sexta-feira, abril 18, 2003

Blogs de gente boa aí ao lado

Acabo de me lembrar: David D. Friedman (o genial, filho do grande Milton Friedman) e Bradford DeLong estão com seus blogs por aí. E eu, pecado mortal, havia me esquecido!

Bem, agora os links estão aí ao lado.
Exército público versus mercenários privados

No artigo abaixo, três oficiais do derrotado exército iraquiano tentam entender a causa da rapidez da sua derrota. Ok, eu gosto de Victor Hanson e de outros analistas militares ocidentais. Mas é interessante ver a perspectiva dos iraquianos.

Contudo, um ponto para a polêmica é: será que os Fedayeen eram mesmo mercenários (soldiers of fortune)? Se eram, não eram mais eficientes do que o exército iraquiano? O oficial aí embaixo diz que não, mas o fato é que os Fedayeen parecem ter sido os primeiros a oferecer alguma resistência às tropas invasoras (ou libertadoras, se você quiser).

Taí um tema que vale a pena explorar..

From Iraqi officers, three tales of shock and defeat | csmonitor.com
"Soldiers started asking: 'Why are we using the reserve food?' and on April 4 they began to run away," recalls Saad. While news of Fedayeen Saddam and tribal militia resistance against US and British forces in southern Iraq was heartening, Saad says his commander knew that it couldn't last. The mistake was relying on the Fedayeen, which he termed "mercenaries."
"The Fedayeen hit, but would then go back and collect their 10 million Iraqi dinar reward," Saad says. "Only soldiers can hit American troops and progressively move forward."
Se você quer se dar bem em Finanças...

...um bom começo talvez seja este aqui.

Que loucura, heim?

quinta-feira, abril 17, 2003

Revivendo...

Este estava no meu antigo e quase-morto blog pessoal. Foi o Leo (um dos outros preguiçosos chefes deste "Economia Everywhere") que enviou. Reproduzo aqui porque vale a pena.

Qual marca seu cérebro prefere?

Ou seja, uma radiografia (literalmente) do processo de escolha do consumidor. Bacana!

quarta-feira, abril 16, 2003

Sun Tzu volta às origens

Muita gente acha que tem de ler "A Arte da Guerra" porque o seu amigo, empresário, comprou na última viagem que fez a São Paulo, na livraria do aeroporto e se impressionou com algumas frases.

Sinceramente, não sei o que os professores de Administração acham disso, mas, para mim, Sun Tzu é apenas um clássico militar. A competição entre empresas não se dá com contingentes de soldados em algum deserto no interior da China.

Agora, é sempre bom ver gente da área militar buscando ver se exércitos que seguem certas recomendações de Sun Tzu se dão bem no campo de batalha.

War as Art

Note que o autor, he he he, trabalha como "business strategist"....

terça-feira, abril 15, 2003

Cantinho do professor (auto)crítico

Quem nunca ouviu falar de bens públicos financiados com custos concentrados e benefícios dispersos? Tem gente que gosta de explorar o trabalho de poucos para usufruir dos benefícios. É um tópico comum em Economia do Setor Público.

E, claro, esta história da França, Alemanha e outros fornecedores de armas para o Iraque quererem participar da reconstrução do país mostra mais uma vez o que eu sempre digo: Realpolitik é bem diferente de boas intenções...

Leia o início da matéria e clique para continuar...


Even before the fighting stopped, the three European powers were moving to build bridges to the United States and Britain to ensure their companies get a share in rebuilding the infrastructure in Iraq.

France says it wants to be pragmatic, Germany says it is an honest broker because it has no economic interests in Iraq, and Russia says it will consider Washington's call to forgive some $8 billion in Soviet era debt.

segunda-feira, abril 14, 2003

MV=Py

A notícia seguinte: Comércio é reaberto em Bagdá e moeda se estabiliza mostra que, em épocas de guerra, a inflação pode disparar. Na verdade, isto não é novidade se se lembra dos estudos de Sargent sobre o fim de quatro hiperinflações. Entretanto, para fins didáticos, creio quem se pode pensar no fenômeno como relacionado á velha Teoria Quantitativa da Moeda (TQM). Como? Sabemos que MV = Py. Mas sabemos que y nâo tem mais direito de propriedade bem definido (lembre-se dos saques) e, além disso, parte dele foi destruído em bombardeios. Com M e V constantes, P só pode....subir!

Palpites?

domingo, abril 13, 2003

Federalismo e Eficiência Econômica (e Política)

Sábado eu levei meu óculos para um breve conserto. No intervalo, fiquei passeando dentro de uma livraria. Bem, lá eu achei um livro muito bom, de Arend Lipjhart, um cientista político. Embora o tradutor cometa um pecado em traduzir scattergram como gráfico ao invés de diagrama de dispersão (sim, tem uma baita diferença), o livro é bacana porque mostra alguns resultados econométricos favoráveis à forma federalista de governo em conjugação com um dos conceitos de democracia do autor (detalhes, detalhes, etc).

Bem, eu sei que para muita gente isto pode ser novidade, mas é fato que as evidências econométricas, embora não sejam decisivas, sempre apontam para um bom desempenho econômico para países que se utilizam de uma estrutura de poder descentralizada. Ok, outro dia a gente fala mais sobre isso.

O link a seguir é bacana, porque mostra a proposta de um emigrado iraquiano propondo justamente um modelo federalista para o Iraque. Dada a diversidade étnica, inclusive, eu diria que este tipo de modelo pode ser interessante para o tão desejado florescimento de mercados e de democracia no país que sobreviveu a um dos piores ditadores do século.

A Model for Post-Saddam Iraq - by Kanan Makiya
O Triângulo das Calças Curtas ou Como a vergonha me levou ao sucesso

Prelúdio

Em um domingo como este, sem o infernal sol de BH, eu fico inspirado. Aí já viu, né? Começo a me lembrar da minha época de aluno de graduação.

Havia aquele professor, o falecido Chiquinho (irmão de um colega do IBMEC-MG) que era um matemático incrível! A aula do sujeito era de se aplaudir. As provas, claro, também (se é que você me entende...).

Ato I

Lembro-me que ele marcava umas aulas de dúvidas que alguns frequentavam. Numa destas ele resolveu um exercício do tipo ache a área máxima de um triângulo, etc, etc.

Como ocorria, ele adorava usar os exercícios das aulas de dúvidas na prova. Eu, como era mais ou menos esperto, tentava aprender todos. Mas este exercício, especificamente, eu me lembro de não ter entendido. Tinha uma vaga noção de como resolvê-lo.

Intervalo

Ato II

Dia da prova do Chiquinho. Como sempre, ele passeava pela sala, olhando nossas provas e, ocasionalmente, fazendo comentários. Eu, como de hábito, estava sentado, debatendo-me exatamente com o problema do triângulo. Por algum motivo, Chiquinho se lembrou de mim. Veio até minha carteira e, com um sorriso de satisfação sincera, viu que o exercício que eu estava tentando fazer era o mesmo que ele havia resolvido com a gente na aula de dúvidas. Aproximou-se de mim:

- Ahá, vai se dar bem, não? Está fazendo o mesmo exercício que a gente fez na aula de dúvidas. Muito bem!

Eu, suando de vergonha, respondi ao bom professor com um sorriso daqueles bem amarelos. Afinal, agora eu tinha a obrigação moral (alguns alunos ainda sabem o que isso significa hoje em dia...) de fazer o exercício.

E não é que eu o acertei? De onde veio a inspiração? Do aperto que fiquei em não conseguir fazer algo que um professor excelente e dedicado havia feito, à minha frente, alguns dias antes, numa aula de dúvidas onde poucos (e, portanto, espertos) haviam frequentado.

Moral(is) da História

1. Às vezes é bom você ser apertado na hora H.
2. É bom estudar mais antes da prova. Jamais ir para a mesma com um exercício "mais ou menos" resolvido.
3. Papais e mamães, educação "de berço" é algo muito útil. Afinal, envergonhar-se dos seus próprios erros é um bom início para um futuro melhor.
4. Professores de matemática podem ser divertidos.