sábado, agosto 07, 2004

Bom livro de Teoria dos Jogos

...para cientistas políticos. George Tsebelis é nome conhecido no meio. O livro promete. Já tá na lista de leitura. Pelo menos, na minha lista.

Link: JOGOS OCULTOS: Escolha Racional no Campo da Política Comparada
Governo brasileiro quer controlar jornalistas?

A resposta é fácil. E você a encontra clicando no trecho abaixo. Se eu acho isto bacana? Não, não acho. E, para a economia, isto também é ruim. Se você preza sua liberdade de opinião e quer expressá-la sob Lula, Castro, Maluf ou Pinochet, então deveria, no mínimo, estar bem preocupado...

O conservador Henrique Meirelles fica no Banco Central. O PT expressa seu apoio formal ao protoditador Hugo Chávez na certeza de que sua permanência “representará a consolidação da democracia e a ampliação das conquistas sociais”. Um projeto de lei do presidente Lula (veja íntegra) cria o Conselho Federal de Jornalismo para fiscalizar, orientar e, se for o caso, punir os jornalistas. Poucos nos damos conta de que essas três aberrações de teratológica democracia derivam de um mesmo tronco, brotam da mesma frondosa árvore do autoritarismo.

sexta-feira, agosto 06, 2004

Boa explicação...

Mais uma do livrinho da McCloskey: Economistas mais velhos normalmente livram-se de sua responsabilidade de ensinar os mais jovens a escrever usando a estranha desculpa de que os jovens não prestam atenção. (Você se lembrará de como sua falta de atenção não os impedia de explicar os efeitos renda e substituição de três formas diferentes).

Isto é verdade. Realmente alunos são, em média, menos estudantes do que alunos. (Para mim, estudante é quem quer estudar e estuda. Aluno é um nome a mais na lista de presença). Então por que insistimos em explicar tudo bem explicado? Há várias respostas: (a) o professor é masoquista; (b) o professor encara o aluno como estudante, quer ele queira ou não, e pretende prepará-lo bem para o mercado; (c) o professor tem a imensa vaidade e prazer intenso quando se fala em explicações detalhadas; etc.

Particularmente, creio que todos nós misturamos as três (ou mais) causas ao longo de nossa vida acadêmica. Mas não deixa de ser uma boa observação. :)
Recomendável...mesmo

"O cara comum adora suas opiniões erradas sobre livre comércio e não ouvirá professores de economia. (...) Mas como um estudante de economia, você leu o capítulo sobre vantagens comparativas no seu livro-texto introdutório de economia e sabe que o sujeito está errado". [tradução "quase-livre" do início do livro]

Se você quer escrever um trabalho de final de curso e acha que não escreve bem (sinceramente, quantos de nós ganhariam o Nobel da Literatura? Eu sou o primeiro a sair da lista...)? Quase todos. E eu sempre digo: não tem outro jeito. Tem de ler, escrever, corrigir, reler, escrever, corrigir, corrigir, corrigir, escrever, reescrever, chorar, ler de novo...

Se você quer menos verbos na frase acima, então busque conselhos de quem escreve bem. McCloskey é, indubitavelmente, o melhor exemplo.
Fractais no Greenspan!

Benoit Mandelbrot volta a falar de economia. Se é bobagem ou não, só o tempo dirá...

Do You See a Pattern Here? - An open letter to the wizards of Wall Street from Benoît Mandelbrot, father of the fractal.

quinta-feira, agosto 05, 2004

Existe "panelinha" no mundo acadêmico?

Existe. E fortes evidências disto foram encontradas para o Journal of Economic Development. Para saber mais, veja o último número do Econ Journal Watch, em pdf, no finalzinho da página. O nome do artigo é "Investigating the Apparatus".

Não é de hoje que economistas brasileiros sabem disto. Colegas - sempre anônimos - sempre reclamam de pareceres estranhos ou de roubo de idéias no processo de publicação. Mas as queixas eram sempre referentes às revistas nacionais. Mas, como sempre, quem disse que a teoria econômica só se aplica aos indivíduos brasileiros?
O futuro chegou

Enquanto você dormia ou olhava para o lado...bum...eis o primeiro encontro de neuroeconomia do mundo! Pesquisadores de neurociência e de economia descobriram que podiam fazer algo juntos e, bem, confira o resto no site abaixo.

Link:NeuroEconomics 2004

quarta-feira, agosto 04, 2004

A economia da doação de órgãos para transplantes

O Ari descobriu este recentíssimo texto sobre a doação de órgãos, modelada para a política de "consenso presumido" (a mesma adotada no Brasil).

Ele é que deveria ter feito este post mas, depois que o Matheus nasceu, ele só se preocupa com: (i) a alocação de fraldas limpas (escassas); (ii) a economia política da alocação da vigilância noturna ao lado do bebê e, claro, (iii) a econometria do choro do Matheus.

Ou seja: ele só pensa em Economia. :)
TPE

Se houve alguém com quem conversei pouco em Porto Alegre (2001-2) e se houve alguém com quem deveria ter conversado mais, este alguém é o Duilio.

Duilio é o editor deste excelente livro de TPE com autores de primeira que não vou citar para não ser injusto com os outros.

TPE é uma disciplina que, se bem aproveitada, pode ser muito proveitosa. Acredite.

terça-feira, agosto 03, 2004

Se alguém ainda acredita que o liberalismo venceu...

Muitas das queixas de "ociólogos" (como diz Elio Gaspari) são relacionadas a uma suposta vitória do liberalismo econômico no final do século XX. Mesmo que David Henderson já tenha mostrado os diversos problemas deste argumento em seu livro "Antiliberalismo 2000" (já citado aqui há algum tempo), ainda há quem insista em acreditar no contrário.

Qual é a verdade, então?

O problema é bem mais complicado como mostra Ana Eiras neste artigo (em pdf). Segundo a analista da The Heritage Foundation, os EUA - supostos campeões do liberalismo - andam perdendo posição no índice de liberdade econômica medido por sua instituição em conjunto com o The Wall Street Journal.

Para saber se o liberalismo econômico tem avançado ou não no mundo, claro, é necessário se observar a posição relativa dos países no ranking além de, claro, do índice para cada país bem como a média global do mesmo.

Ainda assim, é difícil responder à pergunta de se o "liberalismo venceu ou não". Um exemplo simples: o aumento da média dos índices de liberdade nacionais não diz muita coisa. Afinal, o povo do Gabão pode estar morrendo por falta de liberdade econômica, mesmo que a média global aumente.

Os links para índices de liberdade econômica, política e religiosa já estiveram aqui muitas vezes (normalmente por minha culpa), mas hoje tô ocupado. Desta vez faça um esforço e procure por si mesmo. A dica são nossos arquivos de posts antigos.

Mas não se esqueça de ser mais crítico ao ler os desavisados "pensadores sociais" que pensam muito e estudam pouco (não todos, mas...).
Pontos importantes em Ciência Econômica

Há vários artigos no último volume do Econ Journal Watch, mas, um deles, de Ziliak & McCloskey me chama a atenção e é importante para a boa prática econômica.

Um trecho que eu citaria: "fit is not the same thing as scientific importance; a merely statistical significance cannot substitute the judgement of a scientist and her community about the largeness or smallness of a coefficient by standards of scientific or policy oomph. (...) Scientific judgment requires quantitative judgment, not endlessly more machinery. As lovely and useful as the machinery is, at the end, having skillfully used it, the economic scientist needs to judge its output. But the economists and calculators reply, 'Don't fret: things are getting better. Look for example at this wonderful new test I have devised".

E, melhor ainda, é o subtítulo da seção que se segue a este trecho: Significance Testing is a Cheap Way to Get Marketable Results.

O ponto não é que testes estatísticos não sejam relevantes. O ponto, na minha visão, é que há um tamanho ótimo nisto. Não dá para ficar testando eternamente (com diferentes testes) uma hipótese sem efetivamente parar em algum momento e pensar sobre o que está acontecendo.

Leitores desavisados podem achar que o argumento é algum tipo de "anti-econometria". Não poderiam estar mais longe da realidade.

Comentários?

Leituras recomendadas

McCloskey, D. & Ziliak, S. 1996. The Standard Error of Regressions. Journal of Economic Literature 34 (March): 97-114

-----------------------. 2004. Size Matters: The Standard Error of Regressions in the American Economic Review. Econ Journal Watch (link acima).
Liberdade de imprensa, democracia e crescimento econômico: há relação?

Uma discussão inicial interessante, não-técnica, na última edição da Revista Leader. Veja, por exemplo, o artigo de Hernán Alberro com algumas correlações simples.

segunda-feira, agosto 02, 2004

Cuba e outras coisinhas

Um bom ensaio sobre Cuba: Michael Munger, Tragedy of the Malecon, Is Cuba "Domestic

...e um antigo ensaio sobre o Brasil, diretamente da "Cyclopedia of Political Science, Political Economy, and the Political History of the United States by the Best American and European Writers" de 1881.
Quanto você paga de imposto?

A Associação Comercial de São Paulo criou um site para revelar isto a você. Ele está aqui. A tabela (http://www.acsp.com.br/feiraoimposto/tabela.htm) apresenta a interessante relação "tributos/preço final" o que nos remete à velha discussão das elasticidades da oferta e da demanda (em Portugal: procura).

Divirta-se.

domingo, agosto 01, 2004

Cristãos, go home

Quem é que disse que os terroristas que agem no Iraque não seguem os apelos de Bin Laden? Estão bem afinados, segundo esta notícia. Uma pena, de fato...
Quer fazer uma boa monografia?

Então considere este livro. Trata-se de um autor cheio de idéias interessantes, com boas perguntas mas, creio, com respostas insatisfatórias.

Paul Bairoch (o autor) é um importante nome da história econômica quando se trata de examinar os dados. Neste livro, ele tenta desmistificar o que qualifica como "mitos e paradoxos" da história econômica. Eu já havia lido o livro, em inglês, em 2002. Mas, agora, comprei-o em Portugal.

Por que é um bom livro para monografias? Porque acho que estudantes poderão ter uma boa chance de tentar verificar se Bairoch está ou não certo em diversos mitos que levanta.

Se recomendo a compra? Claro!
O mercado funciona

Duvida? Então veja esta notícia:

Estatuto do Desarmamento bandido
Criminosos se antecipam ao governo e compram armas legais em vilas da Capital
Por Carlos Wagner - Publicado em Zero Hora no dia 11/07/04 - URL

Os traficantes que disputam o poder a tiro na Grande Cruzeiro - um conglomerado de 14 vilas onde vivem 60 mil pessoas, no centro geográfico de Porto Alegre - largaram na frente do governo federal no trabalho de desarmar a população, conforme previsto no Estatuto do Desarmamento. Eles estão pagando de R$ 800 a R$ 8 mil por armas.
O governo estuda pagar de R$ 100 a R$ 300 por unidade e terá R$ 10 milhões à disposição pagar quem entregar armas. A corrida que ocorre na Cruzeiro tem como pano de fundo a nova legislação - em vigor desde o final do ano passado e regulamentada no início do mês pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Com a nova lei, as lojas pararam de vender armas. Enquanto isso, a Brigada Militar intensificou a fiscalização. No primeiro semestre de 2003 foram 282 armas recolhidas em Porto Alegre, segundo o Comando de Policiamento da Capital. No mesmo período deste ano, totalizaram 408 (um crescimento de 45%).
Somente na última semana, pelo menos duas prisões em flagrante foram feitas pela BM por porte ilegal de armas. Um delas foi na madrugada de terça-feira. Na Rua Dona Malvina, na Cruzeiro, três pessoas envolvidas com assaltos e tráfico foram presas portando dois revólveres calibre 38 e uma pistola 7.65 com as numerações raspadas.
A outra prisão foi na quarta-feira, na Vila Bom Jesus, zona leste de Porto Alegre. Na ocasião duas pessoas foram pegas com uma pistola de fabricação alemã de uso exclusivo das Forças Armadas - a Luger calibre 9 milímetros, de 12 tiros.
Os traficantes das vilas da Cruzeiro correm atrás das armas porque estão envolvidos em uma guerra pelo poder. Esse conflito torna a região a mais conflagrada no Estado. Até a semana passada, 21 pessoas já haviam sido assassinadas neste ano em disputas por pontos de drogas, informa o inspetor Adilson Silva, 38 anos, 19 de polícia.
Silva chefia as investigações da 20ª Delegacia da Polícia Civil, responsável pela área da Cruzeiro. A última execução foi a do chefe de uma das seis gangues que atuam na área conhecida como São Borja, então chefiada por Edson Everaldo Arande Lescano, o São Borja ou The Flash. Ele foi executado a tiros por um grupo de adolescentes.
- O perfil violento da Grande Cruzeiro coloca o Rio Grande do Sul entre os Estados brasileiros onde a aplicação do Estatuto do Desarmamento provocou uma corrida às armas entre os bandidos - diz Pablo Dreyfus, 34 anos, especialista em mercados ilegais de armas da Viva Rio, organização não-governamental com sede no Rio de Janeiro.
Procura deve crescer quando governo regulamentar o pagamento
Dreyfus acredita que a aplicação da nova legislação provocou uma escassez de armas no mercado, fazendo vigorar a lei da oferta e da procura. Em locais onde os bandidos disputam o poder, como nas favelas cariocas, na periferia da cidade de São Paulo e na Cruzeiro, as quadrilhas estão comprando armas de quem quiser vendê-las. Da população, compram revólveres, pistolas e até espingardas.

Na avaliação do especialista, a busca dos quadrilheiros aumentará ainda mais assim que o governo regulamentar o pagamento por arma entregue pela população. Ele lembra que, no Paraná, onde as autoridades implantaram por sua conta um programa de recolhimento de armas, as mortes por tiros caíram em 30%.
Dreyfus confirma que, se por um lado os bandidos em áreas de conflitos estão disputando as armas dos moradores com o governo, por outro lado, em todo o país, a polícia aumentou o número de apreensões de armas ilegais. E mais: o governo federal está apertando o cerco em fronteiras, portos e aeroportos, portas de entrada de armamentos contrabandeados. Portanto, conclui Dreyfus, a situação dos bandidos não é cômoda. E vai piorar ainda mais.


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Eu, na (muito velha) Biblioteca Joanina (Universidade de Coimbra)


Posted by Hello
Por que a diferença?

Quando fiz minha graduação as aulas se iniciavam às 7:30. Eram os tempos da FACE-UFMG. Depois de alguns anos, retomando minha atividade didática, defrontei-me com o início das aulas às 7:00 em uma universidade privada. Qual a razão da diferença?

Alguns colegas meus fizeram a seguinte hipótese: o início às 7:00 se deveria, claro, à maximização de lucros. Tratava-se de dar ao aluno da manhã a chance de ter um horário de almoço para trabalhar à tarde. Para os alunos da noite, contudo, a explicação não se aplicaria. Em caso de dúvida, culpe o trânsito da rush hour.

Durante estas férias, num dia qualquer, conversava sobre isto com minha noiva. Acho que a explicação dela é melhor. Parte-se do princípio de maximização de lucros mas, para ela, a variável de controle tem a ver com a limpeza das salas. Sua hipótese é a de que as universidades privadas, como gostam de seguir o esquema "colégio" de aulas não apenas pela manhã ou noite, mas também durante a tarde, teriam de aproveitar ao máximo os intervalos para uma limpeza mínima das salas.

Quando a ouvi falar disto, pensei: estou realmente noivo de uma economista. Na minha opinião, sua explicação é melhor do que a dos ex-professores dela. Adicionalmente, note que ela consegue explicar os três turnos, ao invés de se limitar apenas a alguma maximização visando apenas alunos do turno da manhã.

Palpites?