonaram a faculdade antes de se formarem. Simultaneamente exortou a todos os demais alunos de Yale que seguissem este exemplo e também abandonassem a universidade antes que fosse tarde demais.

Deixando de lado o teor provocativo e arrogante com que o discurso foi proferido - sempre é bom atear-nos ao conteúdo do que é dito, e não à forma ou personalidade de quem diz – a proposição de Ellison merece análise. Afinal de contas, se ela for verdadeira, voces não somente estarão perdendo tempo e dinheiro no Ibmec. Estarão também perdendo para sempre a oportunidade de virarem super ricos.

Subjacente a esta análise está, primeiro, um sistema de valores. Claro que, embora a maioria das pessoas quando confrontadas com a idéia de ter algumas dezenas de bilhões de dólares, a encarassem com enorme simpatia, muito poucas colocariam isto como principal objetivo em suas vidas. Mas o ponto principal do discurso não é este, mas sim a proposição de que educação superior seria nociva à acumulação de grandes fortunas.

É importante enfatizarmos “grandes fortunas”. Pois se não estivermos falando de grandes mas sim de pequenas fortunas geradas pela renda dos indivíduos ao longo de suas vidas, o veredicto é claro: os retornos pecuniários da educação superior são comprovadamente elevados, especialmente no Brasil, e vêm aumentando nos últimos anos. Sempre se pode citar casos de indivíduos com pouca educação formal e que com muito trabalho e dedicação conseguiram chegar lá, mas a verdade é que, em média, mais anos de escolaridade estão associados a maiores níveis de renda, e consequentemente de riqueza.

Já no caso dos muito ricos ou super ricos, não creio que a relação seja tão clara. Quando examinamos a lista dos bilionários, ou a dos empresários muito bem sucedidos, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, vemos muitos pontos coincidentes entre eles: garra, obstinação, intuição ( ao contrário de inteligência formal ), uma enorme capacidade de trabalho e uma fixação absoluta em seus negócios. Elevada educação formal não é uma destas características comuns.

A falta de escolaridade poderia ser um motivador para o sucesso? Talvez, através do princípio “apesar de não ter um diploma vou mostrar que sou melhor do que eles”. Mas aí estamos entrando no campo da psicologia, que decididamente não é o meu forte. Muita educação pode ser nocivo? Sim, se tornar a pessoa analítica e crítica demais, retirando dela garra e intuição – ver por exemplo o conhecido livro Inteligência Emocional. Quanto a isto, Alan (“Ace”) Greenberg, o conhecido presidente da Bear Stearns, um banco de investimentos americano ( na realidade mais uma grande corretora do que um banco ), gostava de dizer que ele não contratava Ph.D.’s e sim P.S.D.’s , isto é, “poor, smart and extremely desirous to make money” ( pobre, esperto e com muita ambição ). Por muitos anos ele foi muito bem sucedido com esta fórmula.

O problema é quando examinamos casos como o de Gates e Ellison, somos influenciados pela “seleção adversa”. Eles não completaram a faculdade e viraram super ricos, mas o que aconteceu com os muitos outros que também não completaram? Ou, será que a proporção de super ricos na população de pessoas sem curso superior é maior que de super ricos na de pessoas que completaram faculdade? E como, a priori, determinar entre os alunos que estão cursando faculdade quem vai conseguir chegar ao clube dos bilionários ao abandonar o curso?

Por via das dúvidas é melhor continuar estudando. O curso do Ibmec não vai lhes garantir uma grande fortuna, mas vai deixá-los em situação muito privilegiada face à concorrência. Já é um grande passo.
NIMBY

Acho que já falei disto aqui mas, sinceramente, quem consulta os archives de um blog? Pouca gente. Bem, aí vai um exemplo real do problema (Not In My BackYard) e um pequeno artigo sobre o tema:

1. States Win Nuclear Waste Battle
2. Market vs. Government: The Political Economy of NIMBY
Dica do Estadão

Fonte: O Estado de São Paulo (o melhor jornal dos mineiros.. :-) )

quinta-feira, julho 03, 2003

De quem é a culpa? Dos políticos? Quais?

Jorge Vianna Monteiro, um insistente professor do IBMEC-RJ e da PUC-RJ, há anos fala da importância de se entender o problema da Economia Política do processo de tomada de decisões no Brasil.

Bem, ele não está mais tão sozinho. Nós, seus leitores, temos tido relativo sucesso em trazer à discussão o tópico, não apenas através da inclusão de uma variável a mais numa regressão, mas sim na renovação da agenda de pesquisa sobre este tema.

Claro, devo agradecer aos governos federal, estaduais e municipais que, ao longo das últimas décadas, mostraram a relevância de não se pensar a modelagem teórica apenas através da lente (ou da venda) do planejador benevolente.

Ok, então entramos nesta área mais delicada do estudo: saber como fazer a crítica, de forma científica, do processo político.

Neste pequeno texto (em pdf), um assessor da Câmara dos Deputados (Câmara Federal) nos dá um breve resumo da efetividade do Legislativo brasileiro. Compare-a com as cartas quinzenais do prof. Jorge Vianna (se você não a recebe, eu dou a dica. Deixe um comentário com seu e-mail aí embaixo) e veja o que acha.

Estudo Comparativo sobre Produção Legislativa e Remuneração Parlamentar em Países Selecionados da Europa, América do Norte e América Latina
Foguetes, políticas industriais, etc

O (A) leitor(a) mais novo(a) não se lembra, provavelmente, desta discussão. Mas na década dos 80, muita gente séria dizia que o segredo para o desenvolvimento tecnológico (e, paradoxalmente, da criatividade) de uma sociedade deveria se dar com a ajuda financeira (p.1: ignora incentivos oriundos de moral hazard), por parte do governo (p.2: ignora problemas de assimetria de informação e incentivos para seu uso eficiente), de setores escolhidos (p.3: assume que os burocratas não possuem interesse próprio).

Pouca gente, hoje em dia, defenderia os pontos acima sem, no mínimo, fazer as qualificações dos problemas (p.1, p.2 e p.3) que apontei acima.

De qualquer forma, a evolução simples do tempo mostrou, com a corrupção de políticos sul-coreanos e japoneses e toda a crise asiática, que este modelo não era o que alguns otimistas (e muita gente xenófoba, anti-americana principalmente) achava. Para bem ou para mal, frise-se bem.

A notícia abaixo pode não ser um exemplo deste tipo de discussão, mas é o tipo de exemplo que, normalmente, algumas pessoas ignorariam naquela época.

CBS News | Japanese Space Shuttle Crashes | July 2, 2003 15:27:19

E, obviamente, sou insuspeito para falar mal de japoneses...:-)
Novo membro: Ari

Para quem não sabe, tem muita gente neste blog. Eu, o Leo Monastério, o André Carraro e o Ronald. Destes, só eu e o Leo temos sido presença constante. Mas tem um novo membro vindo para a turma. Um cara que gosta de Gary S. Becker e da Economia do Crime. Vamos aguardar sua auto-apresentação (seu primeiro post)...

Enquanto isso, um bom link para quem gosta de Economia e Instituições.

quarta-feira, julho 02, 2003

IBMEC-SP

Nossos colegas do IBMEC-SP mostram que não é só em Finanças que nossa escola é boa.

Confira na matéria abaixo.

Pesquisador do Ibmec estuda alianças entre companhias aéreas e ganha prêmio

Trecho:

Um estudo sobre alianças entre companhias aéreas e seu desempenho na indústria aérea mundial rendeu ao professor da Faculdade de Economia e Administração do Ibmec SP, Sérgio Lazzarini, o prêmio de melhor paper da divisão de estratégia da Academy of Management de 2003, uma das mais importantes e respeitadas agremiações acadêmicas de administração do mundo. Lazzarini é o único brasileiro a receber o prêmio que será entregue em Seatle, EUA, no dia 5 de agosto.

Seu estudo sobre associações entre companhias aéreas foi um dos selecionados entre mais de 4 mil papers submetidos à apreciação do júri do Annual Meeting of the Academy of Management. Nesta pesquisa, o professor estudou 75 companhias aéreas - brasileiras e estrangeiras - que respondem por 80% do tráfego aéreo mundial. Ele verificou que essas companhias se agrupam em múltiplas alianças - que em seu estudo foram chamadas de "constelações globais" - que competem entre si. Essas alianças podem ser explícitas, baseadas em acordos formais multilaterais (como por exemplo a Star Alliance ou o Sky Team), ou implícitas, quando formadas por laços bilaterais entre as empresas.

terça-feira, julho 01, 2003

A culpa, realmente, é das "tias"

O material humano que chega na faculdade é bom? Nem sempre. Ok, professores, como quaisquer outros seres humanos, reclamam de tudo. Mas os dados parecem nos dar razão desta vez. Os colegas do primeiro e do segundo grau têm, creio, um bom dever de casa...

Brasil fica no fim da fila em alfabetização
Estudo da Unesco mostra que 50% dos alunos têm problemas de compreensão da leitura


Trecho:

O Brasil tem uma economia 175 vezes maior que a da Macedônia e 160 do que a da Albânia. Mas, quando o assunto é educação, o País possui uma surpreendente semelhança com os dois. Cerca de 50% dos alunos brasileiros, macedônios e albaneses na faixa dos 15 anos estão abaixo ou no chamado nível 1 de alfabetização, uma marca estabelecida pela Unesco que classifica os estudantes que conseguem apenas lidar com tarefas muito básicas de leitura.

Numa escala sobre níveis de compreensão de leitura englobando 41 países, o Brasil está quase no fim da fila: 37.ª posição – à frente (e não muito) somente da Macedônia, da Albânia, da Indonésia e do Peru.

Os dados fazem parte de uma pesquisa sobre alfabetização que a Unesco e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgam hoje na Inglaterra sob o título de Literacy Skills for the World of Tomorrow (Alfabetização para o Mundo de Amanhã).

É a primeira vez que o Brasil – ao lado de 14 países emergentes – é incluído na comparação internacional. O estudo é baseado nas informações colhidas pelo Programa Internacional de Avaliação do Estudante (Pisa), realizado em 2000, que entrevistou entre 4.500 a 10 mil alunos em cada país.


O aluno - que leu e entendeu até aqui - deve pensar bem no que está acontecendo. Ou seja, antes de reclamar da sua questão na prova, pense um pouco para ver se não escreveu coisas total ou parcialmente sem sentido. Os números mostram que há uma boa chance de que o erro seja seu (do aluno). Infelizmente.
Problemas

Notem que os comments estão sendo armazenados, mas não contabilizados. Há algum problema com o provedor deles....sacanagem...

segunda-feira, junho 30, 2003

Autores esquecidos INJUSTAMENTE

1. Mircea Buescu (autor de muita coisa boa em História Econômica do Brasil, na época em que os "profissionais" da área se recusavam a mexer com dados...)
2. Carlos Manuel Peláez (26o pesquisador brasileiro em Economia, num ranking ponderado de produção acadêmica, segundo este estudo excelente!!

Alguém conhece?

domingo, junho 29, 2003

Dissídios

"... talvez fosse o caso de resgatar a Proposta de Emenda Constitucional 623 enviada ao Congresso pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 1998. Ali, propõem-se alterações no artigo 114 da Constituição, vedando que os dissídios coletivos de natureza econômica resultem de pedido unilateral, sendo possível requerê-los apenas em comum acordo entre as partes. Propõe-se ainda que, no exercício da sua competência normativa ou arbitral, a Justiça do Trabalho decida entre duas propostas finais das partes ou no intervalo entre elas.

A primeira proposta tem por objetivo fortalecer a negociação direta entre as partes. A segunda, que as propostas convirjam, e não divirjam como é hoje, antes de chegarem às mãos dos juízes. Ao convergirem estarão se aproximando entre o ideal dos trabalhadores e o possível para a empresa. No lugar de reajuste integral à inflação - que pode ser muito para uma empresa e pouco para outra -, o juiz tomaria como base as ofertas postas na mesa, muito mais próximas à situação específica de cada caso."

Concorda com os autores? Leia todo o artigo e depois, se quiser, comente.