Teste para alunos de economia
Você quer ser economista, é jovem, tem talento, vontade, enfim, é uma pessoa entusiasmada com sua escolha profissional. Você não é diferente de seu colega estudante de medicina, creia-me. Ele também quer logo abrir o tórax de um cadáver.
Mas você tem de ser paciente. Faça, por exemplo, o teste abaixo.
1. Diga para si mesmo: não quero ser um economista de meia pataca. Quero ser um sujeito bom no que faço.
2. Logo, vou entender um bocado de minha área.
3. O que me leva a pensar: consigo ler algo além das colunas de economia que um leigo lê?
4. Afinal, se eu faço apenas o que um leigo faz, não há motivo em estudar Economia na faculdade.
5. Ok, de 1 até 4 você ficou se perguntando, fazendo uma auto-análise sobre o que realmente quer. Agora vamos ao teste.
6. Leia o boletim do IPEA (um bom exemplo, poderia ser outro boletim, mas este número, em especial, está bem legal) seguinte:
Boletim do IPEA
7. Anote os termos que você não entende.
8. Tente identificar os termos com o conteúdo de cadeiras que já estudou na faculdade. Se não os estudou, tente encontrá-los na internet. Por exemplo, "médias aparadas" pode ser classificado em seu caderno como "econometria", "estatística" ou mesmo "politica monetária".
9. Carregue esta tabela com você no resto do seu curso de graduação. Em todo final de aula - seja metódico - veja se ouviu algum termo relacionado a isto. Quando aprender sobre ele, anote o nome da disciplina e o período (se quiser, anote também o nome do professor). Cheque para ver se o professor foi honesto ou se te enrolou com o bom e velho google.
10. No dia de sua formatura, olhe para a tabela. Veja se está preenchida. Se sobrou algum termo ou não.
Muito melhor do que qualquer "provão", minha proposta é um "auto-provão". Ele não impede que você pesquise individualmente, mas a idéia é que você aprenda a: (a) ser paciente; (b) avaliar o quanto você está aprendendo em sua faculdade.
Se sua faculdade tem um curso de economia no qual você não aprende nada de economia, então você não conseguirá entender muito do boletim do IPEA. É como aquela brincadeira do BigMac. As pessoas usam o BigMac para acompanhar a paridade do poder de compra. Eu estou usando o boletim do IPEA - que atualmente tem um nível teórico-empírico muito melhor do que o que a gente lia há 10 anos - como indicador para seu conhecimento.
A diferença entre os textos incorretos ou ruins que você encontra em jornais e uma análise econômica digna de um emprego como consultor passa por este tipo de trabalho.
Divirta-se e depois me conte o que achou.