sexta-feira, agosto 13, 2004

Como colocar um "galinhão" grego contra a parede

A leitura agradável sempre me faz voltar às páginas lidas. É o caso do capítulo do Duilio no livro já citado. Tentando atrair a atenção do leitor para a importância da escolha do tema na pesquisa econômica, ele fala da lenda de Páris. Qual é a história?

Havia um sujeito bom de papo com as mulheres, Páris. Zeus, sabendo da experiência do sujeito, mandou que ele fosse o juiz de um concurso de beleza literalmente divino. Quem seria a mais bela? Hera, a esposa do chefe (Zeus)? Afrodite (deusa do amor)? Ou Atena (deusa da Justiça)? Cá para nós, leitor, Zeus colocou o galinhão contra a parede, não?

Claro que as distintas top-models dos gregos não se mantiveram imparciais. Hera ofereceu a Páris o império do mundo. Atena o transformaria no guerreiro mais valente de todos e, claro, Afrodite prometeu-lhe o amor da mais linda mulher mortal.

Qual foi a escolha de Páris? Afrodite. E foi assim que ele conheceu Helena, esposa de um outro sujeito, Menelau. Agindo assim, Afrodite bagunçou o mundo dos mortais pois, imagine, não deve ser muito agradável ter uma deusa interferindo em seu casamento.

A historinha é bacana, mas eu fiquei mesmo pensando em outra coisa: será que ela pode ser convertida em um jogo? Ou não? Que informações eu precisaria para transformar a escolha do "pegador" Páris em um joguinho interessante? Palpites?
Seminário online

Não sei se alguém consegue assistir isto de casa, mas aí vai a dica.



Seminário Internacional “Política Fiscal”

08:30 - 09:00
Recepção

09:00 - 10:10
Painel I
Política Fiscal no Regime de Metas para Inflação

Palestrante
Leonardo Leiderman (Tel Aviv University)
Debatedores
Affonso Celso Pastore (A.C. Pastore)
Eurilton Araújo (Ibmec São Paulo)
Moderador
Claudio Haddad (Ibmec São Paulo)

10:10 - 10:30
Intervalo

10:30 - 11:40
Painel II
Administrando a Dívida Pública

Palestrante
Marcio Garcia (PUC-Rio)
Debatedores
Leonardo Leiderman (Tel Aviv University)
Marcelo Moura (Ibmec São Paulo)
Moderadora
Ana Beatriz Galvão (Ibmec São Paulo)

11:40 - 13:00
Painel III
Política Fiscal e Crescimento

Palestrante
Affonso Celso Pastore (A. C. Pastore)
Debatedores
Marcio Garcia (PUC-Rio)
Eduardo Andrade (Ibmec São Paulo)
Moderador
Ricardo Brito (Ibmec São Paulo)

13:00 - 14:45
Almoço - Palestra com Pedro Malan (PUC-Rio e Unibanco)

14:45 - 16:30


Mesa Redonda
Como calcular e controlar o Déficit Público no Brasil?

Debatedores
Joaquim Levy (Tesouro Nacional)
Maílson da Nóbrega (Tendências)
Pedro Parente (RBS)
Antonio Anastásia* (Planejamento e Gestão - MG)
Moderador
Claudio Haddad (Ibmec São Paulo)

* a confirmar
O aluno Preguiça e o professor Supimpa (I)

Em mais uma tentativa de não estudar, o famoso aluno Preguiça tenta se fazer de vítima na matéria de Técnicas de Pesquisa em Economia.

- Professor Supimpa, acho muito difícil este negócio de monografia.

- Por que, aluno Preguiça?

- Porque tenho de ler muita coisa. Se tiver de fazer sobre inflação, terei de ler muita coisa! Por que o senhor não deixa a gente comprar um trabalho pronto? É o mercado em ação!

Risos na sala de aula. O professor Supimpa pensa consigo mesmo sobre quantas vezes já ouviu esta piada. E então responde ao protótipo de Bicho-Preguiça.

- Veja bem, meu caro aluno. Você não estuda Economia?

- Sim.

- Você não se acha um economista em potencial?

- Claro!

Neste momento, vários dos colegas em sala já se entreolham, pensando se são mesmo potenciais economistas competentes ou apenas economistas em potencial. Alguns riem ironicamente em voz baixa pois já conhecem o professor Supimpa.

- Pois bem. Você aprendeu microeconomia, certo?

- Claro.

O aluno olha arrogantemente para o professor pensando em como ele pode achar que ele, aluno superior, membro da elite da cidade, pode "não saber algo de microeconomia". Que disparate!

- Você sabe fazer cálculo de máximos e mínimos, certo?

- Óbvio! Não entendo! Qual seu objetivo com estas perguntas?

- Calma, não precisa ficar vermelho. Apenas pense. A monografia é um trabalho que demanda tempo, certo?

- Sim.

- E neste tempo você terá de, ao mesmo tempo, pensar, ler e resumir, o que é bem cansativo, não?

Neste momento o aluno Preguiça imagina que o professor cederá às suas investidas preguiçosas por um mundo mais folgado, sem trabalho, pensamento ou esforço. Nosso herói comete o mesmo erro de sempre...(o que você esperaria de um bicho preguiçoso? Êita!)

- Pois veja, antes, não havia internet. Isto dificulta mais ainda seu trabalho, não é?

- Claro! O senhor está me entendendo!

- Creio que você é que agora me entende, não?

- ??

- Ora, você é racional, não é burro e quer ler apenas o suficiente para fazer sua monografia, certo?

- Ah, bem, sim...

O aluno Preguiça balbucia? Sim, leitor. Ele, na verdade, gostaria de não fazer nada, mas fica mal para seus futuros potenciais competidores mostrar que é pouco esforçado agora: lucros potenciais também são importantes para sua futura viagem à Malásia para uma festinha do cabide com algumas prostitutas (ou seria Tailândia?)...

- Pois! Sendo racional, inteligente e esperto, você só vai ler até o ponto em que o conhecimento marginal adquirido seja igual ao custo marginal que você tem, não? Antes disso é desperdiçar informação e, depois, claro, é informação inócua.

- Humm...o senhor tem razão. Mas, mesmo assim, eu poderia comprar o trabalho já pronto!

- É verdade. Você pode fazer isto, mas aí não é o mercado funcionando, mas sim uma imitação distorcida do mercado. Lembre-se que o mercado só funciona e gera prosperidade se os direitos de propriedade estão bem definidos.

- Mas, professor..então?

- Calma. Lembre-se que a definição dos direitos de propriedade pode ser ineficiente.

- É, isto é verdade.

- Agora pense como economista, como homem de negócios: quem está mais capacitado para fazer uma monografia, um trabalho científico? Você ou um desconhecido que lhe promete um bom trabalho já pronto?

- Eu...


Rapidamente o Aluno Preguiça volta ao ataque. O desespero é sempre um incentivo...

- Mas o cara pode ser um Ph.D. corrupto. Não seria mais inteligente do que eu?

- Seria, com certeza. Mas suas ações alocam mal o capital intelectual pois ele desrespeita os direitos de propriedade das pesquisas ou de monografias individuais que foram feitos sob a função de produção, digamos assim, de diversos pesquisadores individuais que não foram consultados sob a permissibilidade de terem sua pesquisa plagiada. Se ele as vende para você sem a autorização dos autores, então aloca mal os recursos não?

- É, tem razão. Mas ele poderia fazer a pesquisa para mim. Ele pode ter uma equipe de estudantes que façam isso e me venda depois!!!

- Sim. Mas aí você acha que algum deles compraria uma pesquisa? Se o, digamos, "empregado-estudante" desta máfia sabe como fazer uma monografia e se ele precisar de uma, por que a compraria? Ele não se especializou nisto? Sai mais barato ele mesmo confeccioná-la. Neste caso, não faria muito sentido contratar estudantes para fazer o trabalho. Pode-se, isto sim, roubar os trabalhos alheios ou empregar gente desonesta para fazer isto.

- Humm... o senhor está certo, professor Supimpa.

- Lembre-se de que um mafioso deve sempre contratar mafiosos tão ruins quanto ele, porém devem ser menos inteligentes. Senão ele pode perder o poder. Você lembra de ter lido isto em "O Caminho da Servidão", de Hayek?

- Não. Eu não li este livro. Disseram-me que Hayek era neoliberal, burguês, globalizante, excludente e que ele não era filiado à FENAJ-CUT e nem ao Greenpeace.

- Bem, meu caro, você foi enganado. Em todos os casos, acho que agora percebeu melhor o ponto central da monografia, não? Diga-se de passagem, estas "qualidades" não deveriam te impedir de ler o autor. Você pode não gostar de idéias diferentes das suas, mas deixar de lê-las é perder uma boa chance de aprimorar seus conhecimentos e, quem sabe, sua ironia e bom humor.

- Sim, professor. Até que não é tão complicado...digo...é...mas... [silêncio]

- Sabe, eu acho que você é capaz. Você não é burro. Apenas um pouco preguiçoso. Se perceber o quanto poderá aprender, poderá corrigir este seu defeito e ser mais feliz do que é hoje.

- Muito obrigado, professor Supimpa.

Neste momento o aluno Preguiça percebe que a Economia que ele pensava dominar, não se aplica somente aos outros, mas a ele mesmo (o aluno Preguiça se acha um ser humano e, de fato, ele faz parte desta espécie!!!). Os colegas começam a pensar e percebem que a monografia é apenas mais um momento em suas vidas em que terão de tomar decisões ótimas. O domínio da Ciência Econômica passa, de certa forma, pela percepção de que nós não estamos apenas arrogantemente explicando as ações dos outros mas também as nossas.

Posfácio: este post foi inspirado em um trecho do livro do Duílio (o de Técnicas de Pesquisa em Economia). Aliás, num trecho ao final da p.65, escrito pelo próprio. Thanks Duilio por mais esta inspiração.
Ainda comemorando

Mais comemorações pelo dia do economista...conheça alguns famosos economistas: Timeline of Famous Economists [Virtual Economy].
Hoje é dia do economista, vamos sair e dançar, cantar e ver a banda passar? Ou vamos estudar? Você é quem escolhe.

Neste livro, que indiquei em um post recente, existe um capítulo, o cap.14, que foi escrito por uma tal Carmen Gelinski. Pois bem, eu não conheço a sra. Gelinski, mas devo parabenizá-la. Há muito tempo não lia um capítulo como este. O que tem de tão especial lá? Simples. O capítulo tem como título: "Melhorando o desempenho nos estudos, exames e apresentações de seminários e monografias".

Quando eu estudava para o vestibular, procurava ler materiais como estes. Havia um livro, não me lembro mais o nome, que circulava pelas livrarias de Belo Horizonte, que era ótimo, com o mesmo tipo de dica que a sra. Gelinski, agora, atualiza e apresenta aos compradores do livro.

Dicas, devo dizer, excelentes. Como muitos estudantes, eu era obcecado pela técnica perfeita que me faria aprender e compreender mais no mesmo espaço de tempo. Não posso dizer que fui bem-sucedido nisto. Mas posso dizer que qualquer um pode, desde que persevere muito. Se não alcançar a perfeição (alguém dirá que a meta é impossível mas, de que vale o esforço se a meta não for difícil de ser alcançada?), pelo menos próximo dela a gente pode chegar. Ou, como dizem os meninos nas ruas: "a gente chega lá".

Bons estudos e lembre-se, 13 de agosto é o dia do economista!

quinta-feira, agosto 12, 2004

Humor (se é que isto é possível neste país...)

Já está disponível para venda o segundo livro da série "O Mochileiro das Galáxias", de Douglas Adams. Só para lembrar, havia uma edição antiga, da falecida editora Brasiliense que nunca achei em sebos.

O livro é o O Restaurante no Fim do Universo e, claro, continua tão engraçado como os anteriores. Excelente leitura de banheiro, lazer e de quaisquer horas vagas. Só para sentir um gostinho:

Introdução

Existe uma teoria que diz que, se um dia alguém descobrir exatamente para que serve o Universo e por que ele está aqui, ele desaparecerá instantaneamente e será substituído por algo ainda mais estranho e inexplicável.


Existe uma segunda teoria que diz que isso já aconteceu
.

Se recomendo a compra? Oras...

quarta-feira, agosto 11, 2004

O que o governo pensa da liberdade de imprensa?

Saiba aqui. Veja como a idéia de Gushiken é oposta aos princípios liberais/libertários, o que torna, mais uma vez, errado, chamar o governo Lula de "liberal".

Ainda acha que a imprensa deve ser controlada? Então leia o capítulo V da Constituição do Brasil (1988). A situação me faz pensar: por que será que tanta gente quer indenizações para vítimas de um regime totalitário se as mesmas possuem as mesmas idéias totalitárias, só que sob uma roupagem ideológica diferente?

Claro que não é bem assim. Quem foi torturado está sendo compensado pelo crime da tortura. Mas o irônico é que, pelo visto, se o porrete estivesse nas mãos da vítima, o indenizado, hoje, seria o funcionário do DOPS. Em poucas palavras: Gushiken e seus colegas não acham que a liberdade de expressão seja o único valor relativo. Eles acham que a moral também é relativa...e que os fins justificam os meios.

Como economista, normativamente falando, acho isso um lixo. Positivamente, lembro aos leitores que uma correlação positiva entre liberdade de imprensa e crescimento econômico tem sido observada com frequência em alguns estudos de desenvolvimento. O que me faz, novamente, perguntar: por que alguém, sabendo disto, optaria pela opção aparentemente ilógica?

Creio que tem razão Tsebelis (lembra-se de um post aí embaixo sobre o livro dele?): na verdade o governo "popular e democrático" não está em um jogo simples. Na verdade, ele está em um jogo maior onde os payoffs são variáveis. Só temo pelos resultados...

terça-feira, agosto 10, 2004

Pimenta nos olhos dos outros...

Políticos de esquerda ganham a vida - muitos deles - jogando a culpa nos "estrangeiros" e valorizando supostas "tradições nacionais" (Leo Monasterio "escondeu" um bom post sobre isso no blog dele, linkado ao lado...pena que não postou aqui).

E a vida para estes caras fica difícil - em termos de raciocínio lógico, não de amor à camisa, que é irracional e, geralmente, fanático - quando estão no poder.

Considere, por exemplo, esta notícia cujo título bem poderia ser: "Imperialismo brasileiro empobrece latino-americanos argentinos". Se fosse um jornal das esquerdas da era pré-Lula (e pré-controle da imprensa pregado por Genoíno/Dirceu), seria este um dos mais prováveis títulos dos tablóides (onde está o comentário de Luis Fernando Verissimo sobre isto quando se precisa dele?).

Qual o problema do discurso destes caras? O de sempre: ignorar a lógica econômica, notadamente, a lógica do comércio internacional. Comércio só é jogo de soma-zero (quem ganha, ganha porque alguém perde) na cabeça do político. Quer um exemplo de como o comércio gera valor? Aí vai: eu estou disposto a pagar até R$ 2.00 em uma empada (argentina). O argentino está disposto a me vender uma empada desde que o preço seja maior que R$ 1.00. Se o preço for R$ 1.50, gerou-se riqueza. Eu paguei menos do que estava disposto a pagar (R$ 0.50 de benefício) e o vendedor embolsou mais do que achou que ganharia (também R$ 0.50). A sociedade composta por Claudio e pelo argentino vendedor de empadas enriqueceu em R$ 1.00.

É a simples, mas sempre incompreendida, lógica econômica...

segunda-feira, agosto 09, 2004

Por que ainda ficaremos sem entender as mulheres?

Porque os estudos sobre os efeitos dos hormônios sobre as nossas ações ainda são exploratórios. Veja um pouco mais sobre isto e sobre os preconceitos de todos os lados no link indicado.

p.s. não entendo as mulheres mas...who cares? O negócio é curtir a mulher (e vice-versa).

domingo, agosto 08, 2004

Ainda os impostos

Num post da semana passada eu falei sobre quanto você paga de imposto. Os caras mudaram o link e você encontra a mesma informação, agora, aqui.

Detalhe: a tabela que eles calcularam é válida para o estado de São Paulo. Onde estão os empresários mineiros quando a gente precisa deles? Em Porto Alegre, o dia da liberdade dos impostos foi um sucesso (www.il-rs.org.br). Em São Paulo, os caras calcularam o quanto o paulista paga de imposto por produto. E os empresários de Minas? Estão satisfeitos? Ou dependem tanto do Estado que temem desagradá-lo? (Para ser justo, noto que a tabela foi colocada no centro de BH, ontem. Mas não sei se é alguma calculada para BH ou se apenas importaram a de São Paulo...)

Comentários?
CEAEE

Eu havia me esquecido de fazer uma auto-propagandazinha. Bem, aí vai: CEAEE.

Divirta-se, leitor, com os textos para discussão do IBMEC-MG.
Crime, castigo...e recompensa

Se você compra "O Estado de São Paulo" (meu jornal favorito), leia o artigo de hoje de José Márcio Camargo sobre os incentivos errados que o governo adotou para desarmar a população. O ponto já foi destacado neste blog (ver posts abaixo) na semana passada ou retrasada e é importante se você acha que uma "falha de mercado" pode ser corrigida com a intervenção governamental. É isto verdade? Nem sempre.

Desarmamento civil é coisa séria. Foi uma política de sucesso no passado, na Alemanha, na época de Hitler. Mas nem sempre funciona. A palavra-chave, como sempre, é: incentivo.