sábado, maio 15, 2004

Humor

Esta, do blog "Se.liga.com.BR" é genial.

Segunda-feira, 10 de maio de 2004

Mantega: Há interesses de grandes grupos empresariais na matéria do New York Times

Concordo plenamente! Ipioca, 51, Velho Barreiro e todas as demais do ramo das bebidas destiladas estão interessadas na matéria do NYT...

Afinal, não é sempre que se tem um garoto-propaganda desse porte.

Não confunda, leitor: há duas piadas aqui. Uma, do autor do blog, genial, sobre que interesses seriam estes. A outra, não-intencional, é do próprio Mantega. Como é que um ministro de estado me solta uma hipótese desta? Só rindo.

Este foi o momento de humor de sábado neste blog. :D
Amigos de Lula (I)

O Gilson achou esta notícia. Como podemos ver, o presidente do Brasil não está sozinho no "cala-boca" que aplica a quem discorde de suas opiniões. Ele está em boa companhia. Tem o Gushiken, o jornalista André Singer, e......Olusegun Obasanjo.

Ei, espere! Quem é Olusegun Obasanjo? É do PT de Maceió? É militante com emprego garantido em Brasília na última leva de cargos de confiança? Nãoooo!

Gente, mais respeito! É outro presidente! Da Nigéria.

Ganhador do Nobel preso com manifestantes na Nigéria

Lagos - A polícia nigeriana usou gás lacrimogêneo e prendeu dezenas de manifestantes, incluindo o ganhador do Nobel de Literatura Wole Soyinka, durante uma passeata pacífica na capital econômica do país. Soyinka, um oponente das ditaduras militares que precederam o atual governo, tornou-se também um crítico do presidente Olusegun Obasanjo, acusando o governo atual de ter reduzido o país a um estado de anarquia.

O escritor estava entre as 500 pessoas que participavam do protesto em Lagos, organizado por grupos de defesa dos direitos humanos e representativos da sociedade civil para pedir a renúncia da administração. A polícia disparou gás lacrimogêneo contra a multidão depois de 15 minutos de passeata e dezenas foram presos, incluindo Soyinka.

O filho do escritor, Makin, disse que a polícia justificou a prisão do ganhador do Nobel de 1986 porque Wole Soyinka tomara parte num “comício ilegal”. No início do mês, as autoridades proibiram todas as manifestações públicas, alegando “violação de segurança”.

O presidente Olusegun Obasanjo, cuja eleição em 1999 pôs fim a 15 anos de ditadura militar, foi reeleito em abril de 2003, num pleito denunciado pela oposição como fraudulento. Mais de 10.000 pessoas já morreram em conflitos étnicos e religiosos na Nigéria desde 1999.
Com quantos paus se faz uma canoa?

Esta pergunta, sob diversas variantes, pode ser uma boa desculpa para alunos preguiçosos ou um bom início para pesquisadores curiosos.

Um deles resolveu verificar o ônus da vitória. Aí está o link junto ao, como sempre, gráfico.


Fonte: RAND Review | Summer 2003 - Burden of Victory
Onde estavam nossos pedagogos quando lhes ensinaram Estatística for dummies?

Certamente não estavam fazendo seu dever de casa. Senão, teríamos como verificar a evolução do nosso ensino.

Fifty Years of Homework

Do students have too much homework? Do they have too little? Public opinion about homework has been contentious throughout the 20th century. However, the figure below, created by examining major national surveys over the past 50 years, shows there was no "golden age" when American students did massive amounts of homework. Except for a temporary spike in the amount of homework done during the post-Sputnik years, the trend has remained essentially flat. Today, only about one high school student in eight spends more than two hours per day on homework; that share was no higher in 1948 than it is today.


O gráfico da matéria é este:


E, claro, a fonte é o RAND Review (link fixo ao lado)
Terror

Quando Bin Laden consegue alterar a eleição na Espanha, você se preocupa. Mas consegue ele destruir o crescimento mundial?

O link abaixo ajuda na resposta à esta pergunta.

FT-RAND-Janusian Terrorism Survey Analysis

Trecho: The survey revealed the level of concern the business community has about Al Qaeda and instability in the Middle East, and in particular the impact of the war in Iraq. A staggering 93% of respondents believed that the war with Iraq had increased the threat of global terrorism. With 88 per cent of organisations believing that Al Qaeda presents a higher threat than traditional forms of terrorism - including most notably against long-standing domestic terrorism across Western Europe, wherea remarkable 76 per cent were more concerned about al-Qaeda than domestic terrorism (at only 2 per cent - versus 22 per cent who viewed them 'about the same'). 83 per cent reported that they feel that the threat of terrorism will increase over the next two years (up from 74 per cent in 2003). It is apparent that business foresee turbulent times ahead.
Pirataria no mar: coisa do passado?


Fonte: Modern Day Piracy Statistics
Gostei da iniciativa

Já havia apontado um link fixo similar ao lado. Agora descobri este. Gostei.

Escola sem Partido .:Educação sem Doutrinação

sexta-feira, maio 14, 2004

Bem de Giffen: existe?

Um artigo curto - da American Economic Review - sobre o tema.

GIFFEN, HEINER, AND THE LAW OF DEMAND
O único estado do mundo que sequestra pessoas é....

A Coréia do Norte. E, novamente, o assunto é esquecido pela imprensa do país com a segunda ou primeira maior colônia de japoneses fora do próprio Japão (acho que o correto seria: "o país com o maior número de japoneses fora do Japão"...).

Vale a pena para o leitor que nada sabe sobre o assunto.

Japan PM to visit North Korea to discuss abductions, nuclear issue: "Tokyo believes scores of its civilians may have been kidnapped during the Cold War and wants a proper investigation.

Only five of the 13 Pyongyang admitted to abducting survived and have now returned home. Tokyo also wants the families of the five still in North Korea to be allowed to settle in Japan with the former abductees."
Governo "conserta" a bobagem UPDATED(?)

Trecho: O correspondente do jornal The New York Times, Larry Rohter, retratou-se na tarde de hoje perante o Ministério da Justiça por conta da reportagem que insinuava que o presidente da República é alcoólatra. Lula aceitou a retratação e retirou o pedido de cassação do visto.

Em tempo: se qualquer presidente quiser me expulsar deste (ou de qualquer outro) país algum dia, deve se sentir à vontade. Eu não mudo de opinião por causa de um sujeitinho qualquer, mesmo que ele seja um presidente de um país (quer ele o governe ou não).


UPDATED!!! - Aparentemente, o jornalista NÃO PEDIU DESCULPAS. Embora o portal Terra (fonte da notícia acima) tenha citado uma suposta retratação, outros sites mostram que a história não foi bem assim.

Com a colaboração da mídia amiga — que consome altas doses de oficialismo e se deixa embebedar pelo poder —, o Planalto transformou em pedido de desculpas o que é não mais do que um requerimento dos advogados de Larry Rohter encaminhado ao Ministério da Justiça. No documento, eles pedem que seja revista a decisão de suspender o visto do jornalista. Em nenhum momento, escrevem-se as palavras “desculpa” ou “retratação”, conforme quis fazer crer o governo no fim da tarde. O que os advogados fazem é expressar o respeito de Rohter pelo país, pelo presidente e expor as suas credenciais de profissional respeitado. Segundo o texto, Rohter não teve a intenção de ofender o presidente. Num trecho do requerimento, asseveram os advogados que seu cliente lamenta os contratempos criados pela matéria publicada no The New York Times. E só. Se alguma dúvida restava a respeito, ela foi dirimida por Toby Usnik, porta-voz do jornal, que se disse satisfeito com a revogação da punição, reiterando, no entanto, que a petição não contém nem pedido de desculpa nem retratação. Diz o comunicado oficial do Times: “Sustentamos que nossa história estava correta e era justa, a exemplo do que afirmamos ao longo da semana. Ainda que expressemos pesar pela controvérsia política gerada pela história, nossa petição ao governo não conteve nem uma desculpa nem uma retratação”. Ou seja: o Times reiterou o que já havia dito ao embaixador brasileiro em Washington, Roberto Abdenur, o que motivou a ira de Lula, insuflada por Luiz Gushiken, Celso Amorim e André Singer. Aliás, em texto publicado nesta quinta na Folha de S.Paulo, em que defende a punição, Singer usa como principal argumento a negativa do jornal em se retratar e em se desculpar. Então, o que mudou? A decisão de cancelar a cassação do visto de Rohter foi tomada depois de uma conversa, por telefone, de Márcio Thomaz Bastos (Justiça) com Lula.

Ou seja, cada vez mais acho que eu e o Gilson temos razão: a imprensa brasileira não é anti-Lula (ou anti-PT). Ela é amigona do poder. E isto, realmente, merece um estudo sério. Afinal, até aqui, o discurso da "imprensa-que-ama-o-poder" era monopólio do partido do governo. Basicamente, o argumento seguia alguns chavões como: "a imprensa noticia fatos internacionais para disfarçar a fome no Brasil" ou "a imprensa apóia todos os candidatos menos o nosso porque quer prejudicar nossa campanha".

Aparentemente não é assim que funcionam as coisas. O governo mudou e a imprensa continua dependendente de Brasília. Antes de pedirmos aos partidos politicos que abram suas contas, que tal pedirmos aos veículos da imprensa que nos mostrem quanto de sua receita vem de verbas publicitárias oficiais? Com a palavra, Gilson.
Nova Série Histórica: número de jornalistas expulsos do Brasil

1970 - François Pelou (Gen E. Garrastazu Médici)
1971
1972
1973
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004 - Larry Rother (Luis I. "Lula"da Silva)

Leitor, desculpe-me. Mas não resisti a colocar a série histórica inteira. Repare que, em 1970, estávamos sob um governo militar, o que não ocorre em 2004.
Procuram-se economistas rurais sem compromisso com a ideologia (ou com a expulsão de jornalistas, he he he)

Eu não conheço o Xico Graziano. E nem me agrada mais falar de PSDB. Mas este artigo do Xico Graziano vai ao ponto. Como não sou economista rural, fiquei com a pulga atrás da orelha.

Afinal, onde estão e quantos são os latifúndios brasileiros?

Quem souber responder com precisão esta pergunta, favor comentar.

O MST transformou o latifúndio no bicho-papão da agricultura. Usa seu nome para assustar a Nação. Cria, com seu grito de guerra, um clima de medo no campo. Como se não bastassem os sacis-pererês e as mulas-sem-cabeça, surge na roça um fantasma.

O latifúndio, realmente, não granjeia a simpatia de ninguém. Afinal, com tanta injustiça no mundo, fome e miséria campeando, quem defenderá a terra ociosa, o trabalho servil, o coronelismo mandão? Nem a velha TFP ou a recente UDR se alinham com o atraso. A luta contra o latifúndio, por isso, virou unanimidade nacional. Burrice?

Pode ser. A tese contra a terra ociosa é correta, mas a causa, questionável.

No passado, era verdade, a oligarquia rural freava o progresso. Hoje, os agronegócios impulsionam o desenvolvimento do País. Bradar contra o latifúndio representa um grito perdido. Um berro fora de hora.

Estudiosos sabem aquilo que o senso comum está descobrindo: a agropecuária segura o crescimento da economia, graças aos investimentos em tecnologia e aos ganhos de produtividade, que batem recordes sucessivos. O antigo sistema latifundiário se transformou numa economia agrária pujante, que assusta o mundo com seu vigor.

O MST, porém, não se curva à realidade. Repete sua cantilena e afirma que só sossega quando destruir o latifúndio. O Incra, por sua vez, indica em seu cadastro milhões de hectares improdutivos. Mas não acha terras suficientes para desapropriar, empacando a reforma agrária que ele próprio anuncia. Vai assentar onde?

Procuram-se latifúndios - assim se poderia chamar uma campanha nacional para acabar com essa teima, esse verdadeiro massacre de informações desencontradas. Onde estão esses malfeitores rurais? Há ou não latifúndios no Brasil?
Passamos dos 1000!

Passamos dos mil posts!

E, na esteira da comemoração, um novo link fixo. O da página do economista José Roberto Rodrigues Afonso. Trata-se de um dos maiores especialistas em federalismo fiscal do Brasil. Na minha dissertação eu aprendi, com seus textos, o quão pouco eu sabia sobre o tema.

Para comemorar os 1000 posts, que tal comentários dos nossos leitores, mesmo os que nunca deixam comentários? (e/ou uma cervejada?)

Nesta caminhada, colegas sumiram (Ronald, André), outros vieram (Ari, Gilson) e outros permaneceram (eu, Leonardo Monasterio).

É isto aí, gente. Estes números, 100, 1000, etc, sempre mexem com a gente. Bem, obrigado pela sua paciência, (e)leitor(a).
O sentido da vida é 42! E daí?

O título deste post faz referência ao clássico livro de DNA (Douglas Noell Adams), recém-reeditado e fortemente, entusiasticamente, insistemente, etc-mente recomendado aqui.

Da mesma forma, eu sempre falo que democracia é importante para o desenvolvimento econômico. Eu já ouvi falar de alunos de faculdade que acham que o bom mesmo é a ditadura (acreditem! Existe isto!!!). Aliás, talvez a existência deste tipo de opinião se dê à leitura descuidada sobre o tema.

Recorro, então, ao meu filósofo favorito (do qual o "Solidão da Cidadania" é um livro que só dou de presente a amigos de verdade...quando o acho para comprar), Alberto Oliva que, com seu conhecido poder explicativo verbal e escrito, não podia me ajudar mais a divulgar a idéia correta para o leitor deste blog.

Aí vai o link, com um trecho.

Na América sofrida, a democracia continua mal compreendida. Não sendo pela maioria avaliada pelo que é - uma forma de governo – passa a ser injustamente tachada de inepta por não se mostrar eficaz no equacionamento das carências materiais das pessoas.

A frouxidão conceitual muito contribui para que se aplique o verbo democratizar a praticamente tudo. Incumbiria à democracia propiciar o acesso a quase tudo. Desse modo, é natural que se culpe a democracia pelos entraves que impedem o amplo acesso a alguma coisa. Passa até a ser responsabilizada pelo agravamento de problemas que não são de sua alçada. As elites políticas latino-americanas raramente demonstraram convicções democráticas na corrida pelo poder. E os intelectuais, predominantemente socialistas, sempre mostraram propensão a desqualificar a democracia como ardil burguês criado para ocultar a dominação econômica. Sendo a política considerada epifenômeno da economia, a única coisa que importa é mudar o modo de produção. Todo o resto é ornamento dispensável.

A tudo isso se soma uma história marcada por surtos autoritários que sempre exploraram a fé das massas na vinda do salvador da pátria. O personalismo, ao enfraquecer as instituições, contribui decisivamente para a depreciação da democracia. Não fosse a combinação de todos esses fatores, Chávez e Fidel não estariam maltratando a democracia e sendo por tantos aplaudidos. Os ditadores não se formam do nada, por abiogênese; são gestados por determinadas estruturas sociais e certos tipos de pensamento.


Leia mais clicando no trecho acima. Alberto Oliva não é leitura que se despreze (deixa ele ler isto....he he he).
Servidão

Lembra, leitor, sobre os dias de servidão? Bem, eu, Ari e meu ex-orientador estamos trabalhando no tema de forma mais científica. Há um resumo, que eu fiz, para leigos, que estará disponível na página do Instituto Liberdade (www.il-rs.com.br) logo.

Os cálculos atuais foram feitos com ajuda de alguns leitores como o Davi, aluno da UFPel. E o IBPT lançou outra estimativa recente que não difere muito dos nossos cálculos. Veja o link abaixo para um resumo. Se quiser ler mais sobre isso aqui no site, consulte nossos "archives" aí ao lado.

Segundo informações do Instituto Brasileiro do Planejamento Tributário (IBPT), o contribuinte brasileiro terá de trabalhar até o próximo sábado (15.05) apenas para conseguir pagar todos os tributos (impostos, taxas e contribuições) que lhe são exigidos pelos governos federal, estadual e municipal.
A quem interessa a expulsão de Rohter?

A liberdade de imprensa é vital para o bom funcionamento da democracia. A democracia, embora não seja o único regime que gere prosperidade econômica, é o que melhor correlação tem com a mesma.

Adicionalmente, os críticos da democracia (burguesa) costumam se irritar quando se lhes colocam uma mordaça na boca.

Pois bem. Dito isto, o episódio de Rohter faz parte do que este blog pretende tratar: economia. Melhor ainda, economia política, no sentido moderno do termo, que não enxerga na matemática um "instrumento de dominação capitalista-burguês".

Neste sentido, esta matéria é esclarecedora. Afinal, por que tanto barulho por causa de uma caninha? Não é desproporcional a reação do partido governista a uma matéria - até ruinzinha - de um jornalista? Na era militar, não se prendeu qualquer integrante da redação do "Pasquim". Claro, os tempos eram duros e Paulo Francis preferiu não arriscar, exilando-se em New York (moçada, é New York. A não ser que você queira ler no The New York Times uma matéria sobre Gay Harbor, ao invés de Porto Alegre ou Beautiful Horizon, Saint Paul, etc).

A economia política do autoritarismo nos ensina (ver, por exemplo, os trabalhos de Ronald Wintrobe) que ditadores podem, sim, agir racionalmente. Custos e benefícios contam em suas ações.

Há algumas perguntas sobre a imprensa brasileira cujas respostas são difíceis de se obter. Mas pistas existem.

(i) Por que tanta candura com o(s) presidente(s)? - Há um viés socialista (nos EUA seria "liberal", porque lá "liberal" é sinônimo de social-democrata ou de socialista, conforme a interpretação) na imprensa até o ponto em que se pisa em seu calo. Neste sentido, a ajuda do BNDES à Globopar (apontada pelo Gilson) mostra bem como o governo pode favorecer alguns amigos em troca....de sua, digamos, concordância tácita em alguns aspectos.

Claro que você nunca verá um absoluto alinhamento entre ambos. E isto não se deve tanto a alguns jornalistas corajosos, embora eles possam existir. Deve-se ao fato de que jornalistas e presidentes querem atender ao máximo de consumidores possível. Ou seja, buscam diversificar suas matérias de forma a não espantar seus (e)leitores.

Além disso, lembre-se que uma coisa é auto-censura da imprensa, algo bastante aceitável, outra é censura governamental, que é opressão. Uma imprensa verdadeiramente livre apresentará seus interesses aos consumidores de forma simples: aqueles que são a favor do governo censurarão os maus atos do mesmo mas, seus concorrentes cuidarão de contrabalançar estes efeitos. Por isso a imprensa norte-americana, com todos os seus problemas, é uma das melhores do mundo. Se você quer ser contra Bush, veja a CNN. Se quer ser a favor, veja a Fox. Simples assim.

(ii) Por que tanto barulho contra a expulsão? - Jornalistas são corporativistas. Segundo um assessor de imprensa que conheço, trata-se de uma das classes mais corporativistas que existe no Brasil.

Quem não é do ramo não conhece os boatos sobre o porquê de professores de Economia da PUC-RJ terem parado de colaborar com a Folha de São Paulo (não sei se isto continua, mas até 1998 ou 1999 isto acontecia). Rezam os boatos que isto se deveu a uma entrevista com o prof. Edward Amadeo (se não me falha a memória) na qual suas palavras foram todas distorcidas. Após inúteis protestos, os seus colegas (e ele) teriam resolvido não entregar seus artigos a jornalistas pouco escrupulosos. Assim, jornalistas contra a expulsão não é sinônimo de democracia da classe.

Não confunda, leitor. Isto pode existir, mas há sempre o problema de dois pesos e duas medidas. Por que alguns muçulmanos se revoltam com prisões no Iraque e aplaudem decapitação de americanos? Porque não são, verdadeiramente, democratas. Gilson poderia, como sempre, dizer: "eles têm seus motivos". Podem ter. Mas isto não muda o fato de terem dois pesos e duas medidas.

(iii) Por que tanto barulho a favor da expulsão? - Bem, há vários motivos. Embora tenham sempre feito o discurso dos "oprimidos", a patota do governo sempre foi dura na "limpeza étnica" da imprensa no RS. Tanto Rohter como o gaúcho Diego Casagrande (e também o Barrionuevo, antigo (?) colunista do Zero Hora) cansaram de denunciar perseguições no RS. Aliás, lembro-me que o Sindicato de Jornalistas daquele estado nunca os apoiou, o que nos remete aos dois pontos anteriores.

Mas há mais por trás disto. Aparentemente, Rohter irritou os donos do poder. Ele nunca deixou de citar o caso de Celso Daniel, cujo assassinato o partido situacionista continua incomodado quando chamado à discussão. Jornalistas, ativistas de Direitos Humanos, MST ou CNBB e tradicionais organizações que a gente sempre vê presente em matérias sobre conflitos no campo ficam ensurdecedoramente silenciosas quando se toca neste assunto. Dois pesos, duas medidas? Pode ser. Mas o fato é que Rohter criticava o governo.

Rohter também criticou o descalabro do programa aeroespacial brasileiro. Mostrou problemas que chegavam a ser estúpidos (leia a matéria do Primeira Leitura) no mesmo.

Concluindo, Rohter não fez um gesto feio para as câmeras da Polícia Federal. Rohter mostrou a feiúra do governo para a imprensa mundial. Também fez uma entrevista com Brizola que falou sobre algum graud de alcoolismo maior ou menor do presidente. E por isto, claro, ele poderia ser processado (embora eu ache um exagero). Mas o governo "participativo", "democrático", "progressista" ou "popular" (como normalmente o denominam os seus seguidores) oPTou (não resisto à ironia..he he he) por expulsá-lo.

O retrocesso democrático é visível. É também perigoso e nunca é demais lembrar a imprensa livre só funciona se for realmente livre. Vale dizer: (i) deve depender pouco ou quase nada dos cofres do governo (= meus impostos) e (ii) deve existir garantia de absoluta liberdade de opinião.

Se não for assim, claro, você ainda poderia dizer que o governo é "ético" (esquecendo Waldomiro, Benedita e o perigoso caso de Celso Daniel). O problema é que a ética adotada é incompatível com os valores democráticos. O que nos leva ao início deste post. Instituições democráticas têm uma correlação razoável com crescimento econômico. Liberdade econômica, por sua vez, tem uma forte correlação com o mesmo e, finalmente, liberdades políticas andam junto com a liberdade econômica.

O mecanismo teórico, claro, é e sempre será alvo de estudos científicos. Mas, o fato de sempre se poder estudar um fenômeno social não significa que se pode abrir mão da liberdade individual para se "verificar um experimento".

A prova de fogo, no meio acadêmico (outro que possui viés?) é o seguinte: se eu quiser estudar este viés da imprensa, apresentar uma hipótese formal, um projeto cientificamente consistente (mais do que os de muitos que estudaram os anos de chumbo de maneira bem pouco científica), os órgãos públicos vão me financiar? Ou vão querer me expulsar do país?

quinta-feira, maio 13, 2004

Você sabe ler, escrever e contar. E isso, meu caro, não é sinal de inteligência

É sério. Não acredita? Então descubra o fantasma do analfabetismo funcional.

Não são poucos os alunos que apresentam sintomas deste mal. E há cura. Basta estudar.
Lulinha paz e amor x Lula truculento: Ideologia importa?

Eis aí uma boa matéria. O marketing oficial, claro, é o de "soberania nacional ofendida". Mas o que é engraçado (se é que tem graça nesta história....que apenas repete o que aconteceu no RS, na era Dutra) é o contraste entre as atitudes da presidência, nesta semana de ataque à liberdade de imprensa e a campanha que falava de "Lulinha Paz e Amor".

Começo a achar que Duda Mendonça se especializou em casos perdidos. he he he

O porta-voz disse, ainda, que há compromisso férreo do governo brasileiro com a liberdade de imprensa e argumentou que se trata de um caso isolado. “Não há qualquer hipótese de cerceamento da liberdade de imprensa no Brasil. Esse episódio não diz respeito à liberdade de imprensa, e sim à responsabilidade necessária para divulgação dos fatos. A reportagem incluiu ofensas ao presidente sem utilizar fontes confiáveis, era constituída de invencionices e de má-fé”, afirmou.

André Singer apenas se esqueceu das frases decisivas no final do parágrafo acima: "É um caso isolado, e ainda bem que não sou eu. Outros casos isolados não terão o mesmo tratamento".
A Indústria de Defesa da China

TV, ar condicionado e algumas balas?

Confira: China's Military Backed Enterprises Hit The World Market

quarta-feira, maio 12, 2004

Ainda a liberdade de imprensa

Ainda em apoio ao Gilson e em solidariedade a diversos jornalistas gaúchos que vi sofrerem com atitudes similares, há também mais gente abrindo os olhos para o problema da liberdade de imprensa no Brasil.

Liberdade EFETIVA. Ou seja: se a imprensa quer se auto-censurar, ok. Se é censurada pelo presidente de plantão, então não vale.

A organização Repórteres sem Fronteiras protestou contra o anúncio feito pelo Ministério da Justiça brasileiro sobre a expulsão de Larry Rohter, correspondente do New York Times em Brasília. A organização solicitou que as autoridades "ajam com sensatez", anulando a medida.

"Estamos surpresos com esta decisão, que consideramos indigna de um regime democrático. Sobretudo, ela pode causar um prejuízo maior à sua imagem no exterior que o próprio conteúdo do artigo incriminado", ressaltou Repórteres sem Fronteiras em uma carta ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Os processos de difamação devem ser julgados diante dos tribunais. Este tipo de medida autoritária não resolve nada : com a expulsão de Larry Rohter, o Brasil não prova nada. Além disso, essa medida poderia coagir à autocensura os correspondentes da imprensa estrangeira, que sabem, doravante, que correm o risco de serem expulsos quando falarem do Presidente", acrescentou a organização que também solicitou uma entrevista ao embaxaidor do Brasil na França.

Repórteres sem Fronteiras lembrou que existem no Brasil problemas de liberdade de imprensa mais graves, como os assassinatos, no final de abril de 2004, de Samuel Roman e José Carlos Araújo, dois jornalistas de rádio dos Estados de Mato Grosso do Sul e Pernambuco.
O jornalista brasileiro deve ter medo de ser feliz?

Na Primeira Leitura de hoje, logo mais, bons artigos sobre o autoritarismo do governo.

Até agora, o ministro da Justiça se disse estupefato (ponto positivo para ele), o das Relações Exteriores acha que tem de expulsar mesmo (ponto negativo para ele) e o pesadelo de vários jornalistas gaúchos durante a era Dutra parece estar ocorrendo em escala nacional.

Quem me conhece sabe que até de "exagerado" fui chamado quando contava as histórias que vi em Porto Alegre sobre a relação tensa entre o partido do presidente e os jornalistas.

Bem, agora não sou mais eu. É o mundo inteiro. Desta vez não sou o único a dizer.

E o Gilson levantou uma questão importantíssima. Leia o post dele aí embaixo.

Goste ou não do Diego Casagrande, este trecho está corretíssimo: No Rio Grande do Sul, sede do site DiegoCasagrande.com.br, os gaúchos conheceram, de 1999 até 2002, como funciona a democracia dos que hoje habitam os palacetes de Brasília. Aqui, pelo menos duas dezenas de jornalistas foram perseguidos de forma sórdida, com ações que iam de sucessivos processos na justiça até pressões para que fossem demitidos, numa campanha vil e sem precedentes patrocinada por um governo no estado . O governador era Olívio Dutra (PT), hoje ministro das Cidades de uma administração que expulsa aqueles que o criticam. Pelo jeito, está no lugar certo e sentindo-se em casa. O Brasil, os brasileiros e a imprensa nacional começam a conhecer o viés fascista e prepotente que os gaúchos já viram e, apesar de todo o aparelhamento da máquina do estado do Rio Grande do Sul, repudiaram nas urnas.
Gol, DAC e o preço predatório

O argumento menos claro para uma política antitruste é, sem dúvida, o de preço predatório. Vejamos os fatos no caso da GOL.

Fatos:

Com algumas restrições, como comprar com dez dias de antecedência ou permanecer dois dias no destino, passagens para trechos como São Paulo-Salvador ou Rio de Janeiro-Recife foram vendidas durante algumas horas do dia por R$ 50, mais taxa de embarque. De acordo com a Gol, 30 mil bilhetes foram vendidos e a empresa irá honrá-los.

A Gol não revela quantos assentos havia colocado à disposição para cada trecho - comenta-se no mercado que em alguns vôos esse número não passaria de meia dúzia. A promoção estava ainda restrita a alguns dias da semana e a compras feitas pela internet ou nos balcões da companhia nos aeroportos. No final do dia, a Gol divulgou uma nota afirmando que iria procurar o DAC para ''apresentar as planilhas que fundamentam a promoção''.


Definição de "preço predatório":

The predatory pricing argument is very simple. The predatory firm first lowers its price until it is below the average cost of its competitors. The competitors must then lower their prices below average cost, thereby losing money on each unit sold. If they fail to cut their prices, they will lose virtually all of their market share; if they do cut their prices, they will eventually go bankrupt. After the competition has been forced out of the market, the predatory firm raises its price, compensating itself for the money it lost while it was engaged in predatory pricing, and earns monopoly profits forever after.

Os problemas deste argumento:

1. Demagogia política (Stigler): algumas firmas acusam os concorrentes de praticarem preço predatório. Mas, como sabem os custos? Embora você possa medir os custos explícitos, deve considerar, na verdade, os custos implícitos. Sem isso, não há como saber se o preço é "predatório".

2. Advogados podem ganhar uma boa grana com este processo...às custas do bem-estar social.

3. Gente que não gosta de mercado (o governo atual até contrata militantes do seu partido!) ganha com isto, fazendo o discurso anti-mercado, pró-estado.

Detalhes? Leia este texto. Agora, vem cá, se você não lê em inglês, não vá acusar quem lê de praticar concorrência "predatória"...

No caso específico da GOL:

Qual é a estrutura de mercado de aviação de passageiros? Bem, eu não tenho esta informação, mas eu diria que a decisão do DAC - sob a capa burocrática de um prazo de cinco dias - foi incompatível com a concorrência, princípio que guia as ações de órgãos antitruste.

Haja visto que o governo injetou dinheiro público para salvar duas empresas como a VARIG e a TAM (quem assistiu South Park ontem viu algo exatamente igual no episódio), proibir o concorrente de fazer uma promoção que nem é tão ampla assim, já que restrita a alguns horários por causa de um prazo de cinco dias (quantos dias levaram para aprovar a fusão da VARIG-TAM? Cumpriram os prazos? Faltou a cópia de algum documento? Eu aposto que houve problemas também).

É claro que preço predatório pode ser um problema. Mas o curioso desta situação é que a empresa pequena é acusada de praticar preço predatório contra um recém-formado quase-monopólio do setor (com as bençãos do governo, o mesmo patrão do CADE e do DAC).

Opiniões?
A ressaca autoritária

Ok, a reportagem do NYT é um lixo. Lula não é alcoólatra (pelo menos, a tal "imprensa manipuladora" nunca comprovou isto). O que você faz? Cassa o visto do jornalista. Reparo do governo: eles podem mandar outro jornalista, não houve ameaça à liberdade de imprensa.

Ou seja: eu fui ao bar, comi coxinha e não gostei. Matei o cozinheiro do bar. Não houve crime, pois eles podem contratar outro. Será que eu posso cassar visto de pessoas só porque falam mal de mim?

Lamentável? É. Mas esperado. Lembre-se de Heloisa Helena e Paulo Paim. Defenderam o que sempre foi discurso do partido e...

Cassação do visto de jornalista foi necessária, diz PT

Brasília - A decisão do governo de cassar o visto de permanência no Brasil do jornalista Larry Rohter, do New York Times, foi alvo de críticas dos parlamentares da base aliada e de oposição, mas recebeu apoio de parlamentares petistas, mais próximos do Palácio do Planalto, como os deputados Paulo Delgado (PT-MG) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do partido na Câmara.

terça-feira, maio 11, 2004

O IL-RS evolui!

...falando nos meus amigos do IL-RS, a partir de hoje, o IL-RS não é mais "Instituto Liberal do Rio Grande do Sul". Agora é "Instituto Liberdade" e, creio, começa nova vida.

Como um espectador (algo engajado) do desenvolvimento do IL-RS, eu só posso, de longe, desejar a todos (em especial as meninas da secretaria: Inês e Sônia e, claro, à Margaret) uma boa festa hoje.

A evolução do IL-RS é, para mim, uma esperança de que, de fato, a intelectualidade brasileira possa, em um futuro distante, deixar de lado a atual unanimidade (ao meu ver, limitadinha, limitadinha...tadinha...).

As atividades do IL-RS que eu presenciei desde meu primeiro contato (por coincidência, com o Zanella, para pedir-lhe um texto sobre federalismo que havia sido publicado no Diário do Comércio de BH para minha dissertação) sempre foram muito interessantes, ricas, intelectualmente falando e excitantes. A gente sente a liberdade pulsar perto daquela pequena e bela casa na rua Santa Teresinha, perto do Parque da Redenção.

Taí. Quando eu pisei lá dentro pela primeira vez eu o fiz sem medo de ser feliz. E nunca me arrependi.
Você sabe o que é Law and Economics?

Os meus amigos do IL-RS promovem este mini-curso há anos. Acho genial. Se você tem interesse e mora no RS, eis a dica: 03 a 06 de junho - 9a. Edição do Curso de Direito e Economia para Magistrados.
Segurança

Para você pensar.

INSEGURANÇA: O BRASIL CHEGOU NO LIMITE?
__Cândido Prunes*

Em reunião com os ministros da Justiça, da Defesa e da Coordenação Política, a governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus, acaba de celebrar um acordo de cooperação entre o estado do Rio e a União para enfrentar o problema da segurança no Rio. Entre as providências tomadas, as Forças Armadas irão para as ruas. Será que o elenco de medidas adotadas tratará de frente o problema ou apenas minimizará a sensação de insegurança no Rio quando até mesmo os quartéis das Forças Armadas se tornaram vulneráveis ao ataque de criminosos?

A população, compulsoriamente desarmada por uma lei aprovada pelo Congresso Nacional e pelo Presidente da República, ficou completamente indefesa, ante bandidos armados com granadas, metralhadoras, pistolas de grosso calibre e até minas, todos armamentos que sempre foram de uso privativo das Forças Armadas. A polícia no Rio de Janeiro (e em outros estados) encontra-se acuada, sendo ela mesma vítima de ousados ataques, inclusive "fuzilamentos", incapaz, portanto, de dar uma resposta rápida e eficiente quando necessário. Inteligência policial (no sentido de prévia coleta de informações, inclusive mediante a infiltração de agentes no submundo do crime) e capacidade de investigação nesses tempos de crise parecem ser nulas. O caso do assassinato de um casal de americanos em condomínio de luxo na Barra da Tijuca é um bom exemplo.

O percentual de atos criminosos cometidos no Brasil e que resultam em punição vem declinando nos últimos anos. Há delegacias de polícia em São Paulo – como já divulgado amplamente pela imprensa – que são incapazes de esclarecer um único homicídio de autoria desconhecida ocorrido em sua jurisdição. Milhões de vítimas de pequenos delitos simplesmente deixam de comunicá-los às autoridades policiais, pois não serão jamais investigados, e mesmo que o fossem, teriam remotas possibilidades de levar alguém até o banco dos réus. Mesmo crimes de maior potencial ofensivo deixam de ser comunicados à Polícia, pelo desalento da população quanto à eficácia de seu trabalho. Este ambiente de impunidade é o principal responsável pelo verdadeiro envenenamento do ambiente legal brasileiro e está na raiz da escalada do crime. A miséria, a pobreza e o desemprego, são meros coadjuvantes num cenário em que a impunidade é o principal personagem.

A deterioração do quadro fica ainda mais evidente quando se analisa a evolução do número de "vítimas de auto resistência", ou seja, de civis mortos pela ação policial no estado do Rio de Janeiro. Foram 289 mortes ao longo do ano de 1999. Em 2003 esse número mais do que triplicou: foram 1.195 mortos. Há uma sensação entre as pessoas de bem de que bandido deve mesmo morrer quando em confronto com a Polícia. Hoje parece que só o flagrante violento é capaz de deter a ação criminosa, uma vez que se deteriorou a confiança na investigação policial e no Judiciário. Mas isso é um ledo engano. Criminoso tem é que responder a processo, ser condenado e cumprir pena. Esses três estágios são indispensáveis para que se instaure um saudável ambiente de respeito a lei. O que assistimos hoje é um arremedo de justiça que só alimenta a violência.

A informação mais recente divulgada sobre esse quadro dantesco, no jornal ‘O Globo’, de 2 de maio do corrente, é verdadeiramente aterrorizadora. Nos últimos 10 anos registraram-se 39 mil desaparecimentos no Rio de Janeiro. Em 2002/03 o número de desaparecidos duplicou em relação à média dos anos anteriores. Há dois aspectos nesse número assustador que precisam de uma melhor reflexão: 1) nem todos os desaparecimentos de pessoas foram comunicados às autoridades, portanto o número real é maior do que este; 2) os desaparecimentos não entram na estatísticas de homicídios (Tim Lopes só engrossou o número de mortes ocorridas em 2002 depois que parte de sua tíbia – única parte corpo que não foi reduzida a cinzas pelos seus algozes – foi identificada através de um teste de DNA).

Assim sendo, o número aparentemente estável de homicídios dolosos cometidos no estado do Rio de Janeiro está na verdade mascarado. Primeiro, por excluir os desaparecidos (o que tecnicamente é defensável, mas que deveria ser sempre devidamente ressaltado). Não é difícil supor que a esmagadora maioria desses 39 mil casos resultaram em homicídios, ainda mais no ambiente de guerra civil vivido no Rio de Janeiro. Falta apenas achar os corpos, caso não tenham sido eficazmente incinerados pelos bandidos. Segundo, as estatísticas sobre desaparecimentos também estão mascaradas. O verdadeiro número nunca se saberá, mas é certamente maior do que os já estonteantes 39 mil casos. Somente no alto da favela da Grota, onde o pedaço da ossada de Tim Lopes foi encontrado, havia restos de outras 200 pessoas, quando a Polícia finalmente lá chegou. O local, macabramente conhecido por "microondas", servia para cremar as vítimas dos bandidos e traficantes. Duzentas pessoas antes de Tim Lopes tiveram os seus corpos queimados naquele local, sem que os seus autores fossem importunados pelas autoridades. Ou que fosse feita qualquer denúncia (se houve denúncia, aparentemente nunca se realizou uma investigação). Essa situação ainda leva ao desespero milhares de famílias, pois as probabilidades estatísticas de um desaparecido ter morrido é altíssima.

O desprezo à vida das pessoas demonstrado pela inoperância das autoridades constituídas (ainda que elas próprias tenham se tornado reféns da situação) é verdadeiramente assombroso. A situação tomou tamanha proporção no Brasil, sendo que no Rio de Janeiro é o local onde o problema se tornou mais evidente, que requer uma análise mais profunda. A solução está muito além de uma intervenção tópica do Exército no Rio de Janeiro, como ficou decidido nesta segunda-feira.

É necessário reavaliar os seguintes pontos e agir rapidamente (eles não estão elencados em ordem de importância, uma vez que a complexidade do problema acaba por interligar muitos deles):

1.

Impedir a "porosidade" das fronteiras com as ações efetivas sobre o contrabando de produtos que entram e saem ilegalmente do País (sem esquecer, por exemplo, que parte significativa da frota de veículos do Paraguai constitui-se de carros roubados no Brasil). Em relação às fronteiras mais problemáticas, a postura do Brasil deveria ser extremamente rígida, passando, se necessário, pelo seu fechamento puro e simples, até que o Brasil consiga mobilizar pessoas e recursos para adequadamente vigiá-las;
2.

Estabelecer claramente quais são as ligações existentes entre os traficantes e bandidos locais com a narco-guerrilha colombiana para que a Polícia Federal e o patrulhamento de fronteiras possam, com inteligência, combatê-la. Há vários fatores que indicam a migração desses elementos estrangeiros para o território brasileiro. Para citar apenas dois deles: o governo colombiano, com forte apoio norte-americano, está pressionando como nunca esses grupos de narco-guerrilheiros, que teriam toda a facilidade para transpor a fronteira amazônica brasileira. Em segundo lugar, a tentativa de resgate da senadora colombiana em território nacional, no ano passado, por um "comando" francês, constitui-se num fato que nunca foi adequadamente explicado;
3.

Reaparelhar as Forças Armadas, levando em conta a importância do patrulhamento das fronteiras e do mar territorial, para reprimir a invasão do território nacional por traficantes e contrabandistas. Hoje, estes são os grupos que ameaçam a soberania nacional;
4.

Revisar o Estatuto da Criança e do Adolescente, a fim de reduzir a idade de responsabilização penal. Com isso se revogaria o falso e perverso incentivo dado aos jovens que enveredam pelo mundo do crime;
5.

Revisar a Lei das Execuções Penais, de modo a permitir o cumprimento de penas em presídios de segurança máxima em locais remotos do território brasileiro, para bandidos com histórico de extrema violência e que não demonstraram bom comportamento prisional;
6.

Revisar o Estatuto do Desarmamento, a fim de permitir que os cidadãos honestos possam portar armas para se defender de bandidos (a Polícia poderia inclusive oferecer treinamento adequado para as pessoas honestas que desejam andar armadas). Evidentemente que as armas que eram de uso exclusivo do Exército, assim continuariam;
7.

Reformular o treinamento e os critérios de avaliação da atividade policial, mediante a introdução de práticas bem sucedidas em outros países, como as da política de "tolerância zero", visando a aumentar dramaticamente o seu grau de eficiência. Essa reformulação deveria incluir a unificação das polícias nos estados;
8.

Reformar o Judiciário, pelo menos para impedir que os crimes prescrevam devido aos processos que "não andam";
9.

Reformar o Estatuto da OAB, a fim de tornar possível punir com rapidez e segurança os advogados que se envolvem e se confundem com as atividades criminosas de seus clientes; e
10.

Reavaliar as prioridades do Estado, estabelecendo a suspensão de uma série de gastos enquanto não se atinjam níveis aceitáveis de segurança.

Como se vê pela listagem acima, o problema não está nas mãos de um único Poder. Passa pelos Executivos, Legislativos, e Judiciários da União e de cada um dos estados.

Enquanto uma avaliação e um elenco de ações mais profundas que enfrentem essas questões não se concretizar, não há esperanças de reversão desse quadro. Também dever-se-iam ignorar completamente as chamadas "causas sociais" para explicar a atual onda de criminalidade, pois servem apenas como cortina de fumaça e para imobilizar ainda mais o poder público.

Não há limites, infelizmente, para que a situação se deteriore ainda mais, ou melhor, caso os Poderes da República e dos Estados da Federação permaneçam neste estado de inércia, a barbárie e selvageria completa é o único horizonte previsível.


* Vice-Presidente do Instituto Liberal
Fonte: Editorial
Falem mal do ECHELON mas...

...aí vai um documento importante. O governo lançou um documento que chama de Política de Guerra Eletrônica de Defesa do Brasil. Vale a pena ler? Olha, vale. É meio chato este negócio de ler documento na linguagem de advogados, mas é importante.

Consequências econômicas (positivas) e sobre nossa liberdade (normativas)? Diversas, creio.

Comentários?
Caras-pintadas da era Lula


Fonte: DefesaNet

Comentário: Semear sonhos e mudar de discurso depois sabendo que não pode cultivar as plantinhas dá nisto...quem diria...
Eu, meu ego, myself e Irene (Irene?)

Hoje recebi um excelente elogio. Disseram-me que tenho uma ironia refinada. Discordei do "refinado" pois fiquei me imaginando todo pomposo e intelectualóide, discutindo Foucalt, Sartre e alguma receita de um daqueles pratos franceses que a gente olha, come e ainda passa fome.

Mas a parte da "ironia" eu gostei. Claro, no meu caso, beira ao sarcasmo (absoluto). Acho que faz parte da minha auto-crítica pessoal. De tão auto-crítico, às vezes eu tenho de rir um pouco.

Teorias de buteco? Com cer(v)teza. Mas, creia-me, leitor, é bom saber que meu humor ainda não morreu. É aquela coisa: perco o amigo, mas não perco a piada. Numa das colunas do finado e-zine 700km (ou numa auto-entrevista que fiz logo após ser aprovado nos exames de qualificação do doutorado, em 2001), eu lembro de ter resumido da melhor forma meu pensamento sobre o tema (profundo isto, não? uau! vou pedir diploma de filósofo de bar...): "o melhor da vida são os outros. Afinal, se não existissem os outros, de quem eu iria rir?"

Mas eu admito: devo muito também ao Estado Brasileiro. Sem suas políticas sociais, eu não teria muito material para rir da vida (ou chorar...).
Quer incerteza? Então...

Queixa-padrão de muitos: "o modelo não tem incerteza". Bem, duas soluções: jogar o modelo fora e mudar de profissão ou tentar fazer algo a respeito.

Aí embaixo vai um artigo que parece promissor. Pelo menos, ao ler o abstract, experimentei uma sensação de que o trabalho deve ser interessante...

A Bayesian Approach to Model Uncertainty: "Summary: This paper develops the theoretical background for the Limited Information Bayesian Model Averaging (LIBMA). The proposed approach accounts for model uncertainty by averaging over all possible combinations of predictors when making inferences about the variables of interest, and it simultaneously addresses the biases associated with endogenous and omitted variables by incorporating a panel data systems Generalized Method of Moments estimator. Practical applications of the developed methodology are discussed, including testing for the robustness of explanatory variables in the analyses of the determinants of economic growth and poverty."
Regulação: era Lula

Após anos de lento avanço na construção do marco regulatório, o novo governo parece estar pisando no próprio pé. Primeiro promove, com dinheiro público, a fusão da Varig com a TAM. Em seguida, proíbe que a única concorrente (de fato) baixe os preços?

Esta me deixou sem palavras. Eu ia beber um whisky para esquecer mas sempre pode haver um repórter do The New York Times por perto...

O DAC (Departamento de Aviação Civil) suspendeu a venda dos bilhetes promocionais da Gol Transportes Aéreos. A promoção previa a venda de bilhetes por R$ 50 para o período de 10 de maio a 4 de junho para 27 destinos.

A gente ensina o certo na aula e o governo nos mostra como pode piorar nossa vida. Pelo menos eu, que gosto de Public Choice, mostrei aos alunos que o governo pode falhar. Consciência tranquila? Mais que tranquila. Serena. Aguardando os "mea culpa" dos novos reguladores...:)

segunda-feira, maio 10, 2004

Contadores x Economistas: vitória dos últimos?

A palavra-chave aqui é EVA. Você sabe o que é EVA? Não? Então tenha uma idéia inicial lendo o texto a seguir: Dismal Scientists Score Another Win.

Depois você conclui sobre quem venceu esta batalha. Para mim, a resposta é óbvia. Ganha aquele que medir melhor o lucro econômico da sua firma.
Ainda Gianneti

O Gilson só não facilitou mais a vida para vocês porque não disse que o lançamento é na "Sala Juvenal" do Palácio das Artes, 10.05.2004, às 19:30.

Curiosamente, segundo a notícia, ele também autografará um outro livro, um tal de 'Ilha Deserta: Discos".
Humor: novamente

Gente, para quem não leu os últimos posts (o Leo, por exemplo, ficou obcecado apenas por um post), esta dica não deve ser desconsiderada!

Se você é um leitor de humor refinado (como o meu), tem bom gosto (como eu) e é modesto (como eu, claro), não pode deixar de comprar este livro: O Mochileiro das Galáxias, da editora Sextante.

Eu fui apresentado ao mesmo quando estava no mestrado (USP), pelo Ari (não me lembro o nome dele, Ari era o apelido....creio que era um nome incomum), do mestrado da Matemática (IME-USP, que carinhosamente chamávamos de HIMEN-USP :D ). Na época era editado pela Brasiliense. Passei exatamente 11 anos procurando este livro em sebos. Meu irmão comprou a versão em inglês, completa, com todos os volumes (a editora Sextante promete publicar todos os livros desta saga cósmica) e eu quase comprei o mesmo livrão que ele numa liquidação na UCLA em 2002.

Diz a lenda que o autor, Douglas Adams, foi roteirisita de vários filmes do Monthy Python. Não tenho certeza. Mas o tipo de piada deste livro é bem parecida.

Se você quer saber o sentido da vida, finalmente terá a revelação ao terminar este livro. E, pior ainda, verá que a vida vale a pena, mesmo que você não entenda bem o porquê de nossa existência.
Salvando o capitalismo dos capitalistas

Ainda não comprou este livro de Rajan & Zingales? Eu tive um tempo para ler mais capítulos do mesmo e ainda estou impressionado. É muito bom...

Tenho de reforçar o incentivo: compre e leia. É melhor que muita aula de Desenvolvimento Econômico, História Econômica, Macroeconomia ou Microeconomia (inclusive minhas aulas) que você vê por aí.

Se me der na telha, ainda formato um curso sobre direitos de propriedade e desenvolvimento econômico como matéria optativa.

É uma boa idéia, não?
Gerar externalidades negativas, mesmo sem querer, pode te colocar na cadeia

Pelo menos é o que pensa a Justiça líbia. Por que? Veja o trecho abaixo e depois siga o link para ver toda a notícia.

A Libyan court Thursday sentenced five Bulgarian nurses and a Palestinian doctor to death for spreading AIDS in a children's hospital, sparking fierce international reactions to a verdict that could damage Libya's improving ties with the West.

The accused were convicted of having deliberately infected more than 400 children with the HIV virus that can lead to AIDS by injecting them with tainted blood products. Forty-three of the children have since died.


Bulgarian nurses facing death penalty in Libya fear attack in prison
Teletransporte


Trecho: Who cares? Well, a lot of big businesses, because their discovery has moved unbreakable codes, superfast computers and communications inaccessible to cybercriminals a step closer.

Australian scientists claim breakthrough in teleportation

domingo, maio 09, 2004

Ministro da Defesa sob suspeita?

A ópera envolve: (i) uma importante instituição de ensino superior; (ii) um ministro de Estado, (iii) uma secretária.

E é de se preocupar.
Traduzindo a linguagem dos políticos

Esta eu vou ter de postar aqui porque não consegui parar de rir. Bem, a matéria é esta.

Resumo da ópera: Benedita da Silva, que estava no exterior viajando (lembra dela? Aquela que viajou com dinheiro público para um encontro de religiosos na Argentina), voltou e, claro, foi indagada sobre o Waldomiro Diniz, aquele sujeito que, após anos de denúncias, não gerou um pedido de CPI por parte dos antigos entusiastas da prática.

O que me divertiu foi este trecho: "A petista também negou que Luiz Eduardo Soares, seu candidato a vice em 2002, a tivesse avisado que Waldomiro pedia ilegalmente dinheiro de campanha. “Acredito que ele deve ter se equivocado”, afirmou. “Até porque não tratei de campanha. Tratei de governo. De campanha tratou o Partido dos Trabalhadores. Isso tem que ficar muito claro, porque não vou amontoar brasas sobre a minha cabeça. Então, mais uma vez vou reafirmar: eu não sou candidata de mim mesma. Só saio candidata ou assumo qualquer função ou cargo quando isso é articulado e combinado com o meu partido. Portanto, as responsabilidades são nossas. Não é responsabilidade da Benedita.”"

Muito confuso? Vou te ajudar: (i) Fulano está errado em dizer que eu nomeei Waldomiro porque "eu não tratei de campanha. Tratei de governo". Logo, a culpa é de ninguém, certo? Certo, porque (ii)"De campanha tratou o Partido dos Trabalhadores". Ou seja, Benedita deveria ganhar o prêmio Companheira do Ano. Ela consegue não ser culpada e jogar a culpa em ninguém, já que "Partido dos Trabalhadores" não é pessoa física. Aliás, pela semana que passou, provavelmente Paulo Paim não seria tido como "Partido dos Trabalhadores". Ou seria "Partido dos Trabalhadores" o ministro Dirceu? Ou ainda o assassinado Celso Daniel?

Em economês, o que a ex-ministra tenta fazer é dispersar custos e concentrar benefícios. A forma mais fácil de fazer isto é jogar a culpa em todos, menos nela. Dilui-se o custo da responsabilidade quando se fala de uma entidade que nada mais é do que a soma do número de militantes.

Mas não deixa de ser extremamente engraçado o trecho acima. A língua portuguesa é usada como subterfúgio para dispersar custos. Vou fazer um adesivo e colocar na janela: "Não tratei de campanha, tratei de governo. E isto quer dizer que se você me denunciar um cara que vou colocar no meu governo, eu vou estar surda".

Genial!
Se isto não é corrupção, então dê-me um novo Dicionário

Mais uma informação para confirmar minha crença na Escolha Pública mais elementar de livro: a de que políticos são sujeitos auto-interessados e ponto.

Aí vai.

Jornal O Globo - Colunista de O País: "Os donatários do PT Federal a quem foi entregue o Sesef criaram quatro novas diretorias (R$ 3,5 mil cada) empregaram 48 pessoas só no Rio (30% do quadro) e sacaram R$ 13 milhões do fundo da instituição. Prometeram ao Conselho do Serviço um plano para a aplicação do ervanário, mas até hoje ele não apareceu. Alguma coisa já foi gasta no patrocínio de pagodes, torneios esportivos e churrascos na Zona Oeste, onde está a base eleitoral o deputado federal Carlos Santana (PT-RJ), um ex-ferroviário. "
Ib Teixeira

O pesquisador aposentado do IBRE fala sobre as causas da violência e como combatê-la. Quer ler? Vai lá na coluna do Gaspari de hoje.