sábado, outubro 09, 2004

O petróleo não está acabando (e nem a temperatura média está subindo)

Que a ciência nunca nos dá muitas respostas definitivas é algo que qualquer um sabe. Antes de Copérnico era Ptolomeu e, claro, antes de Darwin havia Lamarck. Antes do quark, o átomo naquele modelo de "mini-sistema solar" que a gente via no colégio.

Mas há pessoas que se apressam em divulgar resultados como definitivos. Uma parte deste tipo de gente está na imprensa e a outra está nos grupos de interesse como os eco-fanáticos.

Mas nem todo ecologista é eco-fanático.

Aqui vão dois artigos interessantes. Um, com réplica e tudo o mais é sobre as mudanças do clima que supostamente seriam definitivas. O artigo está em PDF e basta voltar um pouco no link para encontrar as réplicas e tréplicas.

O outro artigo, menor, fala sobre o alarmismo de alguns pessimistas com o petróleo.

O ponto importante a se destacar é o seguinte: trade-offs não existem apenas para perturbar o sono de alunos em véspera de prova de economia. Existem para serem mensurados e isto exige estudo e critérios.

Vai encarar?

sexta-feira, outubro 08, 2004

Por que você deve votar no Ernani Teixeira? Ele joga boliche com você!

Já falei que a meta dos brasileiros na internet deveria ser a de deixar de tolices e, sempre que reinicializar o micro e/ou reconectar à internet, ir até este endereço e votar no Ernani Teixeira (meu ex-professor e colega de IBMEC-MG) para Nobel.

Se você quer outro motivo, pense no capital social. Os amigos do Ernani parecem ter lido o "Bowling Alone" do papa (opa!) do capital social, Robert Putnam, e aprenderam o dever de casa. Pelo menos é o que diz o texto abaixo. Clique no trecho para ler o resto e lembre-se: vote no Ernani. Ainda há tempo! O Nobel oficial de economia é no dia 11!!!

"'You know the book 'Bowling Alone'?' Mr. Jenkins asks, referring to Robert Putnam's study of the fractured and individualized nature of modern America. 'What the Mormons offer is exactly the opposite.'"

p.s. A pergunta para o Leo Monasterio e seus colegas de capital social, agora, é: e aí? vai à igreja ou não? Ou, de outra forma, isto é capital social?
Outra base de dados bacana

Descobri esta enquanto (re)visitava o site dos meus amigos do Partido Federalista. Trata-se de uma base dados de "política" do continente americano.

Talvez valha a pena transformá-lo em link fixo, aí ao lado. Que tal?

Political Database of the Americas
Prêmio para universitários

Atenção universitários brasileiros. O Instituto Liberal (IL-RJ) está se preparando para a edição do II Prêmio Donald Stewart Jr. E, desta vez, na minha opinião, escolheram um livro bem melhor do que o da primeira edição. Trata-se de "O Caminho da Servidão", o clássico livro de Hayek cuja leitura eu recomendo fortemente.

Como será o prêmio? Ainda não sei. Mas eles divulgaram algumas regras:

II Prêmio Donald Stewart Jr.

O Instituto Liberal vai promover o Prêmio Donald Stewart Jr. - versão 2005 - para universitários. O autor escolhido dessa vez é Hayek, em comemoração ao 30º aniversário de seu Prêmio Nobel em economia. O livro tema do concurso é O caminho da servidão. A extensão do trabalho são as mesmas 20 laudas, 25 mil caracteres, do concurso anterior.


Se algum aluno meu - ou ex-aluno - quiser fazer o trabalho para concorrer, há um exemplar do livro na biblioteca do IBMEC-MG e eu só tenho a dizer que é uma ótima chance de ler um livro muito importante se você quer entender bem a relação entre Economia e Política. Hayek foi e sempre será a melhor referência no que diz respeito às relações entre liberdade, democracia e economia, de um ponto de vista não-totalitário.
Como destruir uma escola

Clique no trecho abaixo para ler a matéria toda. Que lástima! Para pensar: você acha que pedagogos realmente entendem de incentivos e esforço ou acha que deveriam ter aulas de teoria da agência?

Benedict College in Columbia, S.C., enforces an academic policy that defies belief. Say I'm a freshman taking your class in biology. I learn little from your lectures, assigned readings and homework. I do attend class every day, take notes and manage to average 40 percent on the graded work for the semester. What grade might you give me? I'm betting that all but the academic elite would say, "Sorry, Williams, but no cigar," and I'd earn an F for the course. But if you're a professor at Benedict College and gave me that F, you'd be fired.

That's exactly what happened to science professors Milwood Motley and Larry Williams, both of whom refused to go along with the college's Success Equals Effort (SEE) policy. SEE is a policy where 60 percent of a freshman's grade is based on effort and the rest on academic performance. In a student's sophomore year, the formula drops to 50-50, and it isn't used at all for junior and senior years. In defense of his policy, Benedict's president, Dr. David H. Swinton, said that the students "have to get an A in effort to guarantee that if they fail the subject matter, they can get the minimum passing grade. I don't think that's a bad thing."
Chance de mostrar a competência para o prof. Shikida (o Claudio, não o Pery)

Meus alunos calouros do IBMEC-MG, neste semestre, têm a mesma chance dos do semestre passado de mostrar sua competência em um trabalho em grupo.

As regras ainda não estão totalmente estabelecidas mas não deverão mudar. No entanto, neste semestre, os alunos terão a chance de conhecer os fundamentos econômicos da ecologia e do meio-ambiente. Trata-se de um tema polêmico e eu já aposto que muitos alunos vão se surpreender com a forma como a Economia trata o assunto.

Bem, aí vai o link. A página poderá mudar um bocado ainda, mas o aluno esperto não deixa passar um dia sem apertar o botão de "reload", não é? :)

Trabalho de Economia - 1o periodo (IBMEC-MG)

Honestamente, estes trabalhos são sempre uma boa chance do aluno perceber a relação entre teoria e realidade. No semestre anterior o trabalho foi este aqui.

p.s. aposto que o Davi e o Rodrigo, se ainda fossem alunos, iriam querer fazer este trabalho. Eu mesmo iria querer :)
Prescott ou Barro?

O mercado de apostas do Nobel parece indicar um dos dois (seguidos pelo não tão bom - para Nobel - Krugman). Confira o desempenho deles neste endereço: Nobelpreisbörse.

E lembre-se: o resultado sai dia 11.10, segunda-feira! Este blog estará de plantão para divulgar o resultado e, quem sabe, teremos comentários dos blogeiros sobre o eventual vencedor.

Aliás, talvez segunda-feira seja um bom dia para marcar uma cerveja para os membros mineiros do blog (a grande maioria). Ficam aí as idéias. :)

quarta-feira, outubro 06, 2004

Direitos de propriedade bem pequenininhos :)

Os direitos de propriedade chegaram lá, no menor dos mundos. Confira em: NanoDynamics Acquires Nanocomposite Intellectual Property from Atomic Scale Design, Inc..
Uma forma simples de se medir o nível de confiança interpessoal de uma sociedade

Alguns economistas afirmam que o capital social é importante para o crescimento econômico. O que é capital social é algo que se deve perguntar ao Leo Monasterio. Mas eu tenho uma vaga idéia do que seja isto. E sei que se relaciona com a "confiança". Uma sociedade tem maior capital social se, por exemplo, as trocas comerciais necessitam de menos "enforcement" da lei do que outra sociedade.

E aí vem o problema: como é que se mede confiança? Eu diria que há uma variável simples que ainda não foi utilizada - até onde eu saiba (e eu não sei muito sobre tentativas de se medir isto, então, vamos lá...): o número de anúncios de serviços de detetives privados nos jornais.

Uma justificativa para isto é que a oferta destes serviços cresce por causa de um aumento da demanda. Por exemplo, como neste caso.

E é uma boa medida, por exemplo, em relação ao número de agentes secretos empregados numa ABIN da vida porque esta existe para servir ao Estado em seus objetivos nem sempre voltados para a solução de desconfianças particulares.

Agora, o engraçado é que nunca vi alguém fazer um acompanhamento, digamos, mensal, desta oferta de serviços em jornais. E é algo fácil de se fazer. Fica aí a sugestão para alunos interessados no tema.

segunda-feira, outubro 04, 2004

Nobel (já votou no Ernani?)

Vocês sabem que estou em franca campanha para que o Ernani Teixeira ganhe a brincadeira que é a votação do ArgMax. Mas, falando sério, o mercado de apostas - que é bem mais eficiente do que um bando de xenófobos brasileiros querendo eleger Celso Furtado na porrada - mostra outra coisa.

Quer ver o mercado? Vá para este link: Nobelpreisbörse.

O resultado oficial sai dia 11.10 (Economia). Não desligue sua TV neste dia! :)
Quem não deve, não teme?

Brazil under nuclear microscope -- again

Trechos:Last week Brazil and the United Nation's nuclear agency, the International Atomic Energy Agency, or IAEA, clashed over the terms of inspections at the Resende plant set for October.

Under international law, the plant cannot begin to process uranium until it passes IAEA inspection. Brazil has the world's fourth largest reserves of the raw material used in nuclear power plants and weaponry.

Brazilian officials at the Minister of Science and Technology said they would allow IAEA inspectors in certain parts of the plant but not others to protect Brazilian innovations in uranium processing for fuel.

Henry Sokolski, head of the Washington-based Nonproliferation Policy Education Center, told Estado that IAEA officials harbor concerns that the source of the technology of (Brazilian) centrifuges was Kahn.

Some Brazilian scientists are outraged by the allegations that Brazil obtained the technology for its Resende plant from Pakistan.

It is absurd to speculate that Brazil had bought old concepts adopted by Pakistan when it has something superior at its disposal, said physicist Fernando Barros to Estado.

domingo, outubro 03, 2004

A Hipótese Colistete precisa ser testada

Eis aí uma boa hipótese sobre o público da universidade pública brasileira. Quem está dizendo não sou eu. São os fatos e a hipótese do Colistete.

Querem saber? Acho que ele está certo.

Para saber mais, veja: História Econômica: Atentado na Usp Ribeirão
Voto consciente não é o que leva este nome...

Excelente artigo daquele que chamo de um dos poucos filósofos sérios deste país que publica na imprensa, Alberto Oliva.

O artigo está aqui.

Trecho: À época das eleições somos bombardeados por recomendações acintosamente paternalistas que nos concitam a cumprir de modo consciencioso o dever cívico de escolher os governantes. A propaganda institucional e os formadores de opinião insinuam que está em nossas mãos dar a vitória aos melhores. Bastando para isso identificar o bom programa de governo associado a uma irrepreensível biografia. Mas o que chamam de bom programa costuma ser o que seduz, mas ilude, e não o que é realista, mas não conquista os corações.
Incompetência empresarial mineira

Algumas cenas:

1. Vou ao xerox do tal DA (diretório acadêmico) do ICEG/PUC-Minas na quarta-feira com três documentos de três páginas cada e peço algumas cópias. Volto mais tarde e o rapaz, para me agradar, diz que grampeou tudo. Chego em casa e descubro que ele fez o pior: grampeou cada conjunto de nove folhas como se fosse um documento. Volto ao mesmo xerox, no sábado, às 8:00 e peço para o rapaz desgrampear. Quando passo lá, por volta de 12:20, ele me diz que não pôde fazer isto porque "estava com muito serviço".

2. Conversando com minha cunhada, que é do meio jornalístico-publicitário, ela me conta que é habitual, em MG, o comportamento seguinte: empresários se comprometem com eventos, assinam, e depois saem fora dizendo que não têm qualquer obrigação em comparecer.

3. A mesma cunhada - grande cunhada! - ainda me conta como é difícil trabalhar com os (supostos) capitalistas mineiros. Se você precisa de algo para segunda-feira, desista. Mesmo que você fale com o sujeito na sexta-feira, enfaticamente, ele vai te deixar na mão na segunda com uma desculpa do tipo: "ah, não deu não".

Enfim, não é de hoje que vejo a incompetência do setor "serviços" mineiro. Tendo morado em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, além de Belo Horizonte, pude ver a diferença entre a qualidade dos serviços desta capital com, por exemplo, a fronteira, digamos, tecnológica, que é São Paulo.

Minha cunhada diz que é o mercado daqui que é ruim e que, sendo tão pouco profissional, não exige mais deste povinho ruim de serviço. Eu gosto desta explicação, mas ela não me deixa confortável porque eu não sei o que, exatamente, neste mercado, causa isto.

Palpites?
O que reelege alguém? Pergunte ao Ari

Isso mesmo. Há dois artigos dele (em um deles eu colaborei) aqui, sobre o assunto.

O bom teste da teoria é ver os resultados das eleições de hoje e pensar um pouco sobre elas...

Links: Globo Online
Quem bate mais no filho? Pai ou mãe?

Uma feminista provavelmente urraria de raiva ao ler que (registre-se e leia): De um total de 218 denúncias de violência contra crianças e adolescentes recebidas em julho, 191 tiveram os agressores identificados. As mães foram apontadas como agressoras em 107 casos (56%); seguidas dos pais com 44 denúncias (23%); padrastos e madrastas com 20 casos (10%); avôs e avós com sete informes (4%); tios e tias com seis (3%); irmão e irmã mais velhos com quatro (2%); e outros agressores não identificados com três casos. As agressões físicas contra crianças e adolescentes somaram 124 casos, 57% do total. Depois aparecem negligência, com 72 casos (33%); violência psicológica verbal, com 15 (7%); cárcere privado, com quatro (2%); e violência sexual, com três (1%).

Há vários aspectos a serem ponderados neste caso de explícita concentração da violência nas mãos das mamães. Primeiro, a educação tem sido uma falha das famílias na última década. Filhos que hoje são universitários se vêem como seres maravilhosos, tão inteligentes e bonitos que não precisam estudar. Sem falar do que vi uma vez - e repreendi: dois alunos jogando giz na faxineira (na PUC-Minas) só porque...ela era faxineira.

Em segundo lugar, é óbvio que cada mãe tem o direito de tratar o filho do jeito que quiser. A educação familiar é função da família, não do Estado (exceto em Cuba, Coréia do Norte e na cabecinha de alguns políticos brasileiros). Assim, uma dúvida que fica é: quanto destas denúncias são choradeiras de meninos mimados?

Claro, finalmente, estatísticas como estas são limitadas e não me dizem muita coisa. Botar o menino ajoelhado no milho é um castigo, na minha opinião, bem normal, leve e sem maiores consequências. Outra coisa é bater a cabeça da criança na parede.

Enfim, um bom tema para as feministas e para nós, pessoas normais. :)
O que é a boa economia política?

Como explicar este trecho da coluna do Gaspari de hoje?

As vozes e os silêncios do IBGE

Em dezembro do ano passado, o IBGE recalculou a esperança de vida do brasileiro com base nos dados do Censo e num trabalho conjunto com a ONU. Ela pulou para 71 anos e provocou brutais alterações no tempo que o trabalhador deve ficar na ativa até se aposentar. A aplicação dos novos números pelo Ministério da Previdência criou absurdos. Um bípede que em novembro podia se aposentar com R$ 1.000 e decidiu trabalhar mais um ano para ficar com R$ 1.135 micou feio. Trabalhará mais para ganhar menos. Ralará doze meses e se aposentará com R$ 940.

Não ocorreu ao IBGE alertar a choldra para esse efeito direto da nova tábua de esperança de vida. Seus diretores argumentam que não é tarefa de um instituto de geografia e estatística sair por aí enunciando causas ou conseqüências dos números que divulga. Certo.

Na quarta-feira, ao divulgar a Pnad com os números do primeiro ano de governo Lula (661 mil novos desempregados e um tunga de R$ 55, ou 7%, na renda média da patuléia), o doutor Eduardo Nunes, presidente do IBGE, assumiu o papel de explicador-federal:

“Foi o preço pago para equilibrar as finanças públicas, reduzir o perigo inflacionário e equacionar o problema da dívida externa”.

Se os doutores do IBGE acham que não devem falar quando seus números resultam numa tunga para os trabalhadores (sem que ela tenha sido inventada pelo Instituto), o doutor Eduardo não deve explicar a essência do que seria a política macroeconômica de Lula. O presidente dispõe de ministros, banqueiros e consultores ávidos por esse papel.

Ademais, o explicador chamou a ruína de “preço”, associando-a a uma sucessão de resultados virtuosos (equilíbrio das contas, redução da inflação e controle da dívida). É o caso de se ver se o raciocínio fica de pé noutra comparação: dois sujeitos estão descalços e cada um entra numa loja. Um escolheu a Paul Stuart, em Nova York, e pagou US$ 575 (R$ 1.725) pelos seus sapatos. Outro vai na Sapataria Central, em São Miguel Paulista, e paga R$ 60 (US$ 20). Ambos calçaram-se e pagaram o preço. A diferença esteve na escolha da loja.

O doutor Nunes tem todo o direito de falar o que bem entende. Espera-se que tenha algo a dizer quando os aposentados estiverem a caminho de uma nova tunga. Talvez não ajude o governo, mas exercitará sua misericórdia.


Fácil. Leia, por exemplo, este livro: Amazon.com: Books: Special Interest Politics.